De olho em 2018, Armando Monteiro
promete voltar a percorrer Pernambuco
Como ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior,
Armando fez mais de 30 viagens internacionais, mas se dedicou pouco à política
local
Quando
perdeu as eleições de 2014 para o governador Paulo Câmara (PSB), o senador
Armando Monteiro Neto (PTB) prometeu liderar a oposição em Pernambuco. Como
ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior, o petebista se dedicou pouco à
política local. Um ano e meio depois, levado de volta ao Senado pelo processo
de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), Armando finalmente promete
percorrer o Estado, animando aliados que já falam em uma possível candidatura
ao governo em 2018.
“Vou
voltar a percorrer todas as regiões de Pernambuco. E quero estar muito presente
junto aos companheiros que vão disputar as eleições municipais”, diz Armando,
que volta ao Senado nesta segunda-feira (8). O PTB tem 71 pré-candidatos a
prefeito. Com partidos sob influência do senador, como o PRB e o PTN, a conta
chega a 80. Ainda é menos da metade dos municípios.
Do
ministério, Armando vinha dando aval às movimentações, mas sem mergulhar no dia
a dia das candidaturas, contam aliados. Enquanto coordenava a agenda de
exportações do Brasil em mais de 30 viagens internacionais, correligionários
locais trocaram o PTB pela base do PSB.
As
eleições municipais devem ter um papel central na estratégia de Armando para
2018. O grupo do senador tem pré-candidatos em Petrolina (Adalberto Cavalcanti,
PTB), em Jaboatão dos Guararapes (Joel da Harpa, PTN) e no Recife (Silvio Costa
Filho, PRB).
O PTB
sempre defendeu múltiplas candidaturas na Capital. Para o senador, a disputa
tem nomes com credenciais, como o de Silvio e o do ex-prefeito João Paulo (PT),
do mesmo campo político, e também postulantes a serem reconhecidos, como
Priscila Krause (DEM), “um quadro muito valoroso”.
“Não me
coloco como candidato (ao governo), até porque seria uma coisa extremamente
precoce. Agora, nunca me furtei a atender a convocação de companheiros. Se me
for atribuída uma missão, não recusarei”, responde Armando.
Ele
evita se classificar como líder da oposição no Estado. Acha pretensioso. Mas
emenda uma crítica. “O Estado vive um mau momento. Um período mundo difícil,
que se identifica em várias áreas do governo. Problemas gravíssimos, como a
escalada na criminalidade, a saúde pública, e a descontinuidade de obras”,
dispara.
O
cientista político Thales Castro, professor da Universidade Católica de
Pernambuco, lembra que Armando vive uma situação atípica no PTB, já que ficou
ao lado de Dilma quando o partido majoritariamente apoiou o impeachment.
“Quando
um político ganha um cargo de ministro, ele adquire muito prestígio.
Entretanto, isso o distancia da base eleitoral no Estado. O âmbito do trabalho
dele foi em Brasília e no exterior, embora tenha vindo para cá com frequência”,
avalia o professor.
O
senador diz não se preocupar com desgastes por ter integrado o governo Dilma.
“Se isso tem algum preço de natureza política, vou assumir qualquer que seja
ele. O que eu não gostaria é de ficar mal com a minha consciência”, explica.
O desafio de ampliar a participação
feminina na política
Partidos
se organizam para multiplicar candidaturas de mulheres, mas só reforma política
ajudaria
JC Online
O
Estado que só conseguiu em 30 anos de democracia eleger três deputadas federais
– as duas últimas inclusive duas décadas depois da precursora, Cristina Tavares
– e tem apenas 10% de suas prefeituras comandadas por mulheres, terá um novo
teste este ano para tentar reverter a baixa representação feminina nas eleições
de outubro, como incentiva, no País inteiro, uma campanha da Justiça
Eleitoral.
Três
grandes cidades, Recife (Priscila Krause), Caruaru (Raquel Lyra) e Olinda, têm
pré-candidatas na majoritária e, na última, a disputa poderá concentrar três
concorrentes competitivas: a ex-prefeita e deputada federal Luciana Santos
(PCdoB), a deputada estadual Teresa Leitão (PT) e Isabel Urquiza (PSDB), filha
da ex-prefeita Jacilda.
