MP da reforma do
ensino médio foi alterada para determinar que disciplinas sigam em vigor até
definição da Base Nacional Comum Curricula
Por G1
Foto Ilustrativa. Arquivo Blog
O governo federal publicou nesta sexta-feira (23) o
texto da medida provisória (MP) sobre a reforma do ensino médio. Com o novo
texto, o Ministério da Educação (MEC) volta atrás e mantém a obrigatoriedade de
artes, educação física, filosofia e sociologia até que seja concluída outra
etapa da reforma. Além disso, o texto manteve em aberto questões sobre como
será a aplicação prática das medidas (veja abaixo as
dúvidas sobre a reforma).
Clique aqui para
conferir o texto final no Diário Oficial
(CORREÇÃO: O G1 errou ao informar que a medida provisória foi publicada sem alterações. O Ministério da Educação mudou um dos artigos para manter as disciplinas de artes, educação física, filosofia e sociologia como obrigatórias até a definição da Base Nacional Comum Curricular.)
(CORREÇÃO: O G1 errou ao informar que a medida provisória foi publicada sem alterações. O Ministério da Educação mudou um dos artigos para manter as disciplinas de artes, educação física, filosofia e sociologia como obrigatórias até a definição da Base Nacional Comum Curricular.)
A MP ainda terá de ser aprovada em até 120 dias
pela Câmara e pelo Senado, caso contrário, perderá o efeito. Segundo o
Ministério da Educação (MEC), o texto da medida provisória havia passado apenas
por ajustes técnicos jurídicos, além de uma revisão de português. A pasta negou
mudanças no conteúdo da proposta.
Entretanto, o G1 verificou
nesta tarde que o MEC incluiu um ponto no texto que determina que o ensino de
artes, educação física, filosofia e sociologia continuem em vigor até o segundo
ano letivo posterior à aprovação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Apesar de ter deixado explícito que nada muda até a
nova base, o MEC manteve na medida provisória o trecho que retira da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB) a garantia explícita de que essas
disciplinas (artes, educação física, filosofia e sociologia) deveriam ser
aplicadas no ensino médio.
Na versão final do texto, assim como na prévia
apresentada na quinta, as disciplinas obrigatórias citadas explicitamente pelo
texto são somente português, matemática e inglês.
O MEC considera que os demais conteúdos essenciais de todas as 13 disciplinas do ensino médio "antigo" estarão contemplados dentro do conteúdo obrigatório que deve ser definido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A BNCC deve ser concluída em "meados de 2017", segundo o ministério.
O MEC considera que os demais conteúdos essenciais de todas as 13 disciplinas do ensino médio "antigo" estarão contemplados dentro do conteúdo obrigatório que deve ser definido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A BNCC deve ser concluída em "meados de 2017", segundo o ministério.
Em nota, o MEC negou o corte sumário das
disciplinas. “Não está decretado o fim de nenhum conteúdo, de nenhuma
disciplina. Do que a Base Nacional definir, todas elas serão obrigatórias na
parte da Base Nacional Comum: artes, educação física, português, matemática,
física, química. A Base Nacional Comum será obrigatória a todos. A diferença é
que quando você faz as ênfases, você pode colocar somente os alunos que tenham
interesse em seguir naquela área. Vamos inclusive privilegiar professores e
alunos com a opção do aprofundamento", afirmou o MEC em nota.
Críticas, trajetória e custos
A reforma foi criticada por
especialistas e entidades de classe, enquanto é considerada
necessária por alguns gestores de fundações e institutos ligados à educação.
Principal avalista do texto, o Conselho Nacional de
Secretários de Educação (Consed) diz que o MEC acatou sugestões feitas ao longo
de três anos de debates dentro do conselho.
Diretores de associações de escolas particulares
apontam que, se colocada efetivamente na prática, levaria ao aumento do custo nas
mensalidades.
Nas redes sociais, o tema "ensino médio"
ficou entre os mais falados do Twitter ao longo da tarde e noite, movimentando memes e comentários.
O que muda na reforma do ensino médio (Foto:
Arte/G1)
VEJA ABAIXO OS PRINCIPAIS PONTOS:
Quando
entra em vigor?
A medida provisória já tem efeito imediato, mas o
governo condicionou vários pontos da reforma à conclusão da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), que só deve ficar pronta em "meados de 2017". Por
isso, a previsão do MEC é que somente turmas iniciadas a partir de 2018 sejam
as primeiras plenamente afetadas pela reforma. Ainda não se sabe se a medida
valerá somente para os alunos que vão ingressar no primeiro ano do ensino médio
em 2018, ou se também será válida para os do segundo e terceiro anos.
A secretária executiva do MEC, Maria Helena
Guimarães, diz que os estados com sistemas "mais avançados", como
Pernambuco e São Paulo, já podem promover outros tipos de mudança – incluir
módulos de ensino profissional ou testar ênfases no contraturno, por exemplo. Para
tirar algum conteúdo que já está sendo ensinado, no entanto, é preciso aguardar
a base curricular.
A carga
horária aumenta para todo mundo?
Esta é a meta do governo, mas não houve
detalhamento de como isso ocorrerá. A medida provisória diz que ela deve ser
ampliada progressivamente até atingir 1,4 mil horas anuais. Atualmente, o total
é de 800, de acordo com o MEC.
Gestores
serão punidos se o ensino médio não for integral?
Não há previsão de sanções ou mesmo metas dentro da
medida provisória em relação ao aumento progressivo da carga horária.
Estados
terão que arcar com custo
Não há estimativa de quanto os estados gastariam
com a ampliação dos turnos para integral. Para apoiar algumas escolas e atender
500 mil dos quase 8 milhões dos estudantes, a pasta prevê investir, até o fim
do mandato, R$ 1,5 bilhão.
O MEC não apresentou estudos, por exemplo, sobre
quanto as redes estaduais vão precisar gastar na expansão da infraestrutura,
como a construção de escolas, para que a carga horária mínima anual do ensino
médio possa ser “progressivamente ampliada”, considerando que o ensino integral
impede que as escolas tenham dois turnos (matutino e vespertino).
MEC ou
estados definirão os currículos?
O MEC diz que a reforma foi pensada para dar
autonomia aos estados. Além disso, já estava previsto que, após a definição da
BNCC, os estados construíssem seus novos currículos conforme as diretrizes.
Por isso, qualquer mudança nos currículos precisa
ser aprovada pelas secretarias estaduais de educação, que só devem começar a
promover alterações com as novas diretrizes da BNCC em mãos.
E, por isso, caberá a cada estado definir como será
oferecida a possibilidade de os alunos optarem por disciplinas e áreas de
concentração.
O que
será a chamada divisão em módulos?
A medida provisória determina que o ensino médio
poderá ser organizado em módulos e adotar o sistema de créditos ou disciplinas.
Entretanto, essa possibilidade não foi detalhada no texto da medida provisória.
Como
afeta vestibulares e Enem?
O MEC diz que o Enem não muda neste ano.
Entretanto, a MP prevê que os vestibulares deverão cobrar apenas o que for
determinado pela Base Nacional Comum Curricular. Apesar disso, o MEC não
detalhou como as redes estaduais devem orientar processos seletivos locais.
E na prática, vestibulandos têm dúvidas sobre como,
por exemplo, a Fuvest será impactada pela nova BNCC. Segundo Maria Inês Fini,
presidente do Institituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, diz que as mudanças ocorrerão após a
definição do novo currículo.
Postar um comentário
Blog do Paixão