O Jornal Impresso, ainda traduz para os inveterados leitores uma realidade saudosista dos apaixonados pela leitura escrita e não digital. Mesmo sabendo que não se foge mais dessa realidade virtual, seria uma ideia paradoxal.
Mesmo assim, riscar, marcar, memorizar uma frase marcante, sinônimos modernos e tocar fisicamente as folhas do jornal, da revista, ainda é algo sensacional que logo, com o novo modelo de linguagem (Chat GPT) que utiliza técnicas de aprendizado de máquina para gerar textos de forma inteligente e outros métodos que são inimaginável, mas que aparecerão em breve, o impresso ficará só nos acervos históricos e guardados no baú do passado para lembrarmos de um tempo em que aprender e cultivar uma boa leitura, para melhorar a nosso poder de argumentação só indo a uma biblioteca para apreciar um bom livro, ou numa banca de revista para comprar o velho jornal.
Essa semana então resolvi digitalizar todo o material que tinha em minhas prateleiras. Jornais, revistas, para então conservar aquilo que um dia só veremos de forma virtual e se pagarmos pela assinatura. Tudo estará de forma acessível, mas você vai ter que pagar. Nada é de graça e tudo tem um custo.
No dia 14 de agosto de 2005, o Jornal do Comércio lança um encarte intitulado: “Morre Arraes, fica o mito”. E presenteado com uma edição do JC impresso, já apresentando sinais de desgaste do tempo, resolvi então digitalizar e compartilhar com vocês. Mas antes, vou deixar aqui também, parte do texto que acompanhava o título da matéria e que se despedia de um dos maiores políticos do Brasil: Miguel Arraes de Alencar.
“ Pai Arraia” está morto. Quase dois meses após seu internamento no Hospital Esperança, 58 dias, “O Pai dos Pobres” – uma das definições empregadas pelos camponeses – Miguel Arraes de Alencar não conseguiu vencer a sua ultima luta. O “Pai Arraia” das massas de trabalhadores rurais teve sua morte anunciada pela equipe médica que o tratou neste período, ontem, âs 12h20, de choque séptico causado por infecção generalizada. Com o o seu falecimento depois de 50 anos de vida pública, encerra-se um ciclo da política nacional, protagonizado por personagens que viveram intensamente os momentos pré-golpe de 1964. Desaperace Arraes, aos 88 anos. Fica o mito da figura, do migrante cearense, eleito três vezes pelo voto direto, para governar Pernambuco. Como o ex-presidente Getúlio Vargas sai da vida para entrar na história, Arraes sai também num agosto, 51 anos depois.
Blog do Paixão