Humberto diz que não faz sentido João negar cargos que o PT não pediu

Por Renata Bezerra de Melo

Senador vê como natural PT não figurar em secretariado de João - divulgação

Um dia depois de o tesoureiro do PT-PE, Oscar Barreto, defender diálogo com a Frente Popular, apesar de João Campos já ter afirmado que "não terá nenhuma indicação política do PT" no seu governo, o senador Humberto Costa, pela primeira, após o 2º turno, se pronuncia sobre a relação do PT com o PSB e faz avaliação das escolhas do próprio PT. Na análise de Humberto, não faz sentido João negar cargos que o PT não pediu.

O senador considera natural, inclusive, que o partido não esteja na Prefeitura do Recife dado o ambiente que restou após a disputa na Capital pernambucana, onde o PSB adotou o antipetismo como estratégia de campanha, ancorado até em agenda conservadora para descontruir a candidatura de Marília Arraes. À coluna, após declarações feitas por João Campos contra o PT, Humberto já havia acusado "desespero" dos socialistas.

Além de reagir à declaração de João Campos, Humberto Costa, que falou, na manhã desta terça-feira (1º/12), em entrevista à CBN Caruaru, realçou o baixo nível da campanha, fazendo críticas ao comportamento do PSB. O senador tem dito que nunca tinha visto campanha dessa forma e compara com disputas entre PSB e PT em outras eleições, como em 2012 e 2016. Segundo ele, nas duas, as duas siglas se enfrentaram, mas sem esse tipo de debate rasteiro.

Humberto tem lembrado que, ainda no 1º turno, defendeu a entrega de cargos do PT na Prefeitura do Recife, onde Oscar Barretto era secretário de Saneamento, entregando a pasta já em meio à campanha. Oscar falou nesta segunda (30/11), à CBN Recife, dizendo não reconhecer Marília Arraes como liderança local do PT. “Não acredito nessa liderança. Nossa liderança continua sendo o senador Humberto Costa”. A fala de Humberto, na sequência, parece sinalizar que ele não compactua com a posição de manter-se, agora, em gestão do PSB. Sobre cargos no governo Paulo Câmara, Humberto diz que o Diretório Estadual vai discutir.

O senador faz ainda um mea culpa em relação à postura adotada pelo PT. Entende que faltou ao partido se comunicar melhor. Para ele, realmente as eleições mostraram que o PT precisa reavaliar, mas observa não ser uma questão exatamente de hegemonismo como tem acusado aliados, pontuando que o partido é o maior do País, o que implica em ele ter interesse em concorrer nas eleições.

Humberto elogia campanha de Marília e diz que urnas colocaram PT como oposição a João Campos

Por Blog da Folha

Principal liderança do PT no Estado, o senador Humberto Costa não esconde a frustração com o desempenho do partido nas eleições de 2020, tanto em Pernambuco, como no cenário nacional. O Recife, no entanto, para ele é exceção. Apesar da derrota nas urnas para o PSB, Humberto identifica "um resultado muito positivo" na Capital pernambucana. "Conseguimos chegar ao segundo turno, em grande parte por mérito de Marília Arraes, mas também mostramos que o PT como partido exerce uma influência política importante. Tem uma base social boa, significativa", avalia. 

O senador afirma que ainda não assimilou o caminho escolhido pelo PSB, de atacar o PT, buscando incentivar o antipetismo como estratégia eleitoral. "O PT foi aliado do PSB em 2006, 2010 e 2018, portanto não entendo. Foi algo muito inesperado, em 2016 também fomos ao segundo turno contra o PSB e não tivemos um tipo de campanha como esse", critica, acrescentando que o a campanha dos socialistas "não condiz com a postura de um partido que ocupa o campo progressista". "Foi uma campanha rasteira, de ódio, utilizou o antipestismo, com acusações de todo tipo, utilizando até o fundamentalismo religioso, algo parecido com o que ocorreu com Haddad em 2018", pontua. 

Humberto frisa que "a própria eleição coloca o PT como oposição a João Campos" na esfera municipal. Ele, porém, não crava o rompimento com o Governo do Estado, apesar de ressaltar que a relação entre as legendas está abalada.