O deputado Bruno Cavalcanti de Araújo (PSDB-PE) dá voto
decisivo para a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT),
durante sessão da Câmara dos Deputados - 17/04/2016(Ueslei
Marcelino/Reuters)
Deputado em terceiro mandato, o pernambucano Bruno Araújo
(PSDB-PE) ocupou a tribuna da Câmara dos Deputados aos prantos para proferir o
342º voto favorável ao prosseguimento do processo de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff. O "sim", às 23h07, é avaliado pelo
parlamentar como um "momento de coroação" para todos os apoiadores do
afastamento da petista. Agora, diz, a saída da presidente, ainda a ser
confirmada pelo Senado Federal, será capaz de "curar as feridas" do
país, paralisado política e economicamente. A seguir, a entrevista do deputado
ao site de VEJA.
O senhor esperava ser o 342º voto a
favor da continuidade de processo de impeachment, o voto decisivo? De maneira alguma. Nunca trabalhei para isso. Há mais de
dois meses estávamos vendo uma lista de apoiadores do impeachment crescendo de
pouco menos de 70 deputados até este momento. O foco era ter resultado político
e conseguimos abrir caminho para o afastamento da presidente para se permitir
um recomeço do país. Obviamente que quando a votação foi se aproximando,
percebemos que o PSDB poderia ser o voto 342. Sinto que todo o trabalho que
fizemos nesses últimos meses conectado com as ruas foi um momento de coroação.
O senhor está sendo cumprimentado no
Salão Verde quase como uma celebridade. O fato em si sabemos que é importante, mas sobretudo é
gratificante ver nos colegas o reconhecimento de que isso foi algo que o
destino permitiu a um dos deputados que atuaram desde o primeiro momento desse
processo. Acho que a natureza permitiu que tivesse alguma relação de causa com
essa escolha.
Com a decisão de hoje, o governo
Dilma é página virada? Quem
foi presidente sempre vai ter seu complemento na história. Não sou de dizer que
o PT não tem os seus marcos e suas posições que possam ter ficado de positivos.
Mas erraram muito nos últimos anos. Acho que a presidente Dilma se intitulou
carta fora do baralho. Há uma liderança no seu partido inclusive mais
importante do que ela. Respeito-a pessoalmente, mas agora é hora de buscar um
grau de humildade que permita ao Brasil ficar de pé novamente para curar suas
feridas.
Como o país acorda nesta
segunda-feira? Com uma
ressaca cívica, bem no bom sentido. Acorda em comemoração por saber que
obedecemos um processo que foi estabelecido pela Suprema Corte em dois
momentos, em dezembro e agora. Lembrando que é uma Suprema Corte de onze
ministros, sendo oito nomeados pelo PT e que a Câmara dos Deputados seguiu
exatamente à risca o que a legislação brasileira determina. O PT vai ter uma
historinha para contar, vai dizer que vai ao Senado, mas perde no Senado, vai
dizer que vai ao Supremo e então perde no Supremo. O PT precisa ter um enredo
para se conectar com o seu eleitor. É do jogo da política, mas acho que a
maioria dos brasileiros tomou sua decisão.
O senhor acha que o Senado vai dar
continuidade ao processo de impeachment? Respeito a posição do Senado, mas parecerá uma grande
ofensa à população brasileira, uma ofensa às ruas e uma ofensa a essa grande
maioria qualificada que se formou no Congresso que não seja admitido o
andamento do processo com o afastamento da presidente.
O que espera em um agora provável
governo Michel Temer? Espero
que o governo Temer apresente uma proposta de estabilizar o país até 2018,
quando o povo vai novamente às urnas dar legitimidade a um presidente. Como o
governo Temer estanca a sangria do Brasil? Com clareza macroeconômica, com a
preservação de compromissos sociais, que são conquistas do povo brasileiro, e
com o brasileiro chegando a 2018 de pé para escolher um novo líder para que
possamos dar sequência a esse recomeço
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