Amados conterrâneos,
Esquivando-me de acontecimentos políticos, em detrimento da triste situação em que se encontra a nossa terra, recebi duas ligações telefônicas para filiar-me ao PMDB e que me levaram a sair da inércia e voltar a discutir os rumos de nossa Araripina. Quando falo da “situação”, não remeto a atual gestão à condenação cabal de culpada única por tal situação, e sim, a uma conjuntura oligárquica de famílias que se sentem donas destas terras, coronéis que levantam o reio e conduzem os “emcabrestados” às urnas e, com tal manipulação, se mantém no poder e a cada gestão que passa pelo executivo araripinense repete-se as mesmas caras (sanguessugas agarradas à carne, indo a fundo nas veias financeiras do município) e, que não soltam-nas nem por uma intriga de sangue e morte.
Indagado se gostaria de usar da palavra na tribuna da Câmara de Vereadores, onde o PMDB realizava um encontro com lideranças políticas e comunitárias e populares, de pronto respondi que não. O meu “não”, não seria uma negativa ao convite de filiação do Dr. Aluisio Coelho, mas sim uma pausa para avaliação do que se propõe para o município. Decorreram-se vários discursos. Alguns mais apimentados trataram o partido em pauta como refém das oligarquias e como moeda de negociatas e manobras que viabilizaram a estada das oligarquias no poder. Até ali a concordância de minha parte. Falou-se também da estagnação em que se encontra o município (motivo central que me tirou de casa), e mais uma vez concordei, reativando em mim a chama da possibilidade de me dispor a retomar a luta por uma vaga no legislativo municipal, embora saiba eu que, nem todos os discursos ali pronunciados estão cheios de boas intenções e que ao atingir o ápice da carreira política a maioria se corrompe e se tornam lagartixas que balançam a cabeça para todos os atos do executivo que na maioria das vezes os abanam com algumas cédulas, repetindo o que alguns oligárquicas fazem para convencer os tolos eleitores com barreiros, cimento, feiras... Ou até mesmo algumas doses de cachaça.
Ao discutir o contexto com blogueiros, indagado por um deles, Everaldo Paixão, perguntou-me o que achei obvio e necessário: - Quero ver usar este discurso estando lá, no poder, ocupando o cargo e correspondendo as expectativas? Esperei tanto para se indagado e responder o questionamento me satisfaz tal qual uma pessoa engasgada com uma espinha de peixe na garganta que nenhum médico quer retira-la e de repente, uma pessoa conteste e afirma que há possibilidade da remoção do corpo estranho que há tanto tempo incomoda. Óbvio que a pergunta referia-se ao fato de eu ter assumido a Secretaria de Turismo, Cultura e Lazer durante o governo Lula Sampaio e, na avaliação do blogueiro, esta ter ficado inerte durante o período. Também ali houve a minha concordância em parte. Esta se deu pelo fato de mesmo descordar da forma pela qual os gestores olharem para a cultura, o turismo e o lazer como fontes que não lhes rendem votos e por isso não investirem nestas ações e também por ver nossas matrizes culturais abandonadas pelas gestões passadas e pela atual. Ou seja, o que é tradicional (São João, Vaquejada, festejos distritais...) são as únicas ações vivenciadas e sem a inserção da nossa cultura. Prática comum aos nossos governantes.
Quanto ao deputado federal Raul Henry, que protagonizava a noite junto ao Dr. Aluisio Coelho, vi a possibilidade de uma semente a ser semeada que poderia provocar a real libertação do município das garras da oligarquia, mas, remeto-me ao princípio do processo das eleições municipais próximas passadas em que o PCdoB, presidido por Ibiabino, antes de ser tomado a força de suas mãos, quando provocamos um encontro em que sugeri que todos os presentes, incluindo o próprio PMDB, na época presidido por Ronaldo Lacerda que também estava presente à reunião, entre outros tantos partidos ali representados, que se largasse mão dos favorecimentos pessoais e que se visualizasse o município, o seu povo e se montasse uma chapa competitiva extraindo os pequenos das chapas grandes e tornando os pequenos grandes a ponto de se tomar o poder e constituir o novo. Voltei para casa arrasado com as respostas que eu já sabia que ouviria e ouvi. A grande maioria optou pelo conforto dos cargos, alugueis, empregos... Vi então que mesmo tendo ocupado um cargo importantíssimo para o meu município, a autonomia não existia e cumprir tabela é o caminho de tantos que passa por este processo. Ah, e o que Raul Henry tem a ver com tudo isso? Com uma palta voltada para a desigualdade educacional da rede pública e da privada, mostrou claramente o desfavorecimento a que se submete os pobres pernambucano e brasileiros e tendo ele feito parte do batalhão do ex-governador Jarbas Vasconcelos, governo de gabinete que por obra do destino abriu um pouco o olhar para o Araripe pernambucano ao viabilizar a estrada que liga Araripina o Crato e pela complementação da Adutora do Oeste que trouxe a água do São Francisco para o nosso município e, em seu discurso, surpreso, frisou a extrema força que o Araripe tem e que é relegada por não haver entendimento político, no entanto, ao meu ver entendimento do seu próprio povo. Na verdade, uma realidade plural que precisa ser vista. Não o trato por santo, mas o milagre tem que ser contado.
O Dr. Aluisio retratou Araripina com os seus desprezos e com suas oligarquias tradicionais. Isto remete-me ao passado onde percorro uma trajetória na tentativa de atingir o mandato de vereador, chegando a perder uma eleição por 16 votos, barrado pela estrutura desumana que o processo aplica tantas pessoas boas que se tornam ineficazes por não ter dinheiro ou por não fazer parte dos objetivos da cabeça da chapa. Fui vítima. Só mais uma das vítimas da oligarquia. Quanto ao discurso do agora presidente do PMDB, vi a possibilidade do novo e espero não haver a contaminação da ideia pelos sanguessugas que teimam em não largar o peito e que as nossas elites se satisfazem os mantendo como escravos inocentes.
Geonaldes Elhemberg de Sousa Gomes – (Pepeta).
Araripina, 02 de novembro de 2013.
Blog do Paixão