Há ainda petições contra o ex-ministro Mercadante e o
prefeito de Araraquara, Edinho Silva. Maioria dos citados diz lamentar ter nome
incluído na lista.
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Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (Foto: Valéria Gonçalves/AE) |
O ministro Edson Fachin, do Supremo
Tribunal Federal, encaminhou à Justiça Federal em São Paulo e ao Tribunal de
Justiça do estado 34 petições com indícios sobre pessoas que não têm foro
privilegiado.
No total, há 42
pessoas citadas nas 34 petições, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
(FHC), o ex-prefeito da capital Fernando Haddad (PT) e o deputado estadual
Fernando Capez (PSDB). Há ainda cinco pessoas jurídicas, como órgãos do governo
do estado, com citações. As petições serão encaminhadas para diferentes
jurisdições. A maioria, 26 delas, vai para a Justiça Federal em São Paulo. Sete
serão remetidas para o Tribunal Regional Federal e uma para o Tribunal de
Justiça do estado.
São as
instâncias inferiores que decidirão se as citações merecem ser investigadas,
juntadas a alguma investigação já em curso ou, simplesmente, arquivadas por
falta de provas.
Também há
petições contra o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), o prefeito de
Araraquara, Edinho Silva (PT), os ex-deputados José Genoino (PT) e João Paulo
Cunha (PT), os deputados estaduais Fernando Capez (PSDB) e Barros Munhoz (PSDB)
e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), entre outros.
Na petição
contra FHC, ele é delatado por Emílio Odebrecht, presidente do conselho da
empreiteira, que o acusa de ter recebido vantagens indevidas não contabilizadas
na campanha eleitoral dos anos 1993 e 1997.
Sobre Haddad,
os delatores contaram que a campanha dele à Prefeitura recebeu recursos não
declarados. Os valores teriam sido intermediados pelo publicitário João
Santana, em uma transação acordada entre os executivos da Odebrecht e o
ex-presidente Lula.
O nome de
Edinho Silva aparece em três petições diferentes encaminhadas pelo ministro
Fachin. Ele era o responsável pela coordenação financeira da campanha da chapa
Dilma-Temer em 2014 e foi citado nas delações dos executivos Rogério Santos
Araújo e Benedito de Oliveira ao Supremo.
Mercadante,
Genoino e João Paulo Cunha também teriam recebido vantagens indevidas da
empreiteira em suas campanhas de 2010.
Segundo os
delatores, Munhoz e Capez foram outros a receber recursos não declarados quando
disputavam a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Fachin também
encaminhou duas petições contra Paulo Skaf, atual presidente da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O empresário, que é filiado ao PMDB,
teria recebido recursos em caixa dois na corrida eleitoral pelo Governo do
Estado, em 2014.
O Tribunal
Regional Federal (TRF-3) de São Paulo já está em recesso de Páscoa nesta
quarta-feira (12) e as petições do Facchin ainda não chegaram à capital
paulista. A previsão é de que cheguem a partir de segunda-feira (17), segundo a
assessoria de imprensa do TRF.
As petições são
sorteadas entre os juízes de primeira instância e remetidas para eles em seguida,
após análise e posição do Ministério Público Federal. Depois, o juiz de
primeira instância determina ou não à Polícia Federal a abertura de inquérito.
Outros lados
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em
vídeo publicado em seu perfil no Facebook, que ainda não conhece o teor das
declarações de Emílio Odebrecht, mas que vai esclarecer "tudo".
"Mas digo: é importante ir até o fundo das questões. O Brasil hoje precisa
de transparência, e a Lava Jato está colaborando para que se coloquem as cartas
na mesa. Vamos colocá-las. Eu não tenho nada a esconder, nem a temer",
afirmou.
O ex-prefeito
Fernando Haddad declarou que com relação a Odebrecht, sua administração
contrariou os dois principais interesses da empresa na cidade, ao suspender a
principal obra da empreiteira (o túnel que ligava a avenida Roberto Marinho à
Imigrantes) e rechaçou a proposta feita pela companhia para que a Prefeitura
recomprasse os CIDs da Arena Corinthians. As duas decisões foram amplamente
divulgadas pela própria imprensa. As informações da empresa, portanto, não
fazem o menor sentido.
Em nota, a
Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) afirmou que desconhece
"totalmente essas supostas citações. Reiteramos que todas as doações
recebidas pela campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo estão devidamente
registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem
qualquer reparo", diz a nota.
"Paulo
Skaf nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuição de
campanha que não as regularmente declaradas", completa.
Capez, por meio
de nota afirmou que não solicitou doação para Odebrecht. “1-Não existe nenhuma
acusação. 2-Ninguém é obrigado a adivinhar que existe departamento de propinas
em empresa. 3-Não solicitei nenhuma doação eleitoral para a Odebrecht em 2010 e
nem recebi. 4 – e se tivesse recebido teria declarado. 5 – não tenho nenhuma
relação com a Odebrecht", diz texto. Posteriormente, o deputado entrou em
contato com o G1 e afirmou que "Fui checar a declaração eleitoral e a
doação da Odebrecht está contabilizada no valor de R$ 40 mil, mas meu nome é
citado por doações não contabilizadas", declarou. O deputado estadual
ressaltou que não tem nenhuma relação com a Odebrecht.
Em nota, Edinho
alegou que “não conhece” e “nunca esteve” com nenhum dos delatores. O político
afirma ainda que toda a arrecadação financeira durante a corrida eleitoral pela
presidência foi realizada dentro da legalidade: “Todas as doações estão
declaradas ao TSE, sendo elas analisadas e aprovadas por unanimidade pelo
órgão”.
O ex-ministro
Aloizio Mercadante disse, por meio de sua assessoria, que não teve acesso e que
desconhece o teor das acusações. “As contribuições para as campanhas do
ex-ministro, Aloizio Mercadante, sempre ocorreram dentro da legalidade, sendo
todas as prestações de contas transparentes e aprovadas pela Justiça Eleitoral.
O ex-ministro reafirma que nunca delegou ou aceitou contribuições não oficiais
para suas campanhas e está à inteira disposição das autoridades para prestar
todos os esclarecimentos necessários”, diz a nota.
O deputado
estadual de SP Barros Munhoz afirmou em nota que "nunca, jamais, ao longo
dos meus 40 anos de trajetória política, solicitei recursos irregulares ou
autorizei que o fizessem em meu nome. Disputei nove eleições, uma para
governador, três para prefeito e cinco para deputado estadual e sempre exigi que
minhas campanhas fossem feitas dentro da lei".
O G1 entrou
em contato com dois advogados de defesa de José Genoino em outros processos.
Ambos disseram não ter conversado ainda com o ex-deputado federal ex-presidente
do PT e não quiseram se manifestar.
O G1 entrou
em contato com o assessor de imprensa do ex-deputado federal João Paulo Cunha,
que informou que ele não quer se manifestar.
* Colaboraram Lívia Machado, Gabriela Gonçalves, Kleber Tomaz,
Felipe Néri e Tahiane Stochero
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