Motivo seria o
cancelamento de contrato e falta de pagamento do serviço de transporte escolar,
diz polícia. Ele não foi encontrado e outro suspeito foi preso na capital na
quinta-feira (2).
Por G1 São Carlos e Araraquara e EPTV2

Empresário é suspeito de matar o prefeito de
Ribeirão Bonito, diz Polícia Civil
Um
empresário do setor de transporte é um dos suspeitos de envolvimento no
assassinato do prefeito
de Ribeirão Bonito (SP), Chiquinho Campaner. O motivo seria o
cancelamento de um contrato de transporte escolar e a falta de pagamento de
serviços prestados à prefeitura, segundo a Polícia Civil.
Campaner
foi assassinado com quatro tiros no dia 26 de dezembro do ano passado. O chefe
de gabinete e um amigo também forma baleados e já receberam alta.
Um
áudio que circula nas redes sociais mostra uma discussão com troca de ofensas e
ameaças entre o prefeito e o empresário, em 2018. (veja acima).

O prefeito de Ribeirão Bonito (SP), Francisco
José Campaner (PSDB), conhecido como Chiquinho Campaner — Foto: Reprodução/EPTV
Empresário foragido
A
Justiça expediu um mandado de prisão para o empresário, que não teve a
identidade divulgada. Policiais foram até a casa dele em Ribeirão Bonito, mas
ele não foi encontrado e é considerado foragido. De acordo com a polícia,
objetos que podem ajudar nas investigações foram apreendidos.
O
vigilante Cícero Alves Peixoto, também suspeito
de participar do crime, foi preso na noite de quinta-feira
(2) em São Paulo e confessou o crime. Segundo o delegado do Geraldo Souza
Filho, ele deu detalhes de como aconteceu o assassinato.
"Foi
um depoimento muito minucioso, o Cícero contou exatamente com o crime ocorreu e
de que forma ocorreu."

Os delegados Geraldo Souza Filho, Rogério
Vita e Reinaldo Lopes Machado em coletiva sobre morte do prefeito de Ribeirão
Bonito — Foto: A CidadeOn/São Carlos
Contrato cancelado
Em
coletiva de imprensa durante a tarde desta sexta-feira (3), em São Carlos, a
polícia disse que a motivação do crime foi o cancelamento do contrato referente
ao serviço de transporte fornecido pelo empresário.
"Houve troca da empresa que fazia o transporte escolar. O empresário nunca se conformou com isso, sofreu vários prejuízos", disse o delegado Geraldo Souza Filho.
Inconformado,
o empresário teria planejado a emboscada que terminou com a morte do chefe do
Executivo.
De
acordo com a polícia, Peixoto esteve algumas vezes em Ribeirão Bonito para
"conhecer o terreno". Ele teria recebido dinheiro do empresário, mas
o valor não foi divulgado. A polícia também não divulgou qual a participação de
cada um no crime.
O
vigilante já tem passagens pela polícia por outros dois homicídios. A advogada
de defesa de Peixoto, Fabiana Luchesi, afirmou à CBN São Carlos que ele admitiu
ser coautor do crime, mas não foi o responsável pela execução. "Está
disposto a colaborar com as investigações, com a Justiça, e acabou declarando
toda a participação dele nesse crime", disse.
Áudio com discussão e denúncia no MP
Depois
da morte de Campaner, voltou a circular nas redes sociais uma gravação
telefônica que mostra uma discussão entre o prefeito e o empresário, em 2018,
época em que o contrato foi cancelado. Na conversa, o prefeito e o suspeito
trocam ofensas e ameaças.
Em
outubro de 2018, o empresário, que prestava serviços para a prefeitura desde
2005, denunciou que estava com problemas para regularizar o seu contrato na
administração municipal e acusou um funcionário do Paço Municipal de estar
dificultando o processo.
Na
época, ele alegou que os problemas começaram a partir da gestão do prefeito
Chiquinho Campaner e chegou a procurar o Ministério Público para denunciar
irregularidades no setor de transportes da prefeitura e um inquérito foi
aberto.

Suspeito chega à DIG de São Carlos para
prestar depoimento — Foto: Claudinei Junior/ CBN São Carlos
O G1 tentou
contato com o MP para saber sobre o andamento da investigação, mas, devido ao
recesso do judiciário, não conseguiu retorno.
Procurada
pelo G1 nesta
sexta-feira (3), a assessoria de imprensa da Prefeitura de Ribeirão Bonito
apenas disse que o empresário não presta mais serviços para o município porque
perdeu a licitação.
Segundo
a polícia, os contratos do empresário com a prefeitura eram verbais. “É uma
situação muito complicada que foi apurada durante as investigações. Existem
muitas irregularidades apontadas lá, nas licitações, nos processos de pregão
eletrônico, que devem ser investigados a fundo paralelamente ao crime de
homicídio”, afirmou o delegado.
Vigilante preso
O
vigilante Cícero Alves Peixoto, de 56 anos, foi detido por investigadores da
Delegacia Seccional de São Carlos, que cumpriram um mandado de prisão
temporária na capital paulista.
Os
policiais foram até a casa do suspeito no bairro de Capão Redondo e não o
encontraram, mas parentes ligaram para ele, que foi até o local e se entregou.
O
carro usado por ele no dia do crime, um Honda Fit preto, foi apreendido. De
acordo com a polícia, o veículo era emprestado de um amigo.
Imagens
do veículo circulando por Ribeirão Bonito seguindo o carro do prefeito ajudaram
a polícia a chegar até o vigilante.
O crime
Chiquinho
Campaner foi morto em uma estrada de terra na zona rural, na entrada do
município. Os tiros atingiram a cabeça, o peito e o corpo do prefeito que
morreu no local.

Prefeito de Ribeirão Bonito foi morto em
carro oficial na quinta em estrada de terra — Foto: Reprodução/EPTV
No
ataque, o chefe de gabinete, Edmo Gonçalo Marchetti e Ary Santa Rosa também
foram baleados. Os dois tiveram ferimentos, foram levados
para o hospital e já tiveram alta.
O
lavrador Claudinei Bonani foi o primeiro
a chegar ao local do crime e ligou para a polícia. "Vi o
prefeito caído, juntamente com o Edmo [chefe de gabinete], pedindo
socorro".
Segundo
a Polícia Civil, o prefeito não tinha registrado boletim de ocorrência
relatando algum tipo de ameaça.
Campaner
estava no primeiro mandato como prefeito, após ter sido vereador em Ribeirão
Bonito.

Corpo de prefeito foi velado na Prefeitura de
Ribeirão — Foto: Gabrielle Chagas/G1
Blog do Paixão