Sempre que passo ali no calçadão uma pausa sempre é feita para bater aquele papo como meu amigo Eraldo, que devotou o mesmo ofício do pai e sua função tem como arte trabalhar com metais preciosos (especificamente prata e ouro), na fabricação de joias e ornamentos.
Foi ele quem nos presentou com uma foto que estava guardada há muito tempo e só agora resolvi tirar do meu baú. É que sempre cobro de Eraldo um rabisco para compor a história do pai, mas ele só promete (risos).
Na Rua Boaventura Pereira de Alencar ficava o ponto de trabalho de seu Geraldo Ourives, próximo ou vizinho dele ficava o que chamávamos naquela época de discoteca (loja que vendia disco de vinil) de “Geraldão dos Discos” – outra figura importante que movimentava o comércio daquele trecho considerado alavanca da nossa economia.
Na esquina da rua ficava o famoso “Bar Araripe” – que por muitas vezes já detalhamos a importância desse local como ponto de encontro da boemia araripinense.
Seu Geraldo Ourives morava ali na rua 11 de Setembro e criou todos os filhos naquele trecho que tinha a peculiaridade de unir todas as famílias para comemorar momentos vibrantes e de confraternização. Todo mundo se conhecia e todo mundo era amigo.
Com uma lembrança viva de como atendia os clientes, de maneira sempre educada, passiva e prestativa, seu Geraldo Ourives era a cópia fiel do bom proprietário que além de tudo, garantia os bons serviços na profissão que bem exercia.
Aos sábados em que o barulho da música, dos carros de som, dos bares lotados por conta da feira livre, quem trafegava naquela rua apertada, com calçadas de largura quase que impossível de transitar naquele ambiente frenético de pessoas a procura dos mais diversos serviços, a ourivesaria de Seu Geraldo Ourives também em um espaço milimétrico, comprimia ainda mais o movimento daquela gente na Rua Boaventura Pereira de Alencar.
Mas era bom de se ver, de se lembrar, porque o autor desta dissertação era frequentador daquele trecho da cidade e traz com saudosismo essas memórias boas que além de homenagear um grande homem, carismático, um grande pai de família e profissional exemplar, ainda despertar para viajar no túnel do tempo de tanta saudade das pessoas que partiram e deixaram um legado para todos nós que amamos Araripina.
E como é bom e tão salutar escrever sobre essas lembranças, que são como um filme passando na nossa memória para materializar tudo que foi vivido por uma geração que continua fazendo história. A História de Araripina. Me sinto feliz, lisonjeado e cheio de emoções que sinto de verdade quando disserto sobre tanta coisa boa que aconteceu na nossa amada terrinha.
Blog do Paixão