Maior jogador da história do futebol, que completa 80 anos essa semana, mudou, ainda jovem, de Três Corações (MG) para a cidade paulista de Bauru, e foi lá onde desenvolveu a paixão pelo esporte que o fez encantar o mundo
FABIO PREVIDELLI
Foto de Pelé quando criança - Divulgação/ Instagram/ Pelé
Nome mais famoso da cidade de mineira de Três Corações, Edson Arantes do Nascimento nasceu em 23 de outubro de 1940. Fruto de uma tabelinha de João Ramos do Nascimento, o seu Dondinho, com dona Celeste Arantes.
O garoto, que é o mais velho de três irmãos, foi batizado como homenagem ao inventor Thomas Edison, de quem o pai era fã. Porém, com uma pequena diferença: “Na minha certidão de nascimento, o meu nome aparece como Edison, com ‘i’, um erro que persisti até hoje... Para meu eterno aborrecimento”, descreve o próprio em Pelé: A Autobiografia (Editora Sextante).
Com ou sem erro de digitação, uma coisa era certa: a admiração do garoto por seu pai, que era jogador de futebol. Não raro, contava com orgulho a oportunidade em que seu Dondinho marcou cinco gols de cabeça num único jogo — feito que Pelé jamais foi capaz de superar em sua carreira vitoriosa.
Em 1945, a família muda para Bauru, no interior de São Paulo, onde Dondinho, que era centroavante, atuaria pelo Bauru Atlético Clube. Desde essa época, o pequeno Edson se viu encantado com o esporte, tanto que dava mais importante ao BAC — apelido pelo qual o time de Bauru era conhecido — do que a escola.
Origem do apelido
Além de seu pai, o jovem também tinha outra inspiração no futebol, o goleiro Bilé, titular absoluto do desconhecido Vasco de São Lourenço (MG), antigo time de seu pai. Pode parecer estranho, mas aquele que se acostumaria a infernizar as zagas adversárias gritava “Biléee” ou Segura Bilé” toda vez que fazia uma defesa imaginária.
Mas, quis o destino, que esse ilustre desconhecido se tornasse o motivo pelo qual o garoto recebeu o apelido de quatro letras que o mundo inteiro sabe a quem pertence. Com a fala ainda confusa e o sotaque mineiro forte, Bilé soava mais como Pilé, e daí para Pelé foi algo, como podemos imaginar, mais natural.
O apelido pegou e encantava a todos, assim, como no futuro, encantaria muito mais —não só uma nação, mas todos os aficionados por um dos esportes mais populares do mundo.
Copa de 50: A frustração e a promessa de Pelé
O futebol, assim como todas as práticas esportivas, tem seus dias de glórias, claro, mas também tem momentos tristes e frustrantes. Se dentro das quatro linhas pai e filho se divertiam com a bola nos pés, fora delas sofreram com a Copa do Mundo de 1950.
A alegria que persistia no início do jogo durou pouco. Às 16 horas e 50 minutos do dia 16 de julho, eles (e o Maracanã todo) se calaram ao ver a esquadra uruguaia superando a Seleção Brasileira. Mesmo precisando apenas de um empate para ganharem seu primeiro título, os jogadores brasileiros não conseguiram segurar a garra e determinação dos Celestes, que saíram em desvantagem no placar e buscaram a virada com um gol de Ghiggia, no final da partida.
O mesmo silêncio que marcou o Maracanaço — como o fatídico episódio ficou conhecido — tomou conta da casa dos Arantes do Nascimento. Mas, diferentemente do público que lotava o recém inaugurado estádio carioca, o jovem Edson tinha certeza de que os tempos áureos da seleção canarinho ainda chegariam. E, como se pudesse adivinhar o futuro, prometeu ao seu pai: “Um dia vou ganhar a Copa do Mundo para o senhor”.
XUXA E PELÉ: O RELACIONAMENTO QUE FICOU CRAVADO NA HISTÓRIA DA IMPRENSA BRASILEIRA
O Rei do Futebol e a Rainha dos Baixinhos estiveram juntos durante seis anos
WALLACY FERRARI
Todo encontro de monarquias costuma ser amplamente prestigiado e coberto por veículos de imprensa, mas quando o Rei do Futebol se encontrou com a futura Rainha dos Baixinhos, a movimentação nacional foi ainda maior; Pelé e Xuxa chegou a ser o casal-sensação das revistas de celebridades do início da década de 1980 — e justamente, começou por causa de uma.
A extinta Manchete promovia uma publicação de fim de ano com o astro recém-aposentado dos campos, sempre acompanhado das belas modelos que figurava a capa das publicações da Editora Bloch. Em 20 de dezembro de 1980, a edição da revista figurava Pelé, ao centro, junto de Luiza Brunet, da atriz Márcia Brito, da modelo Adeline e da jovem Xuxa, com apenas 17 anos.
Em entrevista ao jornalista Luis Erlanger pelo Instagram, ela explicou que, no mesmo dia em que realizou o ensaio, recebeu o convite do ex-jogador para um jantar: “Ele me convidou para jantar, eu falei que não podia, até porque morava longe e falei que era menor. Então, ele ligou lá para casa, meu pai desligou achando que era trote”. Mesmo assim, aceitou o convite desde que seu irmão fosse acompanhá-la.
Casal unido
O jantar aproximou o casal. “Ele disse assim: ‘tão dizendo que o Pelé está te namorando. E Pelé precisa sair. Você gostaria de acompanhar o Pelé?’, e eu disse ‘tá bom’. E fui”.
No livro "Memórias", lançado por Xuxa em 2020, ela acrescenta que sentiu certo distanciamento do rei após o mesmo descobrir que a jovem era virgem: "Ele disse que não queria ter a responsabilidade de ser o meu primeiro homem". Com isso, esperou a garota ter a primeira relação naturalmente com outra pessoa, para retomar o flerte, como repercutiu o site AnaMaria, parceiro da Aventuras na História.
Por causa do companheiro, também fez o filme "Amor Estranho Amor", em 1982. E não foi a única experiência péssima relatada pela loira; as saídas frequentes do astro resultavam em frequentes traições: "Eu era traída loucamente. Já aconteceu de, em festas, eu ver que ele estava com marcas de batom na boca que não era o meu".
Primeiro amor
Apesar dos problemas corriqueiros com a fama do namorado, a relação perdurou por seis anos, como disse em entrevista ao youtuber Matheus Mazzafera, acrescentando que Pelé foi seu primeiro amor: “Acredito que ele queria dizer que era um relacionamento aberto, mas era aberto só para ele. Era uma situação esquisita”.
Ela acrescentou que começou a perder a admiração pelo companheiro quando notou a despreocupação crescente com o outro: “Quando comecei a ver que não era isso que eu queria para mim... [foi] quando fiz 23 anos, disse a ele que estavam me chamando para ir para a Globo".
"Ele comentou ‘acho que você não deveria ir porque ser a primeira é muito difícil. Melhor você ficar na Manchete e ser a segunda. Aí eu comecei a sacar que não era uma pessoa que estava torcendo por mim”, acrescentou Xuxa.
Após o término, a loira se relacionou com outro ídolo nacional; Ayrton Senna, com quem esteve até o início da década de 1990. Pelé, por sua vez, casou com a cantora gospel Assíria Nascimento em 1994.
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