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São 41 mortos e 39 pessoas desaparecidas. Soldados do Exército chegaram em Guarujá para ajuda humanitária aos mais de 400 desabrigados na cidade. Em Santos e São Vicente, os corpos dos últimos desaparecidos foram encontrados e buscas foram encerradas.
Por G1 Santos

Soldados do Exército chegam ao Guarujá (SP) para ajudar os desabrigados — Foto: Carlos Nogueira/Jornal A Tribuna
As buscas pelas vítimas do temporal que atingiu a região da Baixada Santista no início da semana continuam neste sábado (7) em Guarujá. Durante a madrugada, a Defesa Civil informou que mais corpos foram encontrados nas regiões soterradas pelos deslizamentos de terra e as buscas foram encerradas em Santos e São Vicente. O número de mortos chega a 41 e 39 pessoas permanecem desaparecidas. Soldados do Exército chegaram em Guarujá para ajudar no atendimento aos desabrigados.
Em Guarujá, cidade mais afetada pela chuva, 30 corpos foram localizados no Morro do Macaco Molhado e Barreira do João Guarda e o Corpo de Bombeiros estima que 39 pessoas estejam desaparecidas nos locais.
Moradores e voluntários ajudam os bombeiros nas buscas pelas vítimas utilizando equipamentos de segurança como capacete e luvas. Máquinas também são utilizadas para ajudar nos trabalhos de remoção.

Corpo de Bombeiros trabalham durante a madrugada na Barreira João Guarda, em Guarujá (SP) — Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros
Na manhã deste sábado, a pedido da prefeitura, soldados do Exército chegaram a cidade para oferecer ajuda humanitária. As equipes estão na Escola Municipal Profª Dirce Valério Gracia, que abriga os 253 desabrigados do município, ajudando as vítimas. Serão cerca de 25 militares atuando na ação diariamente.
"Ontem [sexta-feira] foi solicitada pela Prefeitura de Guarujá o apoio de militares do exército no apoio a Defesa Civil do município. A ajuda foi autorizada pelo comando militar do Sudeste e o exército está sempre pronto para auxílio. Vamos ajudar na seleção dos donativos, preparação dos kits e entrega das doações nas comunidade impactadas", explicou o tenente coronel Carlos Rocha, comandante da Fortaleza de Itaipu.
De acordo com a Defesa Civil do Estado, até a manhã deste sábado, haviam 253 pessoas desabrigadas em Guarujá e 185 em Santos. Eles estão sendo recebidos em abrigos e escolas. Em Peruíbe, são 102 desabrigados, que deixaram temporariamente suas casas e foram recebidos no Centro Comunitário do Caraminguava.
Na sexta-feira, o Corpo de Bombeiros disse que a ajuda dos soldados nas buscas 'não era necessária'.

Soldados do Exército chegam a Escola Municipal Profª Dirce Valério Gracia, em Guarujá (SP), para ajuda humanitária — Foto: Solange Freitas/G1
Em São Vicente, o corpo da terceira a última vítima da tragédia na cidade foi encontrado na região do Parque Prainha. Segundo a prefeitura, trata-se de um homem, de 69 anos, que morreu no deslizamento de solo. Com isso, o capitão do Corpo de Bombeiros, Marcos Palumbo, informou que as buscas foram encerradas na cidade e os agentes serão deslocados para o Guarujá.
Além deste senhor, morreram outras duas pessoas em São Vicente: uma mulher, de 60 anos, que faleceu no mesmo deslizamento de solo e um idoso, de 86 anos, que estava em uma clínica de repouso particular, na Vila Valença, quando o chão de um cômodo cedeu.
Em Santos, as quatro pessoas que estavam desaparecidas após os deslizamentos da cidade foram encontradas entre a madrugada e manhã deste sábado. O município registra 8 vítimas da tragédia e, com a localização das quatro últimas vítimas, que seriam da mesma família, o trabalho do Corpo de Bombeiros foi encerrado no Morro São Bento.

