Ele é considerado um dos
fotógrafos mais importantes da história. Mineiro foi mestre na arte de retratar
a alma humana e do planeta em preto e branco.
Por Redação g1
Sebastião Salgado em imagem de 18 de maio de 2021, em Paris — Foto: Joel Saget/AFP/Arquivo
Sebastião Salgado, um
dos fotógrafos mais importantes do mundo, morreu aos 81 anos. A informação foi
confirmada pelo Instituto Terra, organização não-governamental fundada por ele.
Ele tinha um distúrbio sanguíneo
causado por malária, contraída na Indonésia, e não conseguiu tratar
apropriadamente. Por isso, se aposentou do trabalho de campo em 2024, dizendo
que seu corpo estava sentindo “os impactos de anos de trabalho em ambientes
hostis e desafiadores”.
"Sebastião foi muito mais do
que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de
vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez
florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de
amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida,
o poder da ação transformadora", diz o texto do Instituto Terra.
Considerado um dos fotógrafos
mais importantes do mundo, Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu na cidade de
Aimorés (MG), em 1944. O mineiro foi mestre na arte de retratar a alma humana e
do planeta em preto e branco. Suas lentes captaram momentos históricos e gente
simples, as maiores belezas da natureza e sua degradação.
Salgado ficou famoso por fazer
registros documentais impressionantes, como
o da Serra Pelada na década de 1980; "Trabalhadores"; e o
ensaio "Êxodos" mostrando povos migrantes pelo mundo. Ao todo,
percorreu mais de 120 países.
Ele era formado em Economia, mas
descobriu a fotografia em 1973. Desde então, nunca mais deixou essa paixão. Em
1998, ao lado da esposa Leila, fundou o Instituto Terra, em sua luta pelo
reflorestamento da Mata Atlântica brasileira e do planeta em geral.
Uma das fotos mais icônicas, "Serra Pelada", foi incluída pelo "The New York Times" na seleção de 25 imagens que definem a modernidade desde 1955. O jornal destacou a escala impressionante e a força visual da composição, registrada em 1986.
Serra Pelada, no coração da
Floresta Amazônica, no leste do Pará, ficou conhecida como o maior garimpo a
céu aberto do mundo. “Eu nunca vi nada parecido. Vi passar diante de mim, em
frações de segundo, a história do humano, da humanidade, a Torre de Babel”,
afirmou Salgado. A série de fotos o tornou um fotógrafo consagrado.
Fotografia 'Serra Pelada' retrata garimpo a céu aberto, em 1986, e foi incluída pelo jornal 'The New York Times' em uma seleção de 25 imagens que definem a modernidade — Foto: Divulgação / Sebastião Salgado
"A fotografia é o espelho da
sociedade", declarou ao ser premiado em Londres por sua carreira. A frase
resumiu o objetivo que buscou com meio século de trabalho, concentrado nos
últimos anos na proteção da natureza.
"Um fotógrafo tem o privilégio de estar onde as coisas acontecem. Em uma exposição como esta, as pessoas me dizem que sou um artista e eu digo que não, sou um fotógrafo e é um grande privilégio ser um fotógrafo. Tenho sido um emissário da sociedade da qual faço parte."
Ao longo de sua carreira,
Sebastião foi premiado com diversas honrarias. Recebeu a comenda da Ordem do
Rio Branco no Brasil, era membro da Academia de Belas Artes francesa,
Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e membro honorário da Academy of Arts and
Science dos Estados Unidos.
"Sei que não viverei muito
mais. Mas não quero viver muito mais. Já vivi tanto e vi tantas coisas",
disse ao jornal 'Guardian' em 2024.
FOTOS de Sebastião Salgado
Foto de Sebastião Salgado que fez parte da exposição 'Amazônia' — Foto: Reprodução / Sebastião Salgado
Crianças retratadas na mostra 'Êxodos', de Sebastião Salgado — Foto: Sebastião Salgado/Divulgação
Indígenas registrados por Sebastião Salgado — Foto: Sebastião Salgado/ Reprodução
Foto da exposição “Gold – Mina de Ouro Serra Pelada” — Foto: Sebastião Salgado/Divulgação
'Pinguins de Barbicha' retrata icebergs localizados entre as ilhas Zavodovski e Visokoi, próximo da Antártida — Foto: Sebastião Salgado
Foto da chuva sobre o Rio Negro, no Amazonas, em 2019 — Foto: Sebastião Salgado/Divulgação
Imagem da exposição 'Gold – Mina de Ouro Serra Pelada' de Sebastião Salgado — Foto: Sebastião Salgado
Perseguidos por caçadores furtivos na Zâmbia, os elefantes (Loxodonta africana) têm medo dos homens e dos veículos, e entram rapidamente no mato, assustados, no Parque Nacional de Kafue, Zâmbia. 2010 — Foto: Sebastião Salgado/Divulgação
Na região da bacia do Xingu, estado de Mato Grosso, um grupo de indígenas waurá pesca na lagoa Piyulaga, perto de sua aldeia — Foto: Sebastião Salgado/Divulgação
Blog do Paixão