Mas o que seria uma “sociedade de mercado”? É uma sociedade na qual as adolescentes podem pôr em leilão sua virgindade sem que isso produza mais do que um simples discussão sobre o preço e as reais condições de inviolabilidade em que o produto será entregue ao ganhador. É uma sociedade e que os valores sociais, a vida em família, a natureza, a educação, a saúde, até os direitos cívicos podem ser comprados e vendidos.
Fonte:
Revista Veja – 21/11/2012.
“Não
podemos mais evitar a discussão sobre o significado dos valores morais e das
circunstâncias nas quais eles se degradam” – Michael Sandel – Filósofo e
estudioso do assunto.
O cabeçalho acima foi o objeto
para iniciar mais um dos meus artigos, que tem sido um confronto constante com
os sentimentos que no momento me faz acreditar que já estamos vivenciando esse período negro das sociedades.
Já podemos imaginar como fato
concretizado, professores incentivando os filhos a negociar o seu “voto” e eles
também são incluídos no pacote, e que dentro da sala de aula ensina por
critério curricular, CIDADANIA.
Percebemos nitidamente nas
fotos publicadas em blogs e nas redes sociais as faces transformadas dos que negociaram
o “voto” com os dedos gesticulando o número do partido. É desolador assistir a
venda do caráter e da dignidade e ainda por cima ver (ou vir) tanta gente compartilhando
um ato corruptivo como se fosse a coisa mais normal.
Em sua CARTA AO LEITOR (veja –
dia 21/11/2012 ) – vai mais além: “Vender a virgindade e comprar o apoio de
partidos políticos (com o dinheiro do contribuinte, diga-se de passagem) são
duas atitudes que revelam em seus autores a mesma concepção utilitarista e rasa
da vida. Uma deprecia a intimidade. A outra ultraja a democracia”.
Ah! Ele foi obrigado a fazê-lo.
Fez porque quis. A cifra falou mais alto, porque não valoriza o voto, a família,
os princípios bíblicos, a saúde, a educação, principalmente dos filhos, que
agora também faz parte da negociata e tem que também sacudir a bandeira que o
patriarca resolveu balançar em troca de dinheiro fácil.
Tudo virou sociedade de
mercado. Não entendo onde queremos chegar com tanta depravação e com essa promiscuidade política.
E na hora de cobrar mais assistência médica, medicamentos quando ficamos
perambulando de um lugar para outro em busca dos direitos garantidos no SUS? Esse
dinheiro camarada foi o que comprou o teu voto. E a merenda que está faltando
na escola do filho? Também não pode reclamar porque a verba foi distribuída
também nesse comércio desigual nessa sociedade de mercado próspera e que tem
contribuído para que não chegue esse direito garantido às unidades escolares. E
as ruas esburacadas que antes todos reclamavam?
Depois de 05 de outubro, todo
um desmando providencial será assistido com resquícios da prática desse
comércio de compra de votos, em que uma parcela da sociedade contribuiu para
que os nossos problemas (falta de médico, de escola com qualidade, de profissionais
bem pagos) não fossem resolvidos, porque essa parcela acredita que como o
político negocia, ele também tem um preço.
Essa mesma parcela precisa de
hospital, do SUS, de escola para os seus filhos e no momento apenas se engana
com as facilidades que lhe fora oferecida. Tudo é momentâneo.
Nesse momento a abnegação
torna-se uma ação que renova a cada dia o meu eu como cidadão. Sinto na
obrigação de renunciar a coisas que me fazem escravo do que considero supérfluo
para o meu engrandecimento como ser humano, cidadão, pai e membro da sociedade.
E tenho dito.
Blog do Paixão