Delegado da PF em Pernambuco afirmou que o objetivo é identificar a
origem e a quem foi enviado os recursos movimentados pelo grupo de empresários
Por: Felipe Frazão, de Brasília / Veja
A Polícia Federal já sinalizou aos quatro presos da Operação Turbulência
que, para chegar ao nome de eventuais políticos e demais beneficiários do
esquema criminoso, aceitaria fechar acordos de colaboração premiada - o quinto
deles, Paulo César de Barros Morato, que estava foragido da Justiça,foi encontrado
morto na noite desta quarta-feira num quarto de motel em
Olinda (PE) em circunstâncias ainda não claras, embora principal suspeita seja
o suicídio ou infarto.
"Vamos partir agora para identificar de onde vinha esse dinheiro e
a descentralização desses recursos para empresários e políticos", disse o
delegado Marcello Diniz Cordeiro, superintendente da PF em Pernambuco.
O interesse da PF é que os operadores do esquema de lavagem de dinheiro,
responsável por movimentar 600 milhões de reais desde 2010, tragam aos autos
provas e depoimentos que levem à identificação dos beneficiários finais e
também ás origens dos recursos. Em contrapartida, poderiam obter redução ou até
o perdão da pena.
De início, todos se negaram a prestar esclarecimentos nas oitivas e
rechaçaram a abordagem com a oferta para a delação premiada. Estão presos
preventivamente no Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor
Everardo Luna (Cotel) os supostos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello
Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite, Apolo Santana Vieira e Arthur Roberto Lapa
Rosal.
A PF acredita, porém, que eles possam mudar de ideia depois de
refletirem com o isolamento na cadeia. Os policias federais esperam que, com a
morte de Paulo César Morato, eventuais habeas corpus das defesas ao Tribunal
Regional Federal não prosperem. O site de VEJA tentou contato com os advogados,
mas não conseguiu retorno.
Investigadores ouvidos pelo site de VEJA afirmaram que todos tinham
papel de operadores de propinas e da lavagem de dinheiro entre 25 contas usadas
para escamotear a origem e os destinatários finais. O papel deles é comparado
ao do doleiro Alberto Youssef na Lava Jato.
"Foi conversado com eles que a PF sabe que eles fazem parte, mas
são o meio e o importante para a gente é descobrir quem faz uso dessa
organização criminosa", disse uma fonte da cúpula da operação. "Se
tem alguém para lavar dinheiro, é porque tem alguém que quer lavar esse
dinheiro. Nosso próximo objetivo é identificar pessoas que tenham feito uso
disso, seja aqueles que entregaram dinheiro, seja aqueles que receberam."
Em paralelo, a coordenação da Turbulência deve requerer à Justiça
Federal medidas como quebras de sigilo fiscal, bancário e de comunicações dos
alvos, sejam empresas ou pessoas.
Em ao menos quatro casos, a PF e o Ministério Público conseguiram
identificar indícios dos envolvidos nas transações ou de onde partiu e para
onde foram os recursos, a partir do compartilhamento de provas da Lava Jato,
inclusive delações: formação de caixa dois em espécie para a OAS destinar a
políticos; suposta doação de recursos de caixa dois da Camargo Corrêa para a
campanha à reeleição do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB);
pagamentos feitos aos parlamentares alagoanos do PP Arthur Lira, deputado
federal, e Benedito Lira, senador; pagamento de 18,8 milhões de reais da OAS a
uma empresa de fachada que bancou parte da compra do jatinho que caiu com
Campos a bordo, em 2014.
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