Em Cabrobó (PE), moradores vivenciam os impactos do Projeto de Integração do São Francisco em suas vidas
Agência BrasilFoto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Quando Raimunda Maria carrega um
balde cheio de água hoje, o gesto é simbólico. Agricultora e moradora de uma
comunidade rural em Cabrobó, no sertão pernambucano, ela lembra com nitidez do
tempo em que a vida era marcada por longas caminhadas em busca de cacimbas
(pequenos buracos escavados na terra) para conseguir um balde de água. Seja na
cabeça ou no braço, sua resistência estava sempre sendo provada.
“A água é uma fonte de vida para nós aqui na comunidade. Antes, quando não tínhamos, a nossa vida era um sacrifício constante. Nós vivíamos de cacimba, e íamos buscar água onde quer que ela estivesse”, relata. “Era muito sacrifício. Quando a água chegou aqui, foi de grande valia para nós”, conta, com um misto de alívio e orgulho.
A realidade de Raimunda é
compartilhada por milhares de famílias no sertão nordestino que, hoje, sentem
os efeitos concretos da chegada da água pelas obras do Projeto de Integração do
Rio São Francisco (PISF), a maior iniciativa de infraestrutura hídrica do país.
É água que corre encanada, mas também é água que devolve a dignidade.
“A água é tudo, né? O mundo gira
com água, sem água ele não gira”, resume Maria Auxiliadora, 49 anos, dona de
casa que também viu sua rotina mudar com a chegada do recurso à
região. Antes, os dias na casa dela começavam sempre da mesma forma: com a
preocupação em garantir água suficiente para cuidar dos dois idosos que
vivem com ela, mas desde a chegada do PISF, Maria viu a chance de uma virada:
"É um benefício grande pra todos. Aqui, é uma luta viver sem água”.
Maria Auxiliadora viu sua rotina mudar com a chegada da água à sua região. (Foto: Yasmin Fonseca/MIDR)
De obra à vida
O município de Cabrobó abriga um
marco dessa transformação: a Estação de Bombeamento EBI-1, ponto de partida do
Eixo Norte do PISF, que conduz a água do “Velho Chico” a mais de 260
quilômetros de distância, beneficiando mais de 8 milhões de pessoas em 237
municípios dos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
A estrutura tem capacidade para
bombear 24,8 metros cúbicos de água por segundo. As obras tiveram início em
2008 e foram concluídas em 3 de agosto de 2015, durante o segundo mandato da
presidenta Dilma Rousseff.
Ministro Waldez Góes e Arthur Braga, analista de infraestrutura da EBI-1, em Cabrobó (PE). (Foto: Yasmin Fonseca/MIDR)
Para Arthur Braga, analista de
infraestrutura da EBI-1, o trabalho que realiza hoje carrega também uma missão
pessoal. Emocionado, ele lembrou do pai, que sonhava com a transposição, mas
faleceu antes de ver a primeira estação funcionando. “Esse projeto
representa a diferença entre a vida e a morte. Esse projeto é a vida. Meu pai
morreu em 2014, antes de ver a primeira estação funcionando, e quando ele soube
que eu estava trabalhando no projeto, ele quase não acreditou, mas eu prometi a
ele que iria entregar essa transposição. Ele não pôde ver, mas eu estou aqui
representando ele e a geração dele”, afirma.
Caminho das Águas
As histórias fazem parte da
primeira agenda do “Caminho das Águas”, iniciativa do Ministério da Integração
e do Desenvolvimento Regional (MIDR) que visa acompanhar e dar visibilidade ao
esforço do Governo Federal pela segurança hídrica no Nordeste. A proposta é
mostrar que a infraestrutura está funcionando e já faz diferença real na vida
das pessoas.
Yasmin Fonseca/MIDR
Ministro Waldez Góes anunciou a
duplicação da capacidade de bombeamento do Eixo Norte do PISF
O ministro da Integração e do
Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, classificou como “histórico” o momento
vivido atualmente pelo PISF. Ele destacou a importância da retomada e ampliação
das obras, agora reforçadas pelo Novo PAC. “Isso aqui é um solo sagrado. Estou
exatamente onde começa a captação no São Francisco para a transposição. É
emocionante ver que, com o Novo PAC, estamos colocando o pé no acelerador”,
afirmou. O ministro anunciou ainda a duplicação da capacidade de bombeamento do
Eixo Norte, que passará de 25 para 50 metros cúbicos por segundo, além de obras
complementares como túneis, barragens e adutoras que vão beneficiar ainda mais
comunidades nos próximos anos.
Ao lado do ministro, a vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause, reforçou a importância da parceria com o Governo Federal para a consolidação da segurança hídrica no estado. Ela lembrou que, graças à transposição e à Adutora do Agreste, cidades que antes enfrentavam até 120 dias sem água hoje já recebem o abastecimento regularmente. “Essa parceria é fundamental e não tem nos faltado. O presidente Lula tem colocado toda a estrutura federal à disposição de Pernambuco”, afirmou. Priscila também destacou a articulação entre os projetos federais e estaduais, como o Águas de Pernambuco, que será ampliado com a futura construção do canal de Entremontes, levando água a outras comunidades sertanejas que, mesmo à beira do São Francisco, ainda não eram contempladas pela transposição.
Blog do Paixão