Ministro do STF atende
pedido da PGR mediante o uso de tornozeleira eletrônica; mulher estava presa
desde maio de 2023
João Vitor Revedilho / Isto É
Débora Rodrigues Santos, de 39 anos, é acusada de pichar a estátua do STF com batom Foto: Reprodução
O ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu prisão domiciliar à cabeleireira Débora Rodrigues
dos Santos, de 39 anos, acusada de pichar a estátua do STF durante os
ataques de 8 janeiro. A decisão foi tomada mediante a medidas cautelares, com o
uso de tornozeleira eletrônica.
A prisão domiciliar de Débora
atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que entendeu
a necessidade da prisão domiciliar até o fim do julgamento definitivo. A
Primeira Turma do STF iniciou a análise do caso, mas a sessão foi suspensa após
um pedido de vista do ministro Luiz Fux.
“Não obstante a permanência
dos elementos autorizadores da custódia cautelar, o encerramento da instrução
processual e a suspensão do julgamento do feito, com imprevisão quanto à
prolação de acórdão definitivo, aliados à situação excepcional prevista no art.
318, V, recomendam a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar,
ao menos até a conclusão do julgamento do feito, em observância aos princípios
da proteção à maternidade e à infância e do melhor interesse do menor”,
disse o procurador-geral da República, Paulo Gonet, em referência aos dois
filhos menores de idade de Débora.
Débora dos Santos está presa
desde 2023, quando foi alvo da Operação Lesa Pátria. Ela foi flagrada pichando
a estátua em frente à Suprema Corte com os dizeres “perdeu, mané”, em
referência a uma fala do ministro Luís Roberto Barroso, hoje presidente do
STF.
Em depoimento, ela chegou a
admitir a participação nos acampamentos golpistas em frente ao QG do Exército
em Brasília, mas disse não ter participado da depredação aos prédios públicos.
A mulher também chegou a enviar uma carta a Moraes apontando arrependimento
pelos crimes cometidos.
No seu relatório, Alexandre de
Moraes defendeu a condenação da cabeleireira a 14 anos de prisão por cinco
crimes, incluindo o golpe de Estado. Seu voto foi seguido pelo ministro
Flávio Dino.
A análise do processo só deve ser
retomada em junho, após um pedido de vista do ministro Luiz Fux. Durante o
julgamento que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro réu no inquérito do plano
do golpe de Estado, Fux deixou claro que quer analisar a dosimetria da pena
imposta à Débora, dando a entender que poderá divergir do tempo de prisão
imposto por Moraes.
Além de Fux, faltam votar a ministra
Cármen Lúcia e o ministro Cristiano Zanin. O processo é analisado
pela Primeira Turma do STF.
Nas últimas semanas, Débora virou símbolo dos bolsonaristas contra as condenações impostas pelo STF aos réus do 8 de janeiro. Ela tem sido usada para colocar em xeque as decisões da Suprema Corte e pressionar por penas mais brandas.
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