Presidente Lula durante cerimônia de posse em Brasília
RICARDO KERTZMAN
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ertamente não foram Lula e o PT os
responsáveis pelo atraso brasileiro frente ao mundo desenvolvido nos últimos 50
anos, mas também eles, afinal, é o maior partido político do País e responsável
por décadas de administrações municipais, estaduais e federais – umas mais,
outras menos – desastradas e desastrosas em diversos setores.
Um exemplo concreto ocorre atualmente em Belo
Horizonte, onde sindicatos ligados ao PT, partidos satélites de esquerda,
vereadores, deputados e ministros do governo Lula tentam reverter a
privatização do trem (que chamam de metrô) da capital, uma estrovenga inútil
que só nos últimos 5 anos levou mais de 1.2 bilhão de reais da nossa grana.
Não, nem toda privatização é boa ou resolve tudo,
mas qualquer privatização é melhor que a mão pesada, ineficiente e corrupta do
aparelho estatal, principalmente quando na mão de políticos e governantes
arcaicos e mofados. O PT, e Lula reafirmou isso em discurso recente, é contra
toda e qualquer privatização. Simples assim, triste assim.
MODUS OPERANDI PETISTA
O lulopetismo, historicamente, se contrapõe a tudo
e todos que não rezam sua cartilha. É sabotador contumaz de quaisquer medidas
propostas – boas ou ruins, não importa! – por outros governos. Plano Real, por
exemplo. A lei da Responsabilidade Fiscal e até mesmo a Constituição de 1988
(chamada de Constituição Cidadã).
Outra característica petista é acusar os outros
daquilo que faz, e quando faz igual inventa uma desculpa ou relativização
qualquer. A corrupção, por exemplo, nos governos petistas é chamada de “erro”,
ou “malfeito”. Agora mesmo, no caso da ministra do Turismo, francamente ligada
a milicianos, temos tal prática em andamento.
A moça é umbilicalmente ligada a um assassino de
aluguel e a um réu por extorsão e porte de armas ilegais. Mas para Lula e os
aliados, tudo bem! “Fofoca da oposição”. Como assim, pô? Com toda e devida
razão, essa gente chamava o clã Bolsonaro de “familícia”, por causa da
proximidade com criminosos como Queiroz e o tal Capitão Adriano.
Aliás, causa ainda mais perplexidade a origem e a
pasta da ministra Daniela Carneiro (Daniela do Waguinho!!), pois do berço da
criminalidade carioca e da pasta do Turismo, justamente um setor em franca
decadência no País e duramente, dentre outros fatores, atingido pela
criminalidade e a violência urbana descontrolada.
TURISMO ZERO
O Brasil, todos sabem, reúne condições mais do que
favoráveis para o turismo. Temos praias, montanhas, cachoeiras, florestas,
enfim… Temos clima bom o ano inteiro! E temos, infelizmente, uma moeda fraca,
que poderia servir de atração para o turismo estrangeiro. Contudo, nos falta
infraestrutura, organização e, sim!, o mínimo de segurança.
Eu pergunto: como uma ministra ligada a milicianos
poderá divulgar (com credibilidade) o turismo nacional no exterior? Irá dizer o
quê sobre o crime organizado fluminense: “São meus amigos”? Ou terá coragem, e
moral, para dizer: “Estamos combatendo e seremos duros com as milícias” Ora,
esta senhora nem deveria ter assumido.
Durante o governo Bolsonaro, lembremos, o também
ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi demitido no início do mandato
após ser implicado em suposto crime eleitoral. E seu sucessor, Gilson Machado,
não fez nada no governo senão puxar o saco do chefe, tocando sanfona naquelas
lives horrorosas de quinta-feira.
A participação brasileira no fluxo mundial de
turistas é pífia, de apenas 1%. Nem as recentes Olimpíadas e Copa do Mundo
ajudaram a melhorar a atração de visitantes. A Baía de Ha Long, no Vietnã,
recebe, por ano, mais turistas (6.2 milhões) do que nós. O México, nosso
vizinho, atrai 45 milhões de pessoas anualmente – o Brasil, pouco mais de 6
milhões.
Somos vistos também como um dos piores países para
receber o público LGBTQIA+ e mulheres que viajam sozinhas. Para piorar, nossa
imagem de “turismo ambiental” se deteriorou sobremaneira nos últimos anos.
Outro impeditivo é a própria extensão territorial do País e a precária – e
caríssima! – malha aérea. Ou seja, motivos abundam,
PÚBLICO x PRIVADO
Como quase tudo em nosso País, falta vontade
política e honestidade intelectual para que mudemos esse cenário dramático.
Poder Público e Iniciativa Privada precisariam caminhar juntas, mas é o próprio
Estado brasileiro o primeiro a “jogar contra”. O excesso de politização e
regulamentação, além de “olho grande”, impedem qualquer progresso.
Em Belo Horizonte, o Atlético trava verdadeira
batalha para conseguir terminar a construção de seu novo estádio – a Arena MRV.
Desde o início, desde o primeiro rabisco enfrentou – e enfrenta – um aparelho
estatal quase intransponível e multimilionário. Acreditem, mas até o STF atuou
contra! Como atuaram meio-ambiente, Ministério Público e prefeitura municipal.
Condicionantes na casa de 250 milhões de reais (25%
do valor da obra!!), burocracia infernal e falta de apoio das autoridades
atrasam e encarecem um equipamento com potencial turístico (futebol, música,
convenções etc.) gigantesco. O efeito multiplicador na economia (transporte,
hotelaria, alimentação…) é imenso, mas desprezado pelos governos.
Comecei falando do PT, mas o problema é apartidário. Comecei falando de turismo, mas ocorre em todos os segmentos. Nossa cultura política, social e empresarial, infelizmente, insiste em não acompanhar o progresso, e ficamos cada vez mais relegados ao atraso, e à mercê de políticos incapazes de corresponder às mínimas expectativas de crescimento.
Blog do Paixão