A foto acima tem
um significado singular para quem dedicou anos de atividades na saúde de
Araripina. Ela é datada de 26 de maio de 1983 e o Posto de Saúde Dr. José
Araújo Lima, estava novinho em folha e o personagem que posa para a foto, meu
amigo Luis Libano de Andrade (Denda), que desde jovem serviu por muito tempo na
Unidade de Saúde, já aguarda o seu tempo para então se aposentar.
Quando cheguei
para exercer as minhas atividades na referida Unidade de Saúde, alguns amigos
ou companheiros de trabalho já estavam por lá. Muito bem recepcionado pela
Diretora – Francisca Auxiliadora - fui vigia, arquivista, agente de vigilância
epidemiológica e sanitária. A Diretora era bem quista por todos os servidores,
até porque não tinha essas fofocas patrocinadas pelos políticos. Por lá já
laboravam Geonaldes (Pepêta), Alberto, Janildo, Luiz Libano, Solange Galega (em
memória), Solange Reis, Dona Maria, Lucinha e Floriza (em memória), Zefinha,
Icleia, Dr. Joaquim, Dr. Paulo Tarcísio, Dr. Adauto Leite, Marineide, Jucileide,
Maria Helena, Dr. Zé Alencar. Dr. Sebastião, Dr. Salomão, Veronquinha, Eurides,
Benícia, enfim, muita gente boa para lembrar, muita saudade porque naquele
tempo a palavra perseguição (pular essa parte) não existia.
Cheguei em
1990, e ainda estava em processo no país a
descentralização dos serviços de saúde, que em Araripina iniciava-se na Gestão
de Maria Dionéa de Andrade Lacerda (1993/1996), que daria poderes para gerir os
recursos da saúde aos municípios, e que as regulamentações para tais transições
estavam todas preconizadas na Lei 8.080/90 - que instituiu o SUS –
Sistema Único de Saúde e a Lei 8.142/90 – que garante poderes as comunidades
para participarem da gestão do Sistema.
Todo processo de
mudança e adequação da municipalização da saúde em Araripina, aconteceu sob o
comando do Dr. Alexandre Laje, Secretário Municipal de Saúde à época e um dos
melhores que conheci em termos de gestão racional.
Enquanto essa
tramitação não aconteceu dentro de todos os parâmetros exigidos pelo MS, os
recursos aplicados na saúde do município eram oriundos do Governo do Estado.
Para um tempo difícil não faltavam medicamentos, tínhamos cinco ou seis médicos
especialistas atendendo todos os dias na Unidade que era referência, tinha um
Programa de Saúde Alimentar – PSA (do Qual também trabalhei) que distribuía cestas
básicas para os usuários do SUS (gestantes, pacientes de Hansen, TB...) – só
não me lembro quais eram os critérios adotados para a distribuição, laboratório
funcionava, sala de PA, ambulatório, vacina, peso, atendimento à gestante,
posto de coleta de material para o papanicolau, e muitos outros atendimentos,
até porque naquele tempo ainda não haviam sido implantados os “PSFs” (hoje ESFs),
e os postinhos eram apenas extensões do Centro de Saúde nos distritos. Todo
mundo era ocupado e todos trabalhavam num ritmo só, em harmonia com os interesses
dos usuários.
As campanhas
humana e animal eram sucesso garantido porque todos participavam; o programa de
combate a hanseníase era desenvolvido por duas competentes enfermeiras: Viviane
Nicéas e Régia Cristina; o Programa de Imunização responsável pelo setor de
vacinas ficava na responsabilidade da Técnica Jacilene Matos e desconheço
profissional mais gabaritada (que hoje é responsável pelo setor na Regional de
Saúde).
E outros
projetos viriam a acontecer com o passar do tempo e o crescimento populacional,
inclusive com o aparecimento da cólera se não estou enganado em 1991, houve uma
intensificação enorme dos profissionais da Saúde que criou um batalhão principalmente
para as notificações e os pontos de bloqueio. Ninguém ficava de fora e também
ninguém se negava a contribuir.
Eu não queria bem me estender nesse contexto que tem um sentido político, até porque não pretendo me lançar em comparações de quem foi ou será melhor para transformar a saúde no nosso Município. Isso é uma incógnita e uma escolha do povo. Pronto. O que quero que o leitor interprete é que o nosso intuito é em verdade fazer uma viagem por tempos áureos que viveu Araripina, mesmo com as dificuldades do passado. E como a saúde, da qual me dediquei 28 anos (a completar em maio deste ano) como profissional executando várias atividades, em conversas com os nossos antigos companheiros, o que mais sentimos falta não são só do empenho e da dedicação ao trabalho, mas os momentos de lazer que foram proporcionados quando não existia um lado A e nem B disputando a vaga do colega. Comemorávamos tudo. São João, Natal, aniversários, um novo colega, uma nova amizade, essas coisas simples que do calor humano, da necessidade da interação a briga política partidária nunca mais uniu.
Quero em outra oportunidade discorrer sobre as escapadinhas da “Turma da Saúde”, que driblava ou pensava que driblava a esperta diretora, para a curtição geralmente nos finais de semana. Já tenho algo pronto, inclusive antecipar aqui a nossa eterna saudade do nosso grande companheiro de labuta, ANTÔNIO DELMONDES BENTINHO (O Bento). A sua “gaitada” inconfundível era uma peculiaridade que somente ele, sabia fazer com propriedade, e a dedicada função que lhe credenciara a Inspetor da Vigilância Sanitária por anos a fios. Nos faz muita falta.
Vamos
lembrar-mos dele e tenho certeza que com a ajuda de Geonaldes e Luis Libano (os
quais estou intimando), essa nossa história continua sendo contada, agora da
maneira que só eles podem descrever.
Abraços em
todos!
Blog do Paixão