Sócios de Lemann também
perdem milhões em suas fortunas após notícia de rombo contábil na companhia
varejista.
Por
Bruna Miato, g1
O empresário Jorge Paulo Lemann, em foto de novembro de 2013 — Foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo/Arquivo
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economista e empresário Jorge Paulo Lemann, pessoa mais
rica do Brasil na atualidade, segundo o ranking de bilionários da Forbes, perdeu US$ 329 milhões — o equivalente a R$ 1,68 bilhão — de sua
fortuna de US$ 16 bilhões nesta quinta-feira (12), como
consequência da forte
queda das ações da Americanas no último pregão da bolsa.
Ontem, os papéis da varejista despencaram 77% após a renúncia de Sérgio
Rial da presidência apenas 10 dias depois de assumir
o cargo, em razão da descoberta de um rombo
contábil de R$ 20 bilhões nos balanços da companhia. Marcel Herrmann Telles e Carlos
Alberto Sicupira, respectivamente segundo e terceiro homens mais
ricos do país, também perderam uma quantia milionária pelo mesmo motivo. Telles viu um recuo de US$ 173 milhões em sua fortuna de US$ 10,8
bilhões, enquanto Sicupira perdeu US$ 199 milhões, ficando com US$ 8,8 bilhões.
Os três são sócios na empresa de investimentos 3G Capital e, por
meio dela, investem na Americanas e em outras empresas. Antes disso, eles
eram controladores da varejista, mas abriram mão do posto na reorganização
societária da empresa, que agora é controlada pela B2W.
As estimativas do mercado apontam que, juntos, o trio tem uma
participação de cerca de 29% na Americanas, o que explica a forte queda em seus
patrimônios com a desvalorização das ações.
Apesar das baixas, Lemann e os outros "tubarões do
mercado" afirmaram que vão continuar com suas posições na companhia, sem se
desfazer dos papéis que possuem, porque acreditam no potencial da empresa em se
reestruturar.
Ações das
Americanas fecham em queda de mais de 77%
Entenda o que aconteceu com a Americanas
A Americanas publicou um fato
relevante na última quarta-feira (11), dizendo que foram identificadas
“inconsistências em lançamentos contábeis” no balanço, em valor que chega a R$
20 bilhões, nas primeiras estimativas.
Em outras palavras, a empresa percebeu que o valor bilionário —
que é referente aos primeiros nove meses de 2022 e anos anteriores — não havia
sido registrado de forma apropriada nos balanços corporativos da empresa.
O documento divulgado pela companhia não traz muitos detalhes
sobre o que de fato foi encontrado nas contas, mas esclarece que a área
contábil detectou "a existência de operações de financiamento de compras
em valores da mesma ordem (R$ 20 bilhões), nas quais a companhia é devedora
perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente
refletidas na conta de fornecedores nas demonstrações
financeiras". Para se ter uma ideia, um levantamento de Einar Rivero,
da TradeMap, mostra que o volume do rombo de R$ 20 bilhões é equivalente ao
valor de mercado da Magazine Luiza, que até o
fechamento do pregão desta quarta valia R$ 20,20 bilhões, e da Lojas Renner, de R$ 20,22
bilhões.
A Americanas disse que ainda não é possível determinar todos os
impactos do rombo na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da
companhia. Em contrapartida, a empresa afirmou estimar que "o efeito caixa
dessas inconsistências seja imaterial".
Assim, o rombo teria apenas um efeito contábil, e não financeiro.
Caso fosse financeiro, haveria saída de dinheiro do caixa da companhia.
O ex-presidente da empresa fez uma videoconferência nesta quinta
para explicar mais detalhes do ocorrido. Rial disse que "a primeira grande
conclusão é que não estamos falando de um número que está fora do balanço. Só
que ele não está registrado de forma apropriada ao longo dos últimos anos".
"A empresa segue vendendo, ela é absolutamente viável. Tem um nível de dívida incompatível para que possa prosseguir, portanto a capitalização tem que ocorrer. E os acionistas de referência permanecem comprometidos com o futuro da companhia", afirmou, se referindo a Lemann e seus sócios na 3G Capital.
Blog do Paixão