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Cenário confuso no Recife

Por Magno Martins


A sucessão do prefeito Geraldo Júlio (PSB) no Recife está zerada, conforme levantamento do Instituto Opinião abaixo, que voltou a fazer pesquisa para este blog com exclusividade depois de uma paralisação por causa da pandemia do coronavírus. Parceiro do blog já na quinta eleição, Joaquim Braga, dono da Opinião, com sede em Campina Grande, se ausentou porque sua empresa não trabalha com pesquisa por telefone.

Diante desta situação, recorri ao Instituto Potencial, da Bahia, que fez pesquisas por telefone no Recife, Jaboatão e Olinda, em cima deste vácuo deixado pela parceira paraibana. Mas desde que voltou a fazer pesquisas presenciais, o Instituto Opinião, que nos deu uma margem histórica de 99% de acertos ao longo dos últimos 14 anos, renovou nossa aliança e passamos a publicar apenas levantamentos sob a sua responsabilidade.

Neste primeiro cenário traçado, algumas constatações óbvias: os percentuais de intenção de voto são muito baixos entre os candidatos. Marília Arraes (PT), que aparece à frente, não tem 20%, o que, diga-se de passagem, é muito ínfimo. Com as duas máquinas, a do Governo do Estado e a da Prefeitura do Recife, moendo em seu favor, João Campos, por sua vez, não chega a 15%.

Nos cenários de segundo turno, Marília, embora apareça na frente de todos, não tem ainda a segurança de que emplaca a eleição, que vai depender de muitos fatores, entre eles o X da questão PT, partido desgastado pelos escândalos de corrupção na era Lula e Dilma e que, no Recife, não está no palanque dela, mas agarrado aos cargos nos governos Câmara e Geraldo. Uma vergonha, para não dizer um comportamento escandaloso e imoral.

Já João Campos, embora tenha o maior exército de partidos aliados pedindo voto em sua aliança, vai enfrentar o desgaste da gestão PSB no Recife, rejeitada por quase metade da população, segundo a pesquisa. Isso sem falar que passará a campanha inteira se explicando sobre as seis operações da Polícia Federal na Prefeitura gerida pelo se padrinho, o prefeito Geraldo Júlio, que ganhou o troféu de “Hexa” em operações da Federal.

A pesquisa mostra, também, que João tem adversários competitivos na disputa pela segunda vaga no segundo turno, isso levando em consideração que Marília está na frente e, teoricamente, estaria com vaga assegurada na disputa final. São igualmente fortes, pela ordem da pesquisa, Mendonça Filho, do DEM, e a delegada Patrícia Domingos, do Podemos. Aliás, João, Mendonça e Patrícia têm praticamente os mesmos percentuais e fica impossível, a esta altura, ainda sem campanha o start da campanha, que só será dado no próximo domingo, saber quem vai se distanciar de quem nessa competição.

Por fim, é possível concluir, também, que o apoio de Daniel Coelho e do seu partido, o Cidadania, não agregaram em nada à candidatura da delegada, que aparece, numericamente, abaixo de Mendonça. A eleição no Recife promete muitas emoções, mas neste primeiro retrato do Instituto Opinião é inegável de que os quatro principais postulantes– Marília, João, Mendonça e Patrícia – são japoneses, ou seja, iguais em densidade eleitoral.

Marília tem frente apertada com 2º lugar indefinido

Na primeira pesquisa de intenção de voto para prefeito do Recife feita pelo Instituto Opinião em parceria com este blog, logo após a realização das convenções, a candidata do PT, Marília Arraes, aparece na frente, numericamente, mas num quadro de quase empate técnico entre os demais candidatos, nesta ordem João Campos (PSB), Mendonça Filho (DEM) e Patrícia Domingos (Podemos). Os demais postulantes aparecem bem distantes, com percentuais abaixo de 3,5%.

Se a eleição hoje, Marília teria 19,1% dos votos, João Campos viria em seguida com 14,3%, um ponto a mais que Mendonça Filho, que aparece colado, com 13,5%. A delegada Patrícia pontuou com 12,5%, Marco Aurélio, do PRTB, 3,3%, Alberto Feitosa, do PSC, 2,3%, Thiago Santos, da Unidade Popular, 0,5%, Carlos Andrade Lima, do PSL, com 0,3%, Cláudia Ribeiro, do PSTU, 0,3%, e, por fim, Charbel Maroun, do Novo, com 0,1%. Brancos e nulos somam 19,6% e indecisos chegam a 14,2%.

