Troca de tiros entre policiais e Alex da Silva Barbosa, na noite de 14 de setembro, gerou sequência de atos violentos que resultaram na morte de oito pessoas em pouco mais de 12 horas.
Por g1 PE
Câmera de segurança flagrou momento em que suspeito de matar PMs recebe ajuda e foge após tiroteio em Camaragibe — Foto: Reprodução/TV Globo
Parte do tiroteio que deu início à sequência de mortes ocorrida entre os dias 14 e 15 de setembro em Camaragibe, no Grande Recife, foi registrada por câmeras de segurança. As imagens, obtidas pela TV Globo, flagraram o momento em que Alex da Silva Barbosa, o suspeito de matar dois PMs durante o confronto, fugiu do local. Segundo a Polícia Federal, ele não tinha permissão para circular com a arma que possuía em via pública.
A troca de tiros começou na Rua Dias Martins, no bairro de Tabatinga, na noite de 14 de setembro. O vídeo mostra uma pessoa ajudando Alex a deixar a comunidade. Nas imagens, é possível ver o suspeito, que estava sem camisa, entrando numa viela perto de uma área de mata.
Outro gravação, registrada às 19h42 do dia 14, mostra um efetivo de cinco policiais em motos e duas viaturas passando numa das ruas do bairro.
Um terceiro vídeo foi gravado por moradores no momento em que Alex foi localizado pela polícia, na manhã do dia 15 de setembro. Nele, é possível ouvir o barulho dos tiros disparados durante o confronto em que o suspeito acabou sendo morto. Segundo a polícia, três PMs foram atingidos de raspão.
Vídeo mostra troca de tiros que resultou na morte de suspeito de matar PMs em Camaragibe.
PF diz que Alex tinha posse, mas não porte da arma
De acordo com a Polícia Federal, Alex da Silva Barbosa tinha apenas a posse e não o porte da arma que teria usado para matar os policiais durante o tiroteio. Por isso, não podia circular com o armamento fora da casa onde morava.
A pistola, segundo a Chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Simone Aguiar, estava registrada no Sistema Nacional de Armas da Polícia Federal (Sinarm) desde o ano passado.
Simone Aguiar explicou que, ao contrário do que havia dito o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, Alex não tinha o registro de Colecionador, Atirador e Caçador Desportivo (CAC).
"Ele tinha o registro da arma dele no Sinarm. Foi a Polícia Federal que concedeu o porte", disse em entrevista à TV Globo.
Procurada pelo g1, a Polícia Federal informou que Alex foi registrado regularmente como vigilante junto ao Sinarm em fevereiro de 2022, obtendo um Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF) como proprietário de uma pistola. Segundo a corporação, ele estava habilitado a exercer a profissão até o dia 15 de outubro de 2023.
A PF disse também que o CRAF autoriza o proprietário a usar a arma somente dentro da residência onde vive, sem permitir o porte do armamento em vias públicas. Ainda de acordo com a PF, Alex tinha feito um pedido para aquisição de uma arma em 2021, mas o requerimento foi negado pela corporação.
De acordo com a chefe da Polícia Civil, Simone Aguiar, o suspeito de matar os policiais Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, e Rodolfo José da Silva, de 38, durante o tiroteio em Camaragibe, obteve o registro da pistola num momento em que as regras para obtenção de armas eram mais flexíveis.
"[Até] há pouco tempo, só quem tinha 9 milímetros era policial federal, policial rodoviário federal e CACs. Mas, como houve uma permissão por um período, alguns que não são colecionadores poderiam ter esse registro da [pistola] 9 milímetros", disse a delegada.
Simone Aguiar se referiu ao decreto federal 9.847/2019, publicado durante o governo Bolsonaro, que passou a autorizar que civis adquirissem armas que antes eram de uso restrito das Forças Armadas.
Em 21 de julho deste ano, um novo decreto publicado pelo governo Lula voltou a restringir o acesso da população às armas que estavam liberadas para civis desde 2019. Entre elas, a pistola de 9 milímetros.
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