Seu Né Ramos assumia pela terceira vez a prefeitura
A fase do radicalismo local de pessedismo e udenismo exaurira-se nas eleições de 1951. Em 1955 houve acordo. Suetone Alencar fora eleito para o seu terceiro mandato legislativo. Dispersara-se a hegemonia municipal do PSD. A derrota de Jarbas Maranhão, em 1958 favoreceu elementos da UDN. Formaram-se duas correntes políticas, a Frente Democrática, sob a sigla do PSD, que incluía conhecidos undenistas e as Oposições Unidas, com elementos do PSD, UDN e PTB, agora também em cena.
A eleição municipal de 1959 foi disputada sob essas duas bandeiras. A Frente Democrática formou a seguinte chapa: Manoel Ramos de Barros (PSD), para prefeito; José Gualter Alencar (UDN), para vice-prefeito; vereadores: Dr. José Araújo Lima (PSD); Dionísio de Deus Lima (PSD); José Arruda Jacó (UDN); Antônio Braz Sobrinho (PSD); Prisco Arraes (UDN). As Oposições Unidas marcharam para as urnas com: Sebastião Batista Modesto (PSD), para prefeito; para subprefeitos, da Sede, Geraldo Luciano de Oliveira (UDN); de Morais, Nelson Lopes da Silva (PTB); de Olho D’Água, Manoel Alves Feitosa (PTB); vereadores: Alfredo José Modesto (PTB, ex-pessedista); Paulo Batista Modesto (PTB, ex-pessedista); José Cordeiro da Rocha (PTB); Otacílio Leocário (UDN); Francisco Clarecindo Coelho (UDN); Hortêncio Pereira Lima (PTB, ex-pessedista); Antônio Guimarães (PTB); Ancilon Mendes da Costa (PTB, ex-pessedista), Raimundo Nonato Ferreira (PTB, ex-udenista); José Alcebíades de Souza (PTB, ex-pessedista); Gonçalo Silvestre da Silva (UDN); José Osmínio Jacó (PTB, ex-udenista); Leão Gomes Ferreira (UDN); João Teixeira Leite (UDN, ex-pessedista); Moisés Bom de Oliveira (UDN) e Joaquim Carlos Sobrinho (UDN).
A virada de casaca de muitos candidatos limitava os impulsos e a euforia da campanha. Ninguém queria ser chamado de traidor e, ainda, parte das famílias dos candidatos permanecia fiel aos seus tradicionais partidos. Esse fisiologismo não abriu espaço para as emulações partidárias, fazendo com que a campanha transcorresse tranquilamente. Ainda havia o pudor de se mudar de partido, pois o termo adesista não caía bem.
Foram eleitos Manoel Ramos de Barros e José Gualter Alencar, prefeito e subprefeito da Sede. Nelson Lopes da Silva e Manoel Alves Feitosa, subprefeitos dos dois outros Distritos; Dionísio de Deus Lima, Hortêncio Pereira Lima, Raimundo Nonato, Dr. José de Araújo Lima, Otacílio Leocádio, Francisco Clarecindo Coelho, Paulo Batista Modesto, Prisco Arraes e Ancilon Mendes da Costa elegeram-se vereadores.
Presidiu as eleições o DR. Hely Leitão de Melo.
Seu Né assumia pela terceira vez a prefeitura. Fez uma administração a seu estilo. Desta vez cuidou mais da urbanização, ampliou o calçamento das ruas, o ensino municipal e estadual tiveram decisivo apoio. O setor de saúde recebeu tratamento especial: despendeu grandes recursos para a conservação das estradas municipais: criou uma comissão, sob presidência de Geraldo Granja Falcão, para substituir o nome de todas as ruas da Cidade, por nomes de Araripinenses.
"A Prefeitura de Araripina nunca esteve nas mãos de udenistas de raiz".
Embora sem a nitidez partidária de outros tempos, era o PSD que continuava mandando, com prefeito e cinco vereadores. Aliás, a Prefeitura de Araripina nunca esteve nas mãos de udenistas de raiz.
Sobre Manoel Ramos de Barros
(SEU NÉ)
Nasceu na Fazenda Buqueirão, do Distrito de Bom Nome, município de São José do Belmonte, no dia 09 de julho de 1909, filho do Capitão Francisco Ramos Nogueira e de Maria Santina de Barros. Aos 3 anos, perdeu a mãe, que faleceu de parto. Foi morar com um tio, Cassiano Rodrigues, em Bodocó, em 1919, ano do segundo casamento de seu pai, com Antônia Muniz Soares, de Salgueiro. Em princípios do ano 1921, quando já cursava o 2º ano primário, voltou para a companhia do pai, que já morava em Ouricuri. Em 1922, o Cap. Chico Ramos estabeleceu-se em São Gonçalo com uma casa de tecidos em sociedade com os seus cunhados Francisco e José Carlos Muniz. Seu Né veio para São Gonçalo a cavalo, na companhia de Leopoldo, gastando 4 dias na viagem. Aqui à falta de professor, deixou de estudar, passando a ajudar o seu pai, na loja. Em 1929, já era Secretário do Conselho Municipal. Foi tesoureiro e secretário da prefeitura, na administração de Francisco da Rosa Muniz, seu futuro sogro. Exerceu o cargo de prefeito nomeado no período de 1938/1939. Eleito em 1947, foi o primeiro prefeito constitucional, após a queda de Getúlio. Voltaria novamente à prefeitura, no período de 1959/63. Aposentou-se por implemento de idade, em 1979, no cargo de escrivão, tabelião e oficial do registro de imóveis da Comarca de Araripina. Seu pai era Capitão da Guarda Nacional, tendo comprado a patente por quatrocentos mil réis. A compra da patentes da Guarda Nacional, após a extinção dessa instituição, era comum. O dinheiro dizia-se, destinava-se ao pagamento da dívida externa do Brasil. É o pai do ex-governador José Muniz Ramos, seu herdeiro político.
Fragmentos do livro: Araripina - História, Fatos & Reminiscências
De: Francisco Muniz Arraes
Blog do Paixão