O
PSB, sigla da metade das prefeitas em atividade no Estado, quer ampliar a
margem. Pretende lançar candidatas em 25 dos 184 municípios. Já o PT, além de
Olinda, foca em Petrolândia, no Sertão, onde a professora Adriana Gomes já é
pré-candidata ao comando do município, e, obviamente, deseja manter
representação nas 12 cidades em que já tem vereadoras. Entre elas, Carnaubeira
da Penha, no Sertão. Lá a legenda é representada pela cacique Maria das Dores
dos Santos (Dorinha), da etnia Pankará.
No
PSDB, 5% dos recursos do fundo partidário são destinados às mulheres, mas a
proposta é lançar 200 candidatas ao Executivo e ao Legislativo em diferentes
regiões do Estado. Entre elas, Judite Botafogo, em Lagoa do Carro, e a
empresária Lucinha, de Toritama, a prefeita, informa a ex-deputada Terezinha
Nunes, que tentará vaga na Câmara do Recife. “É a melhor estrutura para as
mulheres”, comenta, em relação ao PSDB.
Há
uma secretaria nacional das mulheres, que se repete em outros níveis. Para
Terezinha, mulheres que almejam carreira política no cenário atual, de
proibição de doações de empresas à campanha, podem ter mais chance se
representarem segmentos sociais, porque terão eleitores daquela área, não
ficando dependente da propaganda. Embora tenha vindo de uma família de políticos,
ela tornou-se parlamentar meio por acaso. “Meu pai achava que as filhas
deveriam ser professoras”.
A
jornalista foi secretária de Estado no governo de Jarbas Vasconcelos (PMDB) e
ganhou visibilidade ao comandar o disciplinamento do transporte alternativo.
Aceitou o desafio e acabou cumprindo dois mandatos. “Quando cheguei na
Assembleia Legislativa nem banheiro feminino existia no plenário”, comenta.
A
professora Teresa Leitão, deputada estadual do PT, que entrou para a política
como resultado de 14 anos de militância sindical, lembra que no primeiro
mandato houve um verdadeiro marco na Assembleia: “Éramos dez deputadas,
conseguimos criar a Comissão de Direitos da Mulher e também a participação
feminina na mesa diretora da casa”, lembra. Para ela, a reforma política é
fundamental para ampliar a participação das mulheres.
A
também deputada estadual Priscila Krause (DEM) e pré-candidata a prefeita do
Recife herdou a vocação do pai, ex-prefeito e governador, mas construiu
trajetória própria. “Não posso ser candidata só por ser filha de Gustavo
Krause. Embora me orgulhe disso, preciso de um significado maior”, argumentou
quando se preparava para o primeiro mandato de vereadora. E no início da
carreira vivenciou algumas discriminações.
“Certa
vez defendi a mudança de posicionamento da Câmara em relação a uma matéria e um
vereador bateu na mesa dizendo ser macho o suficiente para não mudar de
opinião”. Para ela, a política foi criada por homens e para homens. Por isso
exclui a mulher. E quem é eleita é reduzida a determinados espaços. “Temos que
criar novos paradigmas. Além de estar na Comissão das Mulheres, lutei para
participar de outras. Romper o tecido político é difícil. Ninguém transfere
poder, ele é tomado num processo de disputa”, avalia.
A
educadora e militante feminista Carmen Silva, da ONG S.O.S. Corpo, considera
importante a quota de 30% que o Tribunal Superior Eleitoral obriga os partidos
a cumprirem em relação a candidaturas de mulheres. “Mas não dá garantia de que
serão eleitas, tanto é que muitas vezes não chega a 10% a participação feminina
em espaços legislativos”, observa. Para Carmen, é preciso mudar o sistema
político. “O voto nominal misto exige que a pessoa tenha votação expressiva,
porém, precisa estar numa coligação ou partido com votos suficientes para fazer
o coeficiente eleitoral.” Há países em que as vagas no Legislativo são
divididas paritariamente entre os dois sexos: 50% homens e 50% mulheres.
No
interior dos partidos no Brasil, observa, as coisas funcionam como na
sociedade: “Os lugares de poder são controlados pelos homens. Sem poder, no
momento da eleição, as candidaturas femininas são as que têm menos recursos,
menos espaço na televisão. As mulheres têm menos capacidade de arrecadação
porque não são vistas por financiadores de campanha como nomes que darão
certo”.
Mesmo
as que vêm de família de políticos, com força econômica, enfrentam dificuldades
no exercício do mandato. “As mulheres ainda são cobradas socialmente,
responsabilizadas pelo trabalho doméstico e cuidado dos filhos.” O machismo
explica, portanto, a razão de muitas até se filiarem aos partidos, mas não se
arriscarem numa disputa.
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