Fraudes foram detectadas em uma primeira etapa de conferência, entre fevereiro e março. De 55 dispositivos analisados, 49 apresentavam problemas, segundo CPRH.
Por g1 PE
Aves apreendidas com criadores de Pernambuco passaram por avaliação que comprovaram irregularidades em anilhas de controle — Foto: CPRH/Divulgação
Um levantamento da Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH) aponta fraudes em anilhas colocadas na maioria dos pássaros apreendidos com criadores e recolhidos no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas/Tanagará) no Recife. Dos 55 dispositivos analisados, 49 apresentavam problemas. Ou seja, 83% desse certificados foram adulterados, clonados ou falsificados.
As fraudes foram detectadas em uma primeira etapa de conferência dessas anilhas, entre fevereiro e março deste ano. Em Pernambuco, há cerca de 13 mil criadores amadores e todos são fiscalizados pela CPRH.
A colocação de anilhas é uma técnica utilizada no estudo do comportamento dos pássaros, assim como para controle de criadores de aves exóticas e silvestres. Ela consiste na marcação individual das aves com um pequeno anel de metal ou plástico na pata.
Esses pássaros, de várias espécies, chegaram ao Cetas Tangará depois de serem apreendidos. Essas ações ocorreram a partir de denúncias ou em eventos de competição de canto, uma prática autorizada pelos órgãos competentes.
Os dispositivos são codificados, padronizados, fabricados e distribuídos conforme normas ambientais federais. Essas anilhas possuem diâmetro adequado para serem colocadas na primeira semana de vida, para que, após o crescimento, não possam mais ser retiradas.
O processo de anilhamento das aves passou por laudos periciais. O levantamento que atestou a fraude será enviado, ainda em abril, segundo a CPRH, para as Polícias Federal e Civil de Pernambuco.
Em caso de comprovação das adulterações ou falsificações dos dispositivos, os responsáveis podem pegar até seis anos de cadeia.
“O crime de tráfico de animais silvestres só perde para tráfico de armas e de drogas, em todo o mundo. Um processo desse pode levar a ouvida de até dez pessoas envolvidas”, afirmou o gerente da Unidade de Gestão de Fauna da CPRH, Iran Vasconcelos.
Ainda segundo Vasconcelos, há outros 100 pássaros recolhidos no centro de triagem de animais silvestres e todos eles vão passar pelo laudo para autenticar as anilhas.
“O problema pode ser bem maior do que já identificamos. As pessoas estão fraudando selos públicos federais. Tem gente que recebe esses animais de outros criadores e nem desconfia da fraude.. Por isso, é necessário fazer a investigação”, afirmou.
Iran Vasconcelos informou que o processo de análise das anilhas começou quando as equipes da CPRH passaram por um treinamento no Instituto Brasileiro e Meio Ambiente (Ibama). Equipamentos específicos foram comprados para facilitar os trabalhos.
O controle da atividade é feito por meio de um sistema informatizado denominado Sispass, implantado pelo Ibama e gerenciado em parceria com órgãos ambientais estaduais.
Fraudes
O gerente Unidade de Gestão de Fauna da CPRH contou, em entrevista ao g1, que foram detectados diversos problemas nas anilhas colocadas nos animais que estão no Cetas/Tangará.
Uma delas é a clonagem, quando o número de uma anilha é colocado em outro pássaro que, muitas vezes, é tirado da natureza e levado para um criador sem a devida autorização.
“Tem casos de adulteração de tamanho. Um papa-capim que foi analisado chegou com a pata quebrada. Tentaram forçar a colocação da anilha”, disse Vasconcelos.
Ele explicou que, em alguns casos, os animais são retirados da natureza na fase adulta, mas os selos só podem ser colocados em filhotes. “Usam a anilha de um animal e outro pássaro”, afirmou.
Além disso, foi descoberto que anilhas estão sendo produzidas por pessoas que não têm autorização. “Isso é falsificação. Produzem artesanalmente, a partir de materiais diferentes”, acrescentou.
Iran Vasconcelos informou que os animais que estavam com anilhas irregulares serão alvo de inquéritos. As pessoas vão responder pelos crimes.
"Só seis animais, nesse primeiro levantamento, estavam com anilhas de acordo com a lei. Ele serão devolvidos aos criadores, que deverão pagar multas, que têm valores conforme as infrações cometidas e que provocaram a apreensão", disse.
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