Por Alexandro Martello e Luiz Felipe Barbiéri, G1 — Brasília
Reforma administrativa: governo propõe fim da estabilidade para parte de
novos servidores
A
proposta de reforma administrativa, enviada pelo governo ao
Congresso nesta quinta-feira (3), abrange futuros servidores públicos dos
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União, estados e municípios. Não
afetará os atuais servidores.
O texto não vale
para parlamentares, magistrados e promotores. De acordo com o governo, esses
são membros de poderes e têm regras diferentes dos demais servidores. A reforma
também não valerá para militares, que estão sujeitos a normas distintas.
Os detalhes da
reforma foram apresentados em entrevista coletiva no Ministério da Economia.
"No
Judiciário, os membros do poder são os que integram a magistratura — juízes,
desembargadores, ministros dos tribunais superiores. No Ministério Público, são
os promotores, procuradores. No Legislativo, são os parlamentares. Esses são
membros do poder que são regidos por estatuto próprio. O que estamos
apresentado na PEC é o que é aplicado a servidores dos poderes executivos,
legislativos, Judiciário da União, estados e municípios", afirmou o secretário-adjunto
de Desburocratização do Ministério da Economia, Gleisson Rubin.
Ele afirmou que o
texto não se aplicará a membros de outros poderes porque as regras, nesses
casos, não podem ser definidas pelo governo federal.
"Não se
estende aos membros de outros poderes, pois chefe do Poder Executivo não pode
propor normas de organizações de outros poderes. Magistrados, parlamentares,
não estão no escopo da proposta que estamos trazendo aqui. Eventual inclusão
deles depende de que cada poder faça uma proposta, ou que a nossa proposta seja
ampliada. Essa é uma decisão do Congresso Nacional", disse Rubin.
A reforma
administrativa foi enviada ao Congresso em forma da proposta de emenda à
Constituição (PEC). Para virar lei, de fato, precisará ser aprovada em dois
turnos de votação por três quintos dos parlamentares de Câmara e Senado.
Dentro do governo,
em especial na equipe econômica, a reforma é vista como uma medida essencial
para modernizar a máquina pública e cortar gastos.
Outros
pontos
- Fim da
estabilidade - Entre as mudanças
propostas pelo governo, via reforma administrativa, está o fim da estabilidade para parte dos
novos servidores do Executivo federal. "A estabilidade dos
servidores que já ingressaram no serviço público continua nos mesmos termos da
Constituição atual. Os vencimentos dos servidores atuais não serão
reduzidos", informou o governo.
- Maior poder para o
presidente extinguir cargos e órgãos - O texto propõe que presidente da República possa extinguir órgãos públicos via
decreto. Atualmente, isso só pode ocorrer por meio da aprovação de um projeto
de lei. Pelas regras atuais, o presidente da República só pode extinguir cargos
vagos. Com as mudanças, ele também poderia extinguir cargos (efetivos ou
comissionados), funções e gratificações; reorganizar autarquias e fundações;
transformar cargos, quando vagos, mantida a mesma natureza do vínculo; e
reorganizar atribuições de cargos do Poder Executivo
- 'Penduricalhos'
- O texto
também prevê o fim dos chamados
"penduricalhos" para futuros servidores, que são
benefícios como licença-prêmio e fim da aplicação de aposentadoria compulsória
como punição por irregularidades. Na aposentadoria compulsória, o servidor
deixa de trabalhar, mas continua recebendo salário.
Mudanças
legais
Depois de aprovada
a PEC, há outros projetos de lei que também precisam ser aprovados para que as
todas as regras entrem em vigor.
Estão previstos
projetos de lei para
- gestão de desempenho;
- consolidação de cargos, funções e gratificações;
- diretrizes de carreiras;
- modernização das formas de trabalho;
- arranjos institucionais;
- ajustes no Estatuto do Servidor.
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