Aldo de Souza, de 60 anos , e a esposa Márcia Barbalho, de 51, escaparam do acidente que deixou quatro mortos em Natal, no Rio Grande do Norte; casal teve a casa destruída e passou por cirurgias na costela e na cabeça
Rodrigo Castro / Época
Aldo Américo de Souza, de 60 anos, foi resgatado após explosão no RN Foto: Divulgação
Os professores Aldo Américo de Souza, de 60 anos, e Márcia Maria Barbalho, de 51, dormiam quando o quarto em que estavam foi destruído por uma explosão no prédio vizinho que culminou na morte de quatro pessoas em Natal, no Rio Grande do Norte. Ao acordarem, estavam sob escombros, no escuro, em busca de uma brecha para respirar. Foram cerca de 30 minutos de agonia até serem resgatados. Quase dez dias após o acidente, as cicatrizes e memórias ainda acompanham o casal, que teve a casa devastada e aguarda respostas sobre sua situação.
A explosão ocorreu por volta de 3h30 da madrugada do último dia 7 em um edifício compartimentado no bairro Mãe Luiza, na Zona Leste da capital potiguar. A estrutura desabou por inteiro e atingiu a casa dos professores, os únicos sobreviventes retirados dos escombros. Entre as vítimas, estavam uma mãe e a filha de 18 anos.
"Quando desabou, os escombros vieram tudo sobre a gente e ficamos soterrados. Foi um momento muito tenso. Do nada, a gente escuta só o barulho e, de repente, já está totalmente soterrado. Ficou uma laje sobre minha cabeça, mas deu para achar um espaço com ar e conseguir falar. Comecei a orar, pedir a Deus para me livrar", contou Aldo.
Em meio aos destroços e sem enxergar, o professor escutou passos de pessoas próximas ao local. No mesmo instante, não hesitou em gritar repetidas vezes até que o localizassem. Os bombeiros levaram mais de 30 minutos para realizar o resgate.
"Ouvi alguns barulhos de pisada nos escombros, vi que era minha oportunidade e comecei a gritar. Fiquei bastante rouco, gritando, gritando, até que o pessoal me achou pelos gritos, porque estava tudo escuro. Eles tiraram uma laje que estava sobre minha cabeça e aí consegui respirar um pouco. Mas só a cabeça, porque o corpo estava totalmente soterrado", disse Aldo. "Só pensava que ia morrer e na minha esposa. Estava bastante machucado, mas surgiu uma luz, o pessoal nos resgatou e estamos aqui".
O casal foi encaminhado para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, mas recebeu alta ainda no domingo. Aldo foi submetido a uma cirurgia na costela e teve uma pequena fissura na clavícula além de hematomas, enquanto sua esposa passou por um procedimento na cabeça, onde teve uma leve lesão.
A suspeita é de que a explosão foi causada por um botijão de gás. Segundo o Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep), que investiga o motivo, o laudo deve ficar pronto ainda esta semana. Após o acidente, a Defesa Civil interditou quatro imóveis, que passaram por vistoria. Na ocasião, o secretário municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas), Adjuto Dias, disse que daria "todo auxílio e suporte às famílias desabrigadas, seja com aluguel social ou assistência, assim como auxílio funeral às famílias que perderam seus entes".
Sem respostas sobre sua situação, Aldo e Márcia estão morando em uma pequena residência perto da antiga casa. O casal espera ter um retorno acerca de como deve proceder ainda nesta semana. Enquanto isso, restam as lembranças da destruição.
"O quarto e a sala de visita foram destruídos. Na garagem, só ficou uma parede solta presa ao carro, que ajudou a ter espaço para os bombeiros se locomoverem. A casa está imprestável. De repente, tudo foi desmanchado. Só ficou a vida", disse Aldo.
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