Levantamento é
da ONG Contas Abertas. Segundo a entidade, de janeiro a junho, o total liberado
foi de R$ 2,12 bilhões; nas três primeiras semanas de julho, R$ 2,11 bilhões.
Por Alessandra Modzeleski, G1,
Brasília
Fonte: ONG Contas
Abertas
O total de emendas parlamentares liberadas pelo governo nas três primeiras
semanas de julho equivale a quase tudo o que foi liberado nos seis primeiros
meses do ano, segundo levantamento da ONG Contas Abertas.
Emendas
parlamentares são recursos previstos no Orçamento, cuja aplicação é indicada
pelo parlamentar. Esse dinheiro tem de ser empregado em projetos e obras nos
estados e municípios. A liberação dos recursos é obrigatória, e o governo tem
todo o ano para realizar os repasses.
De
janeiro a junho, informou a entidade, o total liberado foi de R$ 2,12
bilhões. Nas três primeiras semanas de julho, R$ 2,11 bilhões.
O
aumento na liberação de emendas ocorreu em meio às articulações da base aliada
para garantir a rejeição, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da
Câmara, do relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) que recomendava ao
plenário o prosseguimento da denúncia de corrupção passiva da
Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer.
No
último dia 15, após sucessivas trocas na Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara, os deputados recusaram por 40 votos a
25 o relatório de Zveiter. Na sequência, aprovaram um
segundo relatório, de Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), recomendando a rejeição da
denúncia. Após o resultado, os oposicionistas criticaram a liberação
ostensiva de emendas no período próximo à votação e afirmou
que isso garantiu votos favoráveis ao presidente.
Segundo
a assessoria da Presidência, não há relação entre as emendas ao Orçamento e a
tramitação da denúncia na CCJ da Câmara. "Tradicionalmente, o maior volume
de liberação das emendas ocorre no final de cada semestre, em virtude da
programação orçamentária do Ministério do Planejamento", informou a
assessoria (leia a íntegra da manifestação do Planalto ao
final desta reportagem).
'Empenho'
Os valores informados pela ONG Contas Abertas, obtidos
numa base de dados do Senado, dizem respeito às emendas "empenhadas".
Isto é, são o compromisso de pagamento (o dinheiro não foi efetivamente
repassado para a obra ou serviço público a que se destina).
Com o empenho, o valor da emenda fica registrado na rubrica "contas a
pagar", e o governo tem até o ano seguinte para efetuar o pagamento.
“Normalmente,
com o empenho, os deputados já voltam para a cidade deles e fazem uma festa.
Anunciam, colocam no jornalzinho e depois pressionam para o governo liberar”,
afirmou o economista Gil Castelo Branco, secretário-geral da ONG.
Segundo
ele, a prática é comum e frequentemente o pagamento das emendas só é feito no
ano seguinte.
Valores
por deputado
O levantamento mostra, ainda, que, do total liberado em
emendas em 2017, mais de 82% foram para deputados federais (R$ 3,5 bilhões); o
restante, para senadores.
No
topo do ranking de beneficiados, segundo a ONG, estão as bancadas estaduais do
Maranhão, Roraima e Rio Grande do Norte.
Veja
abaixo a lista dos dez deputados que mais tiveram emendas parlamentares
liberadas pelo governo nos 19 primeiros dias de julho:
1.
Domingos Neto (PSD-CE): 10.722.953,00
2.
Vitor Valim (PMDB-CE): 10.722.953,00
3.
Aluisio Mendes (Pode-MA): 10.469.538,00
4.
Pedro Paulo (PMDB-RJ): 10.319.538,00
5.
Iracema Portella (PP-PI): 10.116.609,00
6.
Arnon Bezerra (PTB-CE): 10.000.000,00
7.
Luizianne Lins (PT-CE): 9.922.953,00
8.
Francisco Floriano (DEM-RJ): 9.722.953,00
9.
Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ): 9.494.800,52
10.
Zé Geraldo (PT-PA): 8.850.000,00
Resposta
do Planalto
Consultada sobre a liberação das emendas, a assessoria
do Palácio do Planalto informou o seguinte:
O orçamento impositivo foi
criado por meio da aprovação de uma emenda constitucional no ano de 2015 e
obriga o Governo Federal a não contingenciar as emendas parlamentares.
Tradicionalmente, o maior
volume de liberação das emendas ocorre no final de cada semestre, em virtude da
programação orçamentária do Ministério do Planejamento. Não existe ligação
entre as emendas orçamentárias e a denúncia da CCJ da Câmara dos Deputados.
Segundo a Consultoria de Orçamento e Fiscalização da Câmara, das emendas
efetivamente pagas entre 26/06 a 13/07 os maiores beneficiados são quatro
parlamentares do PT.
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