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antada
em verso e prosa pelos escritores românticos, conhecida como “mal do século”
XIX, responsável pela morte de grandes nomes da literatura e da arte, a
tuberculose é ainda hoje uma das doenças infecciosas que mais causa mortes
diárias em todo o mundo.
Segundo a OMS, 10 milhões de pessoas adoecem com a tuberculose
por ano. No Brasil, cerca de 4 mil mortes pela doença são registradas
anualmente. A principal causa dessas mortes é a falta de continuidade no
tratamento.
O termo tuberculose passou a ser usado em 1839 por Schöenlein,
que se baseou no nome dado por Sylviys à lesão nodular encontrada em pulmões
das vítimas da doença. Antes disso, usavam-se termos diversos, como: peste
branca, tísica, consunção ou doença do peito.
A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa, causada pelo
Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch. Acredita-se
que ele esteja presente desde o início da história da humanidade. Ao
instalar-se no ser humano, ele sofreu um aumento da virulência, tornando-se
letal em diversas circunstâncias.
Dados
arqueológicos indicam que a doença esteve presente entre os egípcios há 6 mil
anos. Há indícios de que no último milênio antes de Cristo, teria havido um
sanatório para receber os doentes no delta do rio Nilo. Na Índia e no Egito,
houve um intenso estudo da moléstia, mas foram os gregos que a descreveram com
mais detalhes. Estudos atribuídos a Hipócrates falam dessa patologia dos
pulmões como uma das mais letais doenças da época.
Nos séculos XV e XVI, a tuberculose se tornou uma grande
preocupação na Europa e os estudos médicos voltaram-se de forma mais intensa
para a busca de tratamentos para a doença. No Brasil colonial, os indígenas
foram bastante afetados por esse mal, o contato com os colonizadores o espalhou
pela colônia e provocou muitas mortes.
Durante os séculos XVIII e XIX, principalmente após a Revolução Industrial, a tuberculose se disseminou pela Europa e foi causadora de um grande número de mortes. As intensas migrações para as áreas urbanas, as más condições de higiene e a falta de tratamento adequado foram fatores muito propícios para que as mortes se espalhassem. Estima-se que em 1855, a tuberculose tenha sido a responsável por 30% das mortes no continente europeu.
Curso de enfermeiras visitadoras que cuidavam de doentes com
tuberculose
Nesse contexto, ela se tornou um tema recorrente durante o Romantismo.
A vida boêmia, o consumo exagerado de ópio e absinto, a vida desregrada que
alguns românticos levavam foram fatores que contribuíram para a morte precoce
de muitos românticos, vítimas da tuberculose. Assim, nasceu a ideia de “mal do
século”. Em alguns casos, essa boemia e desregramento eram apenas recursos
poéticos, uma forma de dar vida à ideia do escapismo tão presente na literatura
romântica, mas a doença foi um fato bastante real entre diversos jovens poetas.
Consumidos pela tísica, morrer jovem deixou de ser apenas um tema dos poemas
que produziam e se tornou um fator que tirou a vida de grandes nomes do
Romantismo.
Em
1882, Robert Koch descobriu o bacilo causador da tuberculose humana e a sua
forma de transmissão. A descoberta de que a doença era transmitida pelas
gotículas que se espalhavam quando o doente tossia permitiu um aprimoramento do
tratamento e um diagnóstico mais preciso da enfermidade.
O tratamento passou a ser baseado no isolamento dos doentes e na
busca por um diagnóstico precoce. Os médicos passaram a recomendar novos
hábitos de higiene, boa alimentação e ar fresco. Assim, os pacientes começam a
ser internados em sanatórios localizados em montanhas, pois se acreditava que o
ar puro poderia revitalizar os pulmões.
Vila Abernéssia, Campos do Jordão em 1930
Muitos
avanços foram alcançados no tratamento e, a partir de 1943, com o surgimento da
estreptomicina, o tratamento passou a ser mais efetivo e houve um controle
maior da doença. Entretanto, sua erradicação ainda está distante de ser
alcançada. Portadores de HIV, moradores de áreas com pouca ventilação e baixa
incidência de sol são as principais vítimas da moléstia. A favela da Rocinha,
por exemplo, é um dos lugares com maior índice de infectados no Rio de Janeiro.
A doença que já causou a morte de grandes nomes como Dom Pedro
I, Casimiro de Abreu, Noel Rosa, Manuel Bandeira, Álvares de Azevedo, Castro
Alves, José de Alencar, Cruz e Souza, Ismael Nery, George Orwell, Vivien Leigh,
Frédéric Chopin, John Keats e Franz Kafka, segue vitimando pessoas no mundo
todo. Embora tenha cura, seu tratamento leva cerca de seis meses e é abandonado
por muitos doentes. Além disso, a demora em buscar cuidados médicos acaba
levando muitos doentes à morte.
Iconografia da História
Referências:
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-460X1999000200002
http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2012/v10n3/a2886.pdf
https://static.scielo.org/scielobooks/4/pdf/bertolli-9788575412886.pdf
Blog do Paixão