CRÉDITO,CBS
O homem que atirou no
ex-presidente dos EUA Donald Trump se chama Thomas Matthew Crooks e
tinha 20 anos, segundo o FBI.
O suspeito, que trabalhava como auxiliar de cozinha, foi
morto a tiros no local por um atirador do Serviço Secreto dos Estados Unidos,
disse o porta-voz da agência, Anthony Guglielmi.
Crooks era de Bethel Park, também Pensilvânia, a cerca de
70 km do local da tentativa de assassinato.
Segundo a imprensa americana, ele era filiado ao Partido
Republicano, conforme registros de eleitores.
Mas, segundo o jornal The New York Times, ele também fez
em janeiro de 2021 uma doação de US$ 15 ao Progressive Turnout Project, grupo
que apoia candidatos do Partido Democrata, por meio de uma plataforma de
doações do partido chamada ActBlue.
Prêmio de matemática
Crooks se formou em 2022 na escola Bethel Park High,
segundo declaração da instituição à CBS News, parceira da BBC nos Estados
Unidos.
Na ocasião, ele recebeu um prêmio de US$ 500 da National
Math and Science Initiative, organização sem fins lucrativos que incentiva o
estudo de matemática e ciências, segundo o jornal Pittsburgh Tribune-Review.
“O distrito escolar expressar seus sinceros desejos de
uma recuperação rápida e completa para o sr. Trump e para aqueles presentes no
evento de sábado que podem ter sido fisicamente feridos ou emocionalmente
afetados por estes trágicos acontecimentos”, disse a escola Bethel Park High,
após o atentado.
O Community College of Allegheny, ou CCAC, confirmou que
Crooks frequentou a a faculdade comunitária entre setembro de 2021 e maio de
2024. Ele se formou em ciências da engenharia.
Num comunicado enviado à BBC, a faculdade observou que
ele se formou "com grandes honras" e que uma análise de seus
registros não revelou nenhum incidente disciplinar, de conduta estudantil ou de
segurança.
A Universidade de Pittsburgh também disse à BBC que em fevereiro ele foi aceito como aluno transferido para o semestre de outono de 2024. No mês seguinte, ele optou por não comparecer.
CRÉDITO,GETTY IMAGESLegenda da foto,A residência de Crooks em Bethel Park na segunda-feira (15/7)
Crooks morava com os pais e trabalhava como auxiliar de
cozinha numa casa de repouso para idosos.
Ele não carregava um documento de identidade no comício,
então os investigadores usaram DNA e reconhecimento facial para identificá-lo,
disse o FBI.
O Pentágono informou que Crooks não tinha formação
militar.
“Confirmamos com cada um dos ramos do serviço militar que
não há afiliação ao serviço militar para o suspeito com esse nome ou data de
nascimento em qualquer ramo, componente ativo ou de reserva em seus respectivos
bancos de dados”, disse o porta-voz do Pentágono, o major-general Patrick S
Ryder.
Trump foi baleado durante um comício na Pensilvânia.
Agentes do Serviço Secreto retiraram o ex-presidente do palco após uma série de
tiros.
Ele foi visto com sangue na orelha e chegou a erguer
punho depois de se levantar do chão. Em seguida, entrou em um veículo e, após
receber atendimento médico, retornou à sua casa em Nova Jersey.
O FBI afirma que está tratando o incidente como uma
"tentativa de assassinato". A declaração do FBI acrescenta que o
incidente é uma “investigação ativa e em andamento”.
Autoridades locais confirmaram, no domingo, que havia
"dispositivos suspeitos" no veículo de Thomas Crooks. A imprensa
local também informou que a área ao redor da casa de Crooks foi fechada e
moradores precisaram deixar a região, por causa da suspeita de que haveria
explosivos no local.
Técnicos especializados em bombas foram acionados para
investigar o caso.
CRÉDITO,TMZ
Legenda da foto,Atirador foi visto em cima de um prédio
Qual foi a motivação?
