A rua em que eu morava
De pedra rocha se via
Era como um primeiro andar
Até rico me sentia
A vista de lá de cima
Me faz sorrir com essa rima
Mas tanta gente sofria
O ano era 78
A seca braba vivemos
Comia de vez em quando
O brabo amargo sofremos
Arroz feijão e farinha
Pouco se via na cozinha
Numa panela fervendo
O pão pequeno partido
Pra dez irmão o dicomer
Uma rapadura moída
Pro corpo absolver
Uma refeição por dia
Talvez fosse a garantia
Pra gente sobreviver
Comprar um dente de alho
Tudo medido em colher
Açúcar, óleo e até sal
No papel de pão o café
A carne então, nem pensar
O queijo nem pra cheirar
Mas a vida era de fé
Lá na rua a alegria
Mesmo sem tem a bonança
Tinha um palco já montado
Trabalhando a esperança
Uma família, dez irmão
Na pobreza do sertão
Buscando a perseverança
Prosas & Versos: Vidas Secas e Sofridas
junho 09, 2024
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Blog do Paixão