Na espontânea, modelo pelo qual o entrevistado é estimulado a lembrar o nome do seu candidato sem a lista disponível, Marília também lidera com 7,1%, João Campos vem em seguida com 5%, Mendonça e Patrícia aparecem empatados, com 3,9%. Marco Aurélio foi lembrado por 0,5%, Feitosa por 0,3%, Carlos Andrade Lima por 0,1%, Cláudia Ribeiro, por 0,1%, e Thiago Santos por 0,1%. Neste cenário, brancos e nulos representam 14% e indecisos sobem para 62%.

No quesito rejeição, o candidato do PSB está na frente. Dos entrevistados, 19,5% disseram que não votariam nele de jeito nenhum, seguido de Mendonça Filho, com 10,9% dos que afirmaram que não votariam nele de jeito nenhum. Depois, aparece Marilia, com um percentual de 5,4%. Em seguida, pela ordem, Alberto Feitosa, com 5,1%, Marco Aurélio, com 2,9%, Patrícia Domingos, com 2,6%, Charbel, com 2%, Carlos Andrade Lima, com 1,5%, Thiago Santos (0,9%) e Cláudia Ribeiro (0,6%). Ainda entre os entrevistados, 14% disseram que rejeitam todos os candidatos e 34,6% disseram que não rejeitam nenhum dos candidatos. 

2º TURNO: MARÍLIA BATE TODOS

O Instituto Opinião testou cenários de segundo turno com os candidatos mais competitivos. Marília Arraes aparece na frente de todos os adversários. No embate com João Campos, venceria com 36,9% dos votos contra 25,6%. Diante de Mendonça, o placar seria de 39,6% contra 28,9%. Já com a delegada Patrícia, Marília teria 39,4% e a delegada 30,1%.

A disputa com outros atores também foi testada. Num enfrentamento Mendonça x João Campos, o democrata venceria com 32,4% ante 30,6% do socialista. Já num cenário em que estivessem num segundo turno a delegada e João, ela venceria. Segundo o levantamento, Patrícia teria 33,1% e João 32,8%. Já numa disputa entre a delegada e Mendonça, a candidata do Podemos também ganharia. Teria 35,4% contra 28,9%.

O Instituto Opinião, que é de Campina Grande (PB), e tem parceria com este blog há 14 anos, com 98% de acertos, aplicou 800 questionários no Recife entre os dias 19 e 20 deste mês. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança estimado em 95%. A pesquisa está registrada na justiça eleitoral com o número de protocolo PE-01565/2020.

A modalidade de pesquisa adotada envolveu a técnica de Survey, que consiste na aplicação de questionários estruturados e padronizados a uma amostra representativa do universo de investigação. Foram realizadas entrevistas pessoais e domiciliares.

Estratificando a pesquisa, Marília tem suas maiores taxas de intenção de voto entre os eleitores com grau de instrução superior (26,3%), entre os eleitores jovens, na faixa etária de 16 a 24 anos (21,3%) e entre os eleitores com renda familiar até dois salários (18,1%). Por sexo, 19,7% dos seus eleitores que declararam voto são mulheres e 18,4% são homens.

João Campos, por sua vez, tem concentração maior de eleitores entre os com grau de instrução até o 9º ano (20%), entre os eleitores jovens (18%) e entre os eleitores entre dois e cinco salários (16%). Por sexo, 15,8% dos seus eleitores que declararam o voto são mulheres e 12,3% são homens.

Mendonça Filho tem suas melhores indicações de voto entre os eleitores com renda superior a cinco salários (20,3%), entre os eleitores com grau de instrução até o 9º ano (16,1%) e entre os eleitores na faixa etária entre 35 a 44 anos (16,5%). Por sexo, 15,6% dos seus eleitores que declararam o voto são homens e 11,8% são mulheres.

Patrícia Domingos, por fim, tem suas taxas de intenção de voto maiores entre os eleitores na faixa etária de 35 a 44 anos (20%), entre os eleitores com grau de instrução superior (14,9%) e entre os eleitores com renda familiar acima de cinco salários-mínimos (13,4%). Por sexo, 15,1% dos eleitores que declararam o voto são homens e 10,4% são mulheres.

