É na fase de tramitação no Senado que a presidente Dilma pode ser afastada de suas funções por até 180 dias e condenada por crime de responsabilidade
Por: Laryssa Borges, de Brasília
A presidente
do Brasil, Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) - 30/07/2014(Ueslei Marcelino/Reuters)
Com a aprovação da admissibilidade do processo de impeachment na Câmara
dos Deputados, o procedimento que pode resultar no afastamento da presidente
Dilma Rousseff deve chegar ao Senado Federal nesta segunda-feira, dia 18. A
partir daí, a cúpula da Casa dará seguimento ao caso, com a formação de uma
comissão especial de senadores para a elaboração de um parecer prévio sobre o
impedimento. É na fase de tramitação no Senado que a presidente Dilma pode ser
afastada de suas funções por até 180 dias e condenada no mérito por crime de
responsabilidade.
Pelos cálculos da Secretaria Geral da Mesa do Senado, a partir do dia 19
de abril, depois da ordem do dia no Plenário, é eleita a comissão especial
formada por 21 titulares e 21 suplentes. O colegiado tem 48 horas para se
reunir e começar os trabalhos, mas como no dia 21 de abril é feriado de
Tiradentes, o grupo deve se reunir ainda na quarta-feira, dia 20. A comissão
tem prazo de até dez dias úteis para elaborar e votar um parecer sobre o
prosseguimento ou não do processo de impeachment contra a presidente Dilma.
Embora o prazo estabelecido seja de dez dias, no caso do ex-presidente Fernando
Collor, por exemplo, o parecer foi elaborado e votado em apenas duas horas.
Caso o prazo de dez dias seja utilizado em sua integralidade, no dia 5
de maio completa-se o período para a votação do parecer na comissão especial.
No mesmo dia, está prevista a leitura do parecer da comissão em plenário e
aberto o prazo de outras 48 horas para a votação dos senadores. Por ora, não há
previsão, como ocorreu na Câmara dos Deputados, de convocação de reunião para o
fim de semana e, por isso, as 48 horas seriam estendidas até a terça-feira, 10
de maio.
Entre os dias 10 e 11 de maio, o plenário deve votar o parecer a
comissão especial do impeachment no Senado. Se o texto for aprovado em plenário
- é necessária metade mais um dos presentes -, é reconhecida a admissibilidade
do processo de impeachment e a presidente Dilma Rousseff é afastada por até 180
dias. Ao final dos 180 dias, se o caso não estiver concluído, a presidente
Dilma reassume o cargo. Aliado do Palácio do Planalto e um dos principais
caciques pemedebistas que ainda mantém apoio ao Palácio do Planalto, o
presidente do Senado Renan Calheiros não vota nesta fase do processo.
Caso o afastamento da presidente seja confirmado pelo plenário, passa-se
a uma nova etapa do processo de impeachment, com nova convocação da comissão especial
para a fase de instrução de provas a fim de embasar o mérito do pedido de
deposição de Dilma Rousseff. Este parecer, que precisa ser aprovado dentro do
colegiado e no plenário da Casa, é conhecido como juízo de pronúncia e é a
partir dele que se marca a data do julgamento do impeachment.
Agendada a data do julgamento do impeachment, para a consolidação do
processo de deposição são necessários dois terços dos votos do plenário do
Senado, ou seja, 54 apoios. Neste caso, o senador Renan Calheiros participa da
votação. A sessão plenária é presidida pelo presidente do Supremo Tribunal
Federal, Ricardo Lewandowski. Em 1992, quando o impeachment de Fernando Collor
foi votado, o então presidente foi afastado em 2 de outubro e julgado em 29 de
dezembro.
Postar um comentário
Blog do Paixão