Composto é pesquisado no Instituto de Química de
São Carlos
Por Daniel Mello -
Repórter da Agência Brasil São Paulo
A Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um
composto derivado do bagaço de cana que pode substituir o petróleo na
fabricação de plásticos. A pesquisa é do professor do Instituto de Química de
São Carlos Antonio Burtoloso. “A gente construiu uma molécula interessante, que
é um poliol, que são muito utilizados para fazer alguns tipos de plásticos”,
explicou o pesquisador.
A substância é, segundo Burtoloso, semelhante a
usada para elaborar plásticos como os usados em painel de carro ou alguns tipos
de espuma dura. Para testar as possibilidades de uso prático, no entanto, o
pesquisador está buscando parcerias com a indústria. “É um trabalho que está
bem no início, eu estou tentando firmar parcerias para a construção desse tipo
de material”, disse.

Professor do Instituto de
Química de São Carlos Antonio Burtoloso pesquisa derivado do bagaço de cana
para produção de plásticos - Henrique Fontes/IQSC
O trabalho busca alternativas ao petróleo na
fabricação desse tipo de material. “Ao invés da gente construir moléculas de
fontes de carbono, que não são renováveis, como é o caso hoje em dia, em que
quase 100% vem do petróleo, o que agente fez foi usar outra fonte de carbono,
que é a biomassa”, resume sobre os objetivos da pesquisa. Os resultados foram
publicados na revista científica britânica Green Chemistry.
A matéria-prima investigada no estudo existe em
abundância no país. Segundo pesquisa divulgada em 2017 pelo Instituto de
Economia Agrícola citada pelo professor, o Brasil gerou cerca de 166 milhões de
toneladas de bagaço de cana-de-açúcar na safra 2015/16.
É necessário ainda um grande período de
desenvolvimento para que a molécula possa chegar ao mercado na forma de
materiais acabados. “Eu não veria algo desse tipo virar um produto para o
consumidor antes de cinco anos”, estima Burtoloso.
Apenas após os testes industriais será possível
determinar os custos para a produção em escala de materiais derivados da nova
molécula ou o tempo para que esses itens se decomporem quando descartados. “Uma
vez demonstrado que esse material é interessante como substituto dos plásticos
atuais, teria que ser feito todo o estudo de degradação”, explica o pesquisador
sobre as etapas do trabalho.
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