Michel Temer forma o seu Ministério no qual José Serra, Henrique Meirelles e Romero Jucá se destacam como a trinca de ouro
José Serra (PSDB) - Ministro das
Relações Exteriores, Henrique Meirelles (PMDB) - Ministro da Fazenda e Romero
Jucá (PMDB) - Ministro do Planejamento
Embora investigado na Lava-Jato sob a acusação de receber
propina no esquema montado na Petrobras, Jucá é tido por Temer como alguém de
fundamental importância e extremo jogo de cintura na articulação com o
Congresso, e, assim, ele será de extrema importância a Eliseu Padilha, novo
chefe da Casa Civil e encarregado de reconstruir pontes entre o Palácio do
Planalto e o Parlamento. O integrante do PMDB gaúcho é um dos políticos mais
próximos ao presidente. Pediu exoneração da Secretaria de Aviação Civil assim
que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) aceitou o pedido de abertura de processo por crime
de responsabilidade contra Dilma e mergulhou na articulação pró-impeachment.
Dentre os expoentes peemedebistas, o novo ministro da Casa Civil tem se livrado
de acusações mais sérias na Lava-Jato, o que é um fator importante para o novo
governo. Segundo delação do senador cassado Delcídio do Amaral, que perdeu o
mandato e se tornou inelegível por 11 anos, Padilha deu suporte político para que
ele fosse nomeado diretor de Gás e Energia da Petrobras em 1999, no segundo
mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Assim que foi revelado o
conteúdo das declarações de Delcídio, Padilha negou que tenha feito a
indicação. Disse que era ministro do Transportes em 1999 e que o nome de
Delcídio teve apoio, sim, mas do partido.
Além de Padilha, o novo gabinete presidencial terá na
Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, do PMDB baiano, cuidando das relações
do Planalto com os movimentos sociais. Geddel foi colaborador tanto de Lula, no
comando da Pasta da Integração Nacional, como de Dilma, chefiando a
vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa. Pediu para deixar o banco em 2013
e passou a fazer oposição ao governo por não ter o apoio do PT nas eleições ao
governo de seu estado em 2014. Foi um importante articulador do movimento
pró-impeachment na Câmara dos Deputados. É uma escolha considerada ousada, uma
vez que há menções a Geddel nos inquéritos da Lava-Jato. De acordo com
relatórios da Polícia Federal, o ex-ministro cuidou de interesses da
empreiteira OAS em diferentes órgãos da administração federal e fez pedidos de
recursos à construtora para campanhas de aliados (pelo menos 29 políticos). A
PF se baseou em mensagens captadas em equipamentos eletrônicos de Léo Pinheiro,
ex-presidente da OAS. “Geddel aparece em algumas oportunidades solicitando
valores para Léo Pinheiro, em especial relacionado ao termo ‘eleição’ e outros
apoios. Já Léo Pinheiro demonstra ver em Geddel um agente político que pode
ajudar na relação da OAS com órgãos e bancos (Caixa, por exemplo)”, afirmaram
os policiais encarregados da apuração.
Assessor de Temer há 14 anos, o jornalista Márcio Freitas
é quem irá comandar a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom). O cargo
era ocupado por Edinho Silva, o tesoureiro da campanha de Dilma em 2014 e alvo
de investigações da Operação Lava Jato. Temer também oficializou Nara de Deus
Vieira como sua chefe de gabinete, pois ela já o acompanha desde os tempos da
presidência da Câmara dos Deputados. Nas eleições de 2014, Nara atuou como
administradora financeira e saiu-se muito bem. Outro que está na equipe é
Mozart Viana, ex-secretário-geral da Mesa Diretora da Câmara. Viana fará parte
de um time de sete pessoas vinculados ao gabinete pessoal do chefe do Executivo
e fica encarregado de analisar temas que farão parte da agenda presidencial e
dos pronunciamentos.
O presidente terá ainda o advogado José Yunes em sua
equipe. Amigo e conselheiro do peemedebista há décadas, ele deve ser nomeado
assessor especial do gabinete. Temer e Yunes se encontraram recentemente no
escritório do PMDB em São Paulo, um dos locais utilizados para sondagem de
integrantes da sua equipe de governo. Yunes é conselheiro constante do
presidente nas horas mais delicadas e difíceis, e estavam juntos, por exemplo,
quando foi redigida a carta-desabafo endereçada a Dilma em dezembro do ano
passado. O advogado tem dito que, no Palácio do Planalto, pretende ser um
auxiliar com liberdade para fazer considerações positivas e negativas a
respeito da administração.
Para reforçar o setor de inteligência, o novo primeiro
mandatário do Brasil recriou o antigo Gabinete de Segurança Institucional
(GSI), extinto por Dilma Rousseff. Ele será ocupado pelo general de Exército
Sérgio Etchegoyen, atual chefe do Estado Maior do Exército, a quem ficará
subordinada a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Para além do Planalto,
a Esplanada também está definida. Ciente de que parte do desastre político de
Dilma passou pela péssima interlocução com o Congresso, Michel Temer, que já
presidiu a Câmara dos Deputados, optou por uma composição de expressão
parlamentar. Nada menos do que 13 indicados são deputados ou senadores. Agora é
hora de arregaçar as mangas.
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