3 de março - Bombeiros cavam em busca de vítimas de um deslizamento de terra no Morro do Macaco Molhado, no Guarujá. Até sexta-feira (6), 29 pessoas haviam morrido com os deslizamentos na baixada santista e 41 continuavam desaparecidas — Foto: Amanda Perobelli/Reuters
Veja onde ocorreram as mortes:
· Guarujá: 30 mortes
· Santos: 8 mortes
· São Vicente: 3 mortes
· A tempestade causou alagamentos em vias públicas, afetou serviços (transporte, educação, fornecimento de água, energia elétrica e telefonia) e fez rodovias serem bloqueadas.

Dados das chuvas na Baixada Santista — Foto: Reprodução/TV Globo
Em um período de 24h, de acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), choveu 320 mm em Guarujá, valor muito acima da média de 263 mm prevista para março. Em Santos, choveu 239 mm, perto da média de 257 mm. Já em São Vicente foram registrados 207 mm de chuva, abaixo da média de 257 mm prevista para o mês todo.
Doações
As cidades da Baixada Santista estão recebendo doações para as famílias que foram prejudicadas pelo forte temporal. há uma necessidade maior de doações de colchões, travesseiros e roupa de cama para as vítimas do temporal. Também são necessários itens como roupas de banho, alimentos em geral, água e produtos de higiene pessoal.
Há postos de coleta em Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá. Confira os postos aqui.

Morro São Bento em Santos, na tarde desta quinta-feira (5), após dois dias do deslizamento — Foto: Felixx Drone
Governo do Estado
O governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), esteve em Guarujá nesta quinta-feira e anunciou R$ 50 milhões para investimento em infraestrutura para os municípios atingidos pela chuva. Doria também criticou o presidente Jair Bolsonaro por não ter se pronunciado diretamente com ele sobre as mortes e efeitos das chuvas na Baixada Santista.
O Governo de São Paulo já disponibilizou 21,2 toneladas em materiais de ajuda humanitária para o atendimento às vítimas das chuvas que caíram na Baixada Santista desde a última segunda-feira (2). Com apoio das prefeituras e entidades assistenciais, o Governo do Estado está providenciando a remessa de colchões, cobertores, cestas básicas, água sanitária e água potável aos municípios afetados.
Governo Federal
O Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), reconheceu o estado de calamidade pública em Guarujá e a situação de emergência em Santos e São Vicente, por conta das fortes chuvas. A decisão foi publicada na edição desta quinta-feira (5) do Diário Oficial da União.
Com a medida, as localidades poderão ter acesso a recursos federais para ações de socorro, assistência, restabelecimento de serviços essenciais à população e reconstrução de estruturas públicas danificadas.
Chuva na Baixada
O temporal começou na noite de segunda e se estendeu durante toda a madrugada e manhã de terça-feira. Moradores registraram alagamentos e ruas ficaram intransitáveis em toda a Baixada Santista. Passageiros de um ônibus mostraram o rápido aumento do nível da água no interior do veículo. Diversas linhas de ônibus e itinerários foram comprometidos pelo temporal.
Houve quedas de barreira nas rodovias Anchieta, Cônego Domênico Rangoni, Rio-Santos e Guarujá-Bertioga, que fazem a ligação de cidades da Baixada Santista com outras regiões do Estado de São Paulo. As rodovias precisaram ser interditadas. Nesta quarta-feira, a via Anchieta foi liberada, mas trechos da rodovia Guarujá-Bertioga continuavam parcialmente interditados até a última atualização desta reportagem.
Arte: Por que ocorrem os deslizamentos — Foto: Juliane Monteiro/Arte G1
Chuvas no Sudeste
A ausência de variações de temperatura no Oceano Atlântico e o aquecimento global explicam as fortes chuvas que atingiram a região sudeste do Brasil no mês de fevereiro, segundo especialistas consultados pelo G1.
Já o começo de março as chuvas também seguem castigando a região. Quatro pessoas morreram no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo nesta segunda-feira (2).
Blog do Paixão