AVALIAÇÃO DE GESTÃO

O Instituto Opinião também levantou o grau de satisfação da população do Recife com as gestões do município, do Estado e da União. O Governo Geraldo Júlio tem aprovação de 47,4% dos entrevistados, enquanto 45,4% desaprovam.

O Governo Paulo Câmara tem desaprovação maior. Entre os entrevistados, 53,4% disseram que desaprovam e 37,5% afirmaram que aprovam. O Governo Bolsonaro, enfim, tem aprovação de 40,5% e desaprovação de 50,8%.

DOIS TURNOS NO 1º TURNO


Numa leitura mais aprofundada dos números da pesquisa do Instituto Opinião no Recife, postada ontem neste blog, não seria precipitado arriscar um palpite: a cidade tende a enfrentar duas eleições numa só eleição de primeiro turno: a de Marília Arraes (PT) contra João Campos (PSB) e a de Mendonça Filho (DEM) frente à Patrícia Domingos (Podemos). Traduzindo: não há espaço no Recife para uma disputa final entre candidatos que disputam um mesmo segmento eleitoral.

No caso Marília x João, a batalha se dará em cima do eleitor no chamado campo da esquerda, enquanto Mendonça x Patrícia perseguirão o eleitorado mais conservador, de centro-direita, segmento com mais aderência para o bolsonarismo. É sabido que Recife é uma cidade rebelde e libertária, mas Bolsonaro teve 44% dos votos dos recifenses no primeiro turno presidencial de 2018 e no segundo turno aumentou para quase 50%, precisamente 47,50% dos votos.

Eleição se faz com números, com parâmetros. Qual chance teria quase 50% do eleitor recifense que votou em Bolsonaro dar uma guinada para o PT ou PSB, votando em Marília e João na eleição para prefeito do Recife? Teoricamente, nenhuma. Esse eleitor tende a votar em candidatos que venham a se identificar com o seu pensamento e a sua linha ideológica. Mais uma vez, teoricamente, esse segmento eleitoral está muito mais para Mendonça do que para Patrícia.

Até porque Mendonça assume que quer o voto de bolsonaristas, enquanto Patrícia não é tão decidida assim. Esse eleitorado, alguém poderia corrigir, estaria mais inclinado para um candidato com perfil e defesa mais bolsonaristas, como Alberto Feitosa, candidato do PSC. Mas este leva a desvantagem de ser o mais desconhecido e para subir nas pesquisas teria que ter as benções de Bolsonaro na campanha. O presidente já reiterou que não se envolverá na campanha em nenhuma cidade.

Recife, portanto, terá duas eleições de segundo turno num primeiro turno. O adversário de Marília é João, o de João é Marília. O adversário de Patrícia é Mendonça, o de Mendonça é Patrícia. Se essa tese for contrariada lá na frente, na abertura das urnas, mais uma vez estaremos diante da confirmação de que a política está longe de ser uma ciência exata.

Pisada de bola – Ainda em relação ao eleitorado cativo de Bolsonaro, Mendonça ficou numa condição muito mais favorável para conquistar depois que o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, postou em suas redes sociais que a candidatura de Patrícia Domingos, a qual o seu partido estava apoiando, representa também o voto do combate ao bolsonarismo, ou seja, mandou dizer que não seria bem-vindo o voto de eleitores simpáticos ao presidente da República ao projeto da delegada para o Recife. Miguel Arraes já dizia, com a sua sabedoria, que não deve rejeitar votos, venham de onde vier, para quem está no jogo em busca da vitória.


Na adversidade – Um dado que chamou atenção na pesquisa do Instituto Opinião, postada hoje no meu blog, sobre a corrida eleitoral no Recife: João Campos, candidato do PSB, além de ser o mais rejeitado, perde a eleição no segundo turno para todos os adversários. A campanha só começa no próximo domingo, mas ele terá pouco tempo para reverter esse quadro de dificuldades, até porque Geraldo Júlio, o seu padrinho, é reprovado por metade dos entrevistados. Geraldo vai encerrando sua passagem pela Prefeitura do Recife com baixos percentuais de aprovação. Não passa dos 45%, segundo a mesma pesquisa do Instituto Opinião, mesmo gastando rios de dinheiro com propaganda.

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