Soldado Luan Felipe Alves
Pereira será levado a presídio. Inquérito aponta lesão corporal e violência
arbitrária, crimes previstos no Código Penal Militar.
Por Lucas Jozino, Isabela Leite, TV Globo
e GloboNews — São Paulo
PM arremessou jovem de ponte em SP/Reprodução
A Justiça Militar decretou nesta
quinta-feira (5) a prisão do policial Luan Felipe Alves Pereira, apontadocomo o responsável por jogar um homem de uma ponte na Zona Sul de São Paulo, noúltimo domingo (1°).
O soldado já estava detido na
Corregedoria da Polícia Militar, onde prestou depoimento sobre a sua conduta.
Segundo informações do inquérito militar, ele disse que pretendia jogar o homem
no chão. As imagens gravadas por uma testemunha mostram o momento em que ele
ergue e atira o homem da ponte (veja mais abaixo).
Com a prisão decretada, Luan
Felipe será encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte
de São Paulo.
O inquérito aponta os possíveis
crimes de lesão corporal e violência arbitrária, previstos no Código Penal
Militar. A reportagem tenta contato com a defesa do PM.
Nesta quinta-feira (5), com a
repercussão desse e de outros casos recentes de violência policial em SP, o
governador Tarcísio de
Freitas (Republicanos)
admitiu que "alguma coisa não está funcionando" e passou
a defender o uso de câmeras corporais nas fardas dos policiais militares.
Segundo ele, essa é uma medida
que protege os cidadãos e os policiais. O governador afirmou que vai ampliar o
programa de câmeras.
"Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Tinha visão equivocada, fruto da experiência pretérita que tive. Não tem nada a ver com a questão da segurança pública. Hoje estou completamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. E nós vamos não apenas manter, mas ampliar o programa. E tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia."
Tarcísio afirmou que os abusos da
polícia não serão tolerados. "O discurso de segurança jurídica que a gente
precisa dar para os agentes de segurança combaterem o crime de forma firme não
pode ser confundido com salvo conduto para fazer qualquer coisa e descumprir
regra. Isso a gente não vai tolerar."
A Secretaria de Segurança Pública
disse que a PM não compactua com desvios de conduta e que qualquer ocorrência
envolvendo excessos será investigada.
Cenas chocantes
O caso do homem atirado da ponte
aconteceu na Vila Clara, região de Cidade Ademar, durante a dispersão de um
baile funk.
O soldado foi filmado lançando o
rapaz da ponte sem nenhum motivo ou resistência aparente.
A vítima se chama Marcelo, tem 25
anos e é entregador. Ele caiu de cabeça de uma altura de três metros, teve
ferimentos, mas passa bem. Marcelo recebeu ajuda de pessoas que moram na
região.
O pai dele falou ao Jornal
Nacional, criticou a conduta do PM e cobrou explicações das autoridades.
"É inadmissível, não existe isso aí. A polícia está aí para fazer a defesa da população, não fazer o que fez. Trabalhador, menino que sempre correu atrás do que é dele. Não tem envolvimento, passagem [pela polícia], não tem nada. Queria a explicação desse policial e o porquê ele fez isso", afirmou.
A Corregedoria da PM determinou o
afastamento de treze policiais que participaram da operação na Vila Clara. O
Ministério Público abriu uma investigação.
Na quarta (4), quando foi
questionado sobre a gestão de seu secretário de Segurança Pública, Tarcísio de
Freitas defendeu Guilherme Derrite: "Olha os números que você vai ver que
está [fazendo um bom trabalho]", disse o governador. Diante da insistência
dos jornalistas, repetiu: "Olha as estatísticas". Tarcísio não
explicou, porém, quais seriam esses dados.
O secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite (PL), atrás do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). — Foto: Rogério Cassimiro/Secom/GESP
Histórico do PM
O soldado da Polícia Militar que
arremessou o entregador já foi indiciado por homicídio por matar um homem com
12 tiros em Diadema, na Grande São Paulo, no ano passado.
Segundo a TV Globo apurou,
o caso foi arquivado em janeiro porque o Ministério Público entendeu que houve
legítima defesa. O juiz, então, aceitou o pedido.
Luan trabalha na Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), no 24º Batalhão de Polícia de Diadema.
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