Mesmo com determinação da Justiça do Trabalho, anunciada neste sábado
(8), garis que atuam em duas empresas terceirizadas mantêm paralisação dos
serviços.
Por
Marina Meireles, G1 PE
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Lixo se acumula em áreas de comércio de alimentos no Recife (Foto: Marina Meireles/G1) |
Apesar de o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região ter determinado a volta ao trabalho de 50% dos trabalhadores terceirizados de limpeza urbana, neste sábado (8), a sujeira se espalha pelas ruas do Recife. Em diversos pontos da capital pernambucana, os resíduos acumulados exalam mau cheiro e atrapalham a mobilidade e o comércio.
"Aqui, a
gente vende alimentos e os clientes estão passando direto, porque não querem
comer do lado do lixo", conta a comerciante Josineide da Silva, que desde
a noite da quinta (6) tem se queixado do acúmulo de lixo no Cais de Santa Rita,
na área central da cidade. "Ontem, tinha um cachorro morto aqui bem
perto", relata a comerciante Gilcely Oliveira.
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Josineide e Glicely criticam a falta de coleta de resíduos (Foto: Marina Meireles/ G1) |
Na Praça Dom
Vital, no Bairro de São José, também no Centro, a situação é semelhante. Para
quem passa ou trabalha pelo local, os entulhos incomodam e causam mal estar
devido ao cheiro. "Passei com a minha filha por aqui e ela quase
vomitou", conta a comerciante Laudjane Guedes. Segundo a vendedora, a
coleta de lixo não passa no local desde a sexta (7).
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Entulhos estão tomando conta das calçadas da cidade (Foto: Marina Meireles/ G1) |
Nas ruas do
Riachuelo e Sete de Setembro, na Boa Vista, na área central, há incontáveis
sacos de lixo e resíduos espalhados nas sargetas. "Aqui quase nunca fica
assim, mas hoje está muito ruim. As pessoas fazem as refeições e compram frutas
aqui, não dá pra ficar do jeito que está", conta a atendente Rose Ramos,
que almoçava ao lado de pilhas de lixo.
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Pequeno veículo de coleta foi o único que saiu da garagem de uma das empresas (Foto: Marina Meireles/G1) |
Paliativo
Na Comunidade
do Pilar, no Bairro do Recife, o G1 encontrou um
caminhão de coleta 'baby' recolhendo o lixo. "Esse foi o único caminhão
desse tipo que saiu hoje. O pessoal está revoltado com essa determinação de não
poder mais andar atrás dos caminhões", conta o terceirizado Leandro
Araújo.
Decisão
Além de
determinar a volta de 50% dos tres mil funcionários das duas empresas que atuam
na limpeza urbana do Recife, o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região
anunciou outra medida. O desembargador Valdir José de Carvalho Informou que o
descumprimento da decisão provocará uma multa de R$ 30 mil por dia ao Sindicato
dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Limpeza Urbana, que comanda a
paralisação da categoria.
Em assembleia
realizada na sexta-feira, os trabalhadores da Vital Engenharia e Cael
paralisaram as atividades e afirmaram que não fariam a limpeza nas ruas da
cidade no fim de semana. Diariamente, de acordo com a Autarquia de Limpeza e
Manutenção Urbana do Recife (Emlurb), são recolhidas na cidade 1.600 toneladas
de resíduos. As empresas terceirizadas utilizam 40 caminhões compactadores.
O pedido de
suspensão da paralisação foi feito pela Vital Engenharia, que detém 70% do
contrato de coleta de lixo na capital pernambucana. O serviço também é
realizado pela Cael, responsável por 30% dos serviços.
Na decisão, o
desembargador também afirma que os responsáveis pela paralisação não poderão
impedir a saída de caminhões das garagens das empresas. Ele ressalta que, se
for necessário, determinará o uso da força policial para assegurar a
continuidades dos serviços de limpeza pública.
O magistrado
alegou que determinou o retorno imediato das atividades por entender que a
limpeza urbana é uma atividade essencial para a sociedade. O acúmulo da
sujeira, segundo ele, põe em risco a saúde da população.
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Garis suspenderam atividades na sexta-feira (7) (Foto: Débora Soares / G1) |
Motivos
A paralisação
foi deflagrada em uma reunião coordenada pela Força Sindical. O presidente da
entidade, Rinaldo Júnior, informou, na sexta-feira, que a mobilização tinha
como objetivo exigir melhores condições de trabalho para os garis.
Segundo ele,
uma determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) proíbe que os
trabalhadores andem pendurados nas caçambas dos caminhões. Isso, de acordo com
o sindicalista, reduzirá as equipes e provocará demissões nas empresas.
Ele explica que
o MPT exigiu que os garis andem na boleia dos caminhões. Por isso, as equipes
contarão com dois trabalhadores e o motorista, em vez de três garis, como
antigamente. Além disso, os profissionais da limpeza terão a carga de trabalho
ampliada, segundo Rinaldo Júnior, para poder realizar o trabalho com menos
efetivo.
Neste sábado, a
Força Sindical, que coordena a paralisação, informou que não foi notificada da
determinação judicial. Por isso, a paralisação será mantida e uma nova
assembleia ocorrerá na segunda-feira (10).
Poder público
Por meio de
nota, a Emlurb informou que está monitorando a paralisação das empresas
responsáveis pela limpeza urbana da cidade e que está buscando junto ao
Ministério Público do Trabalho uma medida cautelar para que o serviço seja
retomado imediatamente. O problema é decorrente de uma situação exclusiva entre
as empresas e a justiça do trabalho.
O município
está atuando na tentativa de contribuir para que as partes entrem em acordo,
uma vez que a população não pode ser prejudicada, sobretudo, nesse período de
inverno, quando o descarte de lixo pode provocar problemas ainda mais sérios
como alagamentos e deslizamento de barreiras. A Emlurb reforça, ainda, que está
em dia com os pagamentos das terceirizadas.
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