Natural
de Juazeiro, ele foi internado no dia 16 de setembro em São Paulo. Letrista do
grupo que se tornou sucesso em todo país, Galvão foi também poeta e romancista.
Por g1 BA
Luiz Galvão — Foto: Divulgação
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músico e poeta Luiz Galvão, fundador do grupo
Novos Baianos, morreu na noite de sábado (22), aos 87 anos, em São Paulo.
A causa da morte
não foi divulgada, mas Galvão estava internado desde o dia 16 de setembro,
quando deu entrada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com suspeita de hemorragia gastrointestinal. Após
complicações, ele foi internado no Instituto do Coração, também na capital
paulista, onde morreu.
A morte foi confirmada
pela esposa do artista. Ainda não há informações sobre o sepultamento.
Galvão é fundador
do grupo Novos Baianos, 1968, que marcou a música brasileira. Com o grupo,
lançou o álbum “Acabou chorare”, que juntava samba, rock, bossa nova, frevo,
choro e baião. O disco trazia faixas como “Preta pretinha”, “Mistério do
planeta”, “A menina dança” e “Besta é tu”.
A coletânea foi eleita pela revista Rolling Stone como a melhor da história da música brasileira, em outubro de 2007.
Novos Baianos se
reencontram no palco do Fantástico – Veja Vídeo AQUI!
Histórico
de saúde
Segundo a família,
o músico vinha passando por problemas de saúde nos últimos anos. Ele era
diabético, havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e um infarto.
Antes da internação, ele já estava acamado.
Galvão foi
hospitalizado no dia 13 de setembro após um mal estar, e chegou a receber alta
no dia 14. No entanto, no mesmo dia, teve de voltar e ser hospitalizado. Com a
gravidade do quadro, acabou foi entubado e foi mantido na UTI.
Durante o período
de internação, a família de Luiz Galvão afirmou que ele chegou a passar uma noite no corredor de um pronto-socorro. O artista
também passou por uma cirurgia vascular no final do mês de setembro.
Após pouco mais de
um mês internado, na noite deste sábado, Galvão não resistiu e morreu.
Amigo
de João Gilberto, fundador do Novos Baianos
Luiz Galvão durante entrevista nos anos 70 — Foto: ACERVO GLOBO
Luiz Dias Galvão
nasceu em Juazeiro, no norte da Bahia, em 22 de julho de 1937. Bom de letras, e
bom de bola, Galvão jogou futebol profissional em Juazeiro e chegou a ser
campeão baiano de futebol de salão.
Seguiu os estudos,
ainda no norte da Bahia, onde se formou e trabalhou por seis anos com
agronomia, até deixar a atividade de lado e decidir viver de sua arte.
Anos antes, ainda
adolescente em Juazeiro, Luiz Galvão conheceu João Gilberto. A amizade mudaria
para sempre a história da música brasileira.
Anos depois, uma
nova amizade culminaria em um dos maiores grupos da história da música popular
brasileira, os Novos Baianos. Galvão se reuniu, em Salvador, com outros dois
jovens saídos de cidades do interior da Bahia. De Santa Inês, no sul da Bahia,
vinha Paulo Roberto Figueiredo de Oliveira, o Paulinho Boca de Cantor; e de
Ituaçu, no sudoeste do estado, vinha Antônio Carlos Moraes Pires, o Moraes
Moreira.
Em 1968, eles
criaram o espetáculo que deu origem aos Novos Baianos, Desembarque dos Bichos
depois do Dilúvio Universal.
O trio ainda
ganharia os reforços Baby do Brasil e Pepeu Gomes. Além de nomes como Jorge
Gomes, Dadi, Charles Negrita, Baixinho, Bola Morais e Gato Félix.
Obras
Foto clássica dos Novos Baianos que estampou a capa do álbum 'Acabou Chorare' — Foto: Divulgação
Em 1970, o grupo
lançou seu disco de estreia, “Ferro na boneca”. Em seguida, foram morar em um
sítio em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, onde seguiam a cultura hippie dos EUA
e da Europa em plena ditadura militar brasileira.
A grande obra
viria após uma visita de João Gilberto à casa em que eles moravam juntos, já no
Rio de Janeiro. Era 1972, quando o grupo lança o álbum “Acabou chorare”, que
consagrou os Novos Baianos. O trabalho juntava samba, rock, bossa nova, frevo,
choro e baião.
Com a regravação
de “Brasil pandeiro”, de Assis Valente, além de “Preta pretinha”, “Mistério do
planeta”, “A menina dança”, “Besta é tu” e a faixa título, todas de coautoria
de Moraes Moreira.
O disco foi eleito
pela revista Rolling Stone como o melhor da história da música brasileira, em
outubro de 2007. No total, foram oito discos de estúdio. Há ainda dois álbuns
ao vivo, de reuniões do grupo, um de 1997 e outro de 2017.
Luiz Galvão
escreveu a maioria das canções gravadas pelo grupo, e musicadas por Moraes
Moreira. Entre suas composições estão "Acabou Chorare", "Preta
Pretinha" e "Mistério do Planeta".
Grupo durante apresentação do disco Praga de Baiano, no final dos anos 70 — Foto: ACERVO GLOBO
Além da vida
musical, o artista também investiu na literatura e deixou registros da história
do grupo que marcou a história da música no Brasil. Galvão é autor dos livros:
"Novos Baianos: A história do grupo que mudou a MPB"; "João
Gilberto: a bossa" e "Anos 80: A história de uma amizade na década
perdida". O juazeirense ainda lançou o disco Galvão, A Palavra dos Novos
Baianos.
O poeta sai de
cena deixando como legados a paixão pela arte, a poesia, as letras marcantes, e
o bom humor. Além de uma defesa intransigente do seu povo e da sua terra.
“O nordestino é um lutador, um vencedor. E Juazeiro é uma cidade brincalhona, de muito humor, é ‘cheguei’. Juazeiro é o cara”, gostava de dizer em entrevistas.
Apesar da saúde
frágil com que viveu nos últimos anos, Luiz Galvão se manteve sempre em estado
de poesia. Ao lado dos filhos e da esposa Janete, acompanhando o Vasco, time do
coração, ou nos mínimos detalhes, Galvão fez valer os versos que deixou eternizados.
"Apesar de tudo, a vida é boa e ainda é bela".
Novos Baianos — Foto: José Araújo / Reprodução caixa de CDs
Blog do Paixão