As autoridades estão investigando os possíveis motivos do
ataque e se mais alguém estava envolvido.
"Atualmente não temos um motivo identificado",
disse Kevin Rojek, agente especial responsável pelo FBI em Pittsburgh, em uma
entrevista coletiva na noite de sábado.
A investigação sobre o que aconteceu pode durar meses, e
os investigadores trabalharão "incansavelmente" para identificar qual
foi a motivação de Crooks, disse Rojek.
Em declarações à CNN, o pai de Crooks, Matthew Crooks,
disse que estava tentando descobrir "o que diabos está acontecendo",
mas que "esperaria até falar com as autoridades" antes de dar
declarações sobre seu filho.
Em declarações ao meio de comunicação local KDKA, alguns
jovens locais que estudaram com ele o descreveram como um solitário, que sofria
bullying frequentemente e às vezes usava "roupas de caça para ir à
escola".
Outro ex-colega dele, Summer Barkley, o definiu de forma
diferente, dizendo à BBC que ele "sempre tirava boas notas nas
provas" e era "muito apaixonado por história".
"Ele parecia saber qualquer coisa sobre governo e
história", disse ele. "Mas não era nada fora do comum... ele sempre
foi legal."
Outros simplesmente se lembravam dele como alguém quieto.
"Ele estava lá, mas não consigo lembrar de ninguém
que o conhecesse bem", disse à BBC um ex-colega de classe, que pediu
anonimato. "Ele simplesmente não é um cara em quem eu realmente penso. Mas
ele parecia legal."
Rejeitado em time de rifles da escola
Crooks foi membro de um clube de tiros local, o Clairton
Sportsmen's Club, por pelo menos um ano.
O dono do clube, Bill Sellitto, disse à BBC que o
tiroteio foi "uma coisa terrível, terrível". E que o acesso ao clube
é rigidamente controlado, sendo permitido apenas membros dentro das amplas
instalações.
"Obviamente, o clube condena totalmente o ato de
violência sem sentido", disse o advogado Robert S Bootay III, que
representa a organização, à BBC.
As autoridades acreditam que a arma usada para atirar em
Donald Trump foi comprada pelo pai dele, segundo a agência de notícias
Associated Press.
Falando sob condição de anonimato, dois policiais
disseram à AP que o pai de Crooks comprou a arma há pelo menos seis meses.
As autoridades também dizem que Crooks comprou uma caixa
de munição contendo 50 cartuchos no dia do comício, relata a CBS.
De acordo com relatos da imprensa norte-americana, no dia
em que atirou em Trump, Crooks vestia uma camiseta do Demolition Ranch, um
canal do YouTube com milhões de inscritos, conhecido pelo conteúdo sobre armas
e artefatos explosivos.
Quando ainda frequentava a escola, Crooks foi rejeitado
pelo time de rifles do ensino médio.
Um colega de classe disse à ABC News que pediram a ele
que não retornasse ao time após uma sessão de pré-temporada.
"Ele não apenas não entrou para o time, como foi
convidado a não voltar mais, porque, por ser um atirador ruim, era considerado
um risco", disse Jameson Myers.
Outro membro do time lembrou como Thomas Crooks
"atirava terrivelmente" e "não era adequado para integrar o time
de rifles".
O distrito escolar, por sua vez, disse não haver registro
de que Crooks tenha tentado entrar para o time de rifles.
CRÉDITO,REUTERS
Legenda da foto,Trump foi atingido na orelha durante
comício na Pensilvânia
Quem são as vítimas do ataque a tiros?
Uma pessoa morreu e outras duas ficaram feridas no
tiroteio. Todas as três vítimas são homens, adultos e estavam na plateia do
evento, relata a CBS.
Em entrevista coletiva no domingo, o governador da
Pensilvânia, Josh Shapiro, informou que a vítima fatal era Corey Comperatore,
um chefe dos bombeiros voluntários de 50 anos que foi morto quando “mergulhou
sobre sua família” para protegê-los.
