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Após 13 anos, açude Gargalheiras inicia sangria e sertanejos comemoram com fogos e orações

Transbordo não acontecia desde maio de 2011. Açude foi cenário da gravação do filme 'Bacurau' quando estava seco.

Por g1 RN e Inter TV Cabugi


Açude Gargalheiras sangra após 13 anos — Foto: Hugo Andrade/Inter TV Cabugi


Após 13 anos, o açude de Gargalheiras, na cidade de Acari, na Região Seridó do Rio Grande do Norte, iniciou a sangria por volta das 23h30 desta quarta-feira (3). A última vez que isso havia acontecido foi em maio de 2011.

No Gargalheiras, o transbordo acontece por uma parede de mais de 20 metros, proporcionando o que os sertanejos da região chamam de "véu de noiva" quando há a queda d'água, mas esse espetáculo ainda não começou.

👉 Contexto: A "sangria" é o termo usado quando o reservatório chega à sua capacidade máxima e transborda. Patrimônio histórico, geográfico, paisagístico, ambiental e turístico do Rio Grande do Norte, o Gargalheiras serviu de locação para o filme "Bacurau" em 2018 e é um dos maiores açudes do estado.

Apesar da sangria ainda tímida, houve fogos, orações e muita comemoração no local. Centenas de pessoas aguardavam a sangria às margens do Gargalheiras.

A emoção tomou conta de pessoas que não viam a sangria há muitos anos, e também de quem nunca tinha presenciado a cena, como Maria Luiza Rodrigues, que tem 9 anos.

"Estou achando incrível, é muito bonito. É minha primeira vez vendo e eu estava muito ansiosa. Eu só via os vídeos e muita gente falava que era muito bonito", disse.

A agricultora Larissa Mariana levou uma foto do pai, que faleceu há 10 meses, para cumprir uma promessa feita por ele há alguns anos.

"Ele, enquanto vida, disse que quando o Gargalheiras sangrasse ele vinha a pé pagar uma prece. Eu até falei: 'pai, como o senhor vai se mal está andando? E ele respondeu 'você me ajuda, eu vou sentando pelo caminho'. E hoje eu vim pagar a prece dele. Ele não está aqui em vida, mas sempre vai estar comigo", comentou.

'Vigília' com churrasco e forró

Desde a segunda-feira (1º), moradores da cidade de Acari e da Região Seridó do estado faziam uma espécie de "vigília" às margens do açude à espera da sangria. Na madrugada desta quarta-feira (3), por exemplo, houve forró, churrasco e até festa de aniversário no local.

O açude de Gargalheiras tem capacidade para armazenar mais de 44 milhões de metros cúbicos de água. Para se ter ideia do tamanho desse reservatório, ele é suficiente para abastecer uma população de 56 mil pessoas por cerca de 4 anos.

Período de seca e cenário de 'Bacurau'

Desde a última sangria, em 2011, o Gargalheiras passou por momentos difíceis com a falta de chuvas na região, chegando a ficar completamente seco em alguns momentos entre os anos de 2017, 2018 e 2019.


Kleber Mendonça, inclusive, compartilhou em uma rede social imagens que mostram o Gargalheiras em 2018, durante as gravações do filme, e neste mês de abril de 2024 (veja abaixo).

40 dias: de 1% de volume à sangria

Em cerca de 40 dias, o açude de Gargalheiras saiu de 1% de volume de água para a sangria. Em 22 de fevereiro, o açude tinha 1,63% do volume de água, de acordo com o Instituto de Gestão de Águas do RN (Igarn).

No relatório semanal mais recente divulgado pelo instituto, na quinta-feira passada (28), o Açude Gargalheira apresentava 36% de acúmulo de água - e esse já era o maior volume registrado no reservatório desde 2012.

Além das chuvas que caíram nos últimos dias no estado, o aumento no nível do Gargalheiras foi impulsionado também pela sangria do Açude Dourado, em Currais Novos, que levou parte da água para o açude de Acari.
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Entenda o caminho das águas: para onde vai sangria do Açude Gargalheiras

Reservatório transbordou na noite desta quarta-feira (3), após 13 anos. Águas seguem para outros açudes do estado.

Por g1 RN e Inter TV Cabugi


Açude Gargalheiras sangrou na noite de quarta (3) — Foto: Cléber Dantas/Inter TV Cabugi

Após 13 anos, o açude de Gargalheiras, na cidade de Acari, na Região Seridó do Rio Grande do Norte, iniciou a sangria no fim da noite de quarta-feira (3). Com o transbordamento, as águas agora seguem por rios da região em direção a outros reservatórios do estado.

Parte das águas que ajudaram encheram o Gargalheiras já tinha saído de outro açude do Seridó, o Dourado, localizado em Currais Novos, que começou a sangrar em março.

Com o transbordamento do Gargalheiras (cujo nome oficial é Marechal Dutra), agora a água corre para o açude Passagem das Traíras, em Jardim do Seridó, depois para a Barragem de Oiticica, ainda em construção no município de Jucurutu, e devem chegar à Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, o maior reservatório hídrico do estado, entre os municípios de Assu, Itajá e São Rafael.


Mapa mostra caminho feito pela água, entre reservatórios no interior do Rio Grande do Norte — Foto: Inter TV Cabugi

Segundo Nelson Césio Santos, coordenador de regularização do Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (Igarn), o cenário representa segurança hídrica da população da região.

"O impacto é a melhoria na situação hídrica das reservas acumuladas no estado e também vai servir para um aumento da segurança hídrica das populações que são abastecidas pelo reservatório Armando Ribeiro Gonçalves - as cidades atendidas pela adutora Sertão Central Cabugi, as cidades da adutora do Médio Oeste. E também o uso da agropecuária ao longo do rio Piranhas-Açu. Todos vão se beneficiar porque vão ter mais segurança hídrica para o ano de 2024 e 2025", afirma.

O coordenador ainda explica que outros açudes da região Seridó, como Itans e Boqueirão, não encheram, porque não fazem parte da mesma bacia hidrográfica, e dependem de chuvas em outras áreas.

"No gargalheiras, a bacia é um pouco mais circular e mais concentrada. A chuva ocorre em toda a sua área e provoca um maior escoamento. E tem uma área bem maior, de 2,4 mil quilômetros quadrados", explica.

"Já o Itans está em uma bacia de 1,2 mil quilômetros quadrados. É a metade da bacia hidrográfica e é mais comprida. A chuva, ao ocorrer lá das nascentes, tem um longo percurso até chegar no açude e vai se infiltrando, também evapotranspirando e vai perdendo o seu escoamento até chegar lá. Do mesmo jeito ocorre no Boqueirão, de Parelhas", acrescenta.


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