Ele disse que o Comperatore "morreu como um
herói".
As duas pessoas feridas no ataque foram identificadas
como David Dutch, de 57 anos, e James Copenhaver, de 74 anos.
Ambos os homens são residentes da Pensilvânia e estão em
boas condições de saúde.
Uma página do site de arrecadação de fundos GoFundMe,
organizada pela diretora financeira nacional da campanha de Trump, Meredith
O'Rourke, foi criada horas após o ataque com doações destinadas às famílias dos
feridos.
Até agora, arrecadou mais de US$ 340 mil (cerca de R$ 1,8
milhão).
Em uma postagem em sua plataforma Truth Social, Trump
disse que foi "baleado por uma bala que perfurou a parte superior da minha
orelha direita".
"Eu soube imediatamente que algo estava errado, pois
ouvi um zumbido, tiros e imediatamente senti a bala rasgando a pele",
escreveu Trump. "Ocorreu muito sangramento, então percebi o que estava
acontecendo."
O sangue era claramente visível na orelha e no rosto de
Trump enquanto os agentes o afastavam do local.
Trump está "bem" e grato aos agentes, de acordo
com um comunicado publicado no site do Comitê Nacional Republicano.
Ele viajou para Milwaukee, Wisconsin, no domingo, um dia
após o ataque a tiros, para participar da Convenção Nacional Republicana.
A que distância estava o atirador?
CRÉDITO,REUTERS
Legenda da foto,Trump se abaixou quando ouviu tiros
Uma testemunha disse à BBC que viu um homem com um fuzil
no telhado de um prédio antes de Trump ser baleado.
A BBC Verify analisou as imagens e confirmou que o
atirador abriu fogo do topo de um armazém a menos de 200 metros do
ex-presidente.
Imagens de vídeo obtidas pelo site TMZ mostram o momento
em que o tiroteio começou.
O agressor abriu fogo com "um fuzil estilo
AR-15", relata a CBS News.
Os serviços de segurança afirmam que um AR-15 foi
recuperado do local. No entanto, o FBI diz que não foi possível determinar
imediatamente que tipo de arma de fogo o atirador usou ou quantos tiros foram
disparados.
Um atirador do Serviço Secreto respondeu aos disparos e
matou o atirador, disse a agência.
Imagens posteriores mostram policiais armados se aproximando de um corpo no telhado do prédio.
Uma imagem feita por um fotógrafo do New York Times, mostra o que parece ser uma bala em pleno voo, passando direto pela cabeça de Trump.
Então, o que sabemos sobre a arma usada no ataque, os
danos que pode causar e quão perto Donald Trump esteve da morte?
O AR-15 esteve envolvido em vários tiroteios em massa.
Geralmente dispara um cartucho de 5,56 mm, o padrão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), embora possa ser convertido
para disparar outros calibres. O AR-15 seria facilmente capaz de matar a essa
distância, como evidenciado por uma morte (pelo menos) na multidão.
Segundo o analista de segurança Justin Crump, para que os
fuzis de assalto causem o dano máximo "a energia do tiro tem que se
dissipar, o que exige uma parada brusca".
É a transferência de energia, e não apenas o deslocamento
físico causado pela bala, que torna os fuzis de assalto tão devastadores.
O fato de a bala ter passado pela orelha de Trump
significa que a energia potencial devastadora contida na bala não foi
transferida.
No entanto, não deve deixar de causar consequências, de
acordo com Crump.
"A onda de choque que passou pelo tímpano não terá
sido tranquila e pode deixar uma cicatriz", diz ele.
Se a bala tivesse sido apenas um centímetro para a
direita, ou se a cabeça do ex-presidente estivesse num ângulo ligeiramente
diferente, toda aquela energia cinética teria sido transferida para ele, com
consequências devastadoras.
Em suma, Trump estava a centímetros da morte.
Blog do Paixão