Com mais de 60 anos de carreira,
Cuoco atuou no teatro, cinema e televisão. Na Globo, a estreia foi em 1970, na
novela 'Assim na Terra Como no Céu'. Último papel de Cuoco na TV foi em 2023
quando fez uma participação na série 'No Corre', do Multishow.
Por Redação g1 SP
Francisco Cuoco na novela 'Sol nascente', de 2016 — Foto: João Miguel Júnior/Globo
O ator e um dos maiores nomes da
televisão Francisco Cuoco morreu aos 91 anos nesta quinta-feira (19), em São
Paulo. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da cidade.
Com mais de 60 anos de carreira,
Cuoco atuou no teatro, cinema e televisão. O ator nasceu em 1933, no Brás,
região central de São Paulo, e teve três filhos: Tatiana, Rodrigo e Diogo.
A causa da morte foi falência
múltipla dos órgãos. O ator será velado na sexta-feira (20), no Funeral Home,
na Bela Vista. A cerimônia será fechada para familiares e amigos.
Aos 20 anos, ao fazer o
vestibular, trocou o Direito pela Escola de Arte Dramática de São Paulo. Quatro
anos depois, Cuoco estava formado e fazendo parte do Teatro Brasileiro de
Comédia (TBC). Em 1959, ingressou no Teatro dos Sete, formado por Gianni Ratto,
Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Fernando Torres, Sérgio Britto, Luciana
Petruccelli e Alfredo Souto de Almeida.
O dramaturgo Walcyr Carrasco
lamentou a morte do ator:
"Nos deixou hoje um dos
maiores atores da nossa televisão. Francisco Cuoco foi um ícone, um artista que
inspirou gerações e levou emoção a milhões de lares. Fica a saudade e a eterna
admiração. Meus sentimentos à família, aos amigos e aos admiradores."
Sem se afastar dos palcos, Cuoco
deu os primeiros passos na televisão, no “Grande Teatro Tupi”, programa que
exibia peças de teatro adaptadas para a TV. “Interpretamos peças completas. A
TV ainda era ao vivo e, lógico, tínhamos que improvisar muito. Foi um
aprendizado incrível”, relembrou, em entrevista ao Memória Globo.
A primeira novela foi “Marcados
pelo Amor” (1964), na TV Record. Em seguida, "Redenção" (1966), na
Excelsior, um grande sucesso da época. Em “Legião dos Esquecidos” (1968), da
mesma emissora, o ator fez par romântico com a atriz Regina Duarte.
Na Globo, a estreia foi em 1970,
na novela "Assim na Terra Como no Céu", de Dias Gomes, interpretando
padre Vitor.
Ídolo de atores mais jovens,
principalmente quando chegou à televisão, Cuoco sempre se preocupou em
ajudá-los com a técnica.
“É importante que o ator tenha uma percepção que eu chamo de inteligência cênica: o Francisco não faz determinadas coisas na vida real, mas seu personagem faz. Porque, às vezes, se você não tem experiência, faz uma coisa mecânica e sem alma. É importante que os personagens tenham vida própria… Eu prefiro que o personagem sufoque o Francisco”", disse ao Memória Globo.
Sua trajetória também foi
marcada pela série de protagonistas que a novelista Janete Clair escreveu
especialmente para ele. Um sucesso após o outro: o ambicioso Cristiano Vilhena,
de "Selva de Pedra" (1972), noivo de Simone Marques (Regina Duarte),
foi o primeiro deles.
Após interpretar o jornalista
Alex, em "O Semideus" (1973), e o aviador garanhão Mário Barroso em
"Cuca Legal" (1975), trama de Marcos Rey com direção de Oswaldo
Loureiro, Cuoco foi convidado para fazer o carismático taxista Carlão, em
"Pecado Capital" (1975), de Janete Clair.
“O Carlão tinha essa
generosidade, essa coisa de olhar para o semelhante e ver o semelhante, não era
um estranho para ele, era um igual. Eu acho que ele tinha a mágica do
personagem popular”, disse ao Memória Globo.
Na novela, feita a toque de caixa
para substituir a primeira versão de "Roque Santeiro", censurada pela
ditadura militar, ele disputava o amor de Lucinha (Betty Faria) com o
empresário Salviano Lisboa (Lima Duarte). Anos depois, no remake de "Pecado
Capital", em 1998, o ator assumiu o papel de Salviano.
Cuoco ainda trabalhou em “O
Outro” (1983), “O Salvador da Pátria” (1989), “Passione” (2010), “Sol Nascente”
(2016), “Segundo Sol” (2018), entre outras novelas.
Entre o fim dos anos 1990 e o
início de 2000, Cuoco dedicou-se ao cinema. Nessa época, participou de filmes
como “Traição” (1998), de José Henrique Fonseca e Arthur Fontes, “Gêmeas”
(1999), de Andrucha Waddington, “Um Anjo Trapalhão” (2000), de Alexande Boury e
Marcelo Travesso, “A Partilha” (2001), de Daniel Filho, e “Cafundó” (2005), de
Clóvis Bueno e Paulo Betti.
Em 2005, depois de mais de 20
anos de dedicação praticamente exclusiva à TV e aos filmes, ele voltou ao
teatro -- o ambiente em que começou sua carreira. Em "Três Homens
Baixos", dividiu o palco com Gracindo Jr. e Chico Tenreiro.
O último papel de Cuoco na TV foi
em 2023 quando fez uma participação na série “No Corre”, do Multishow.
O ator Francisco Cuoco na novela 'A vida da gente', de 2011 — Foto: João Miguel Júnior/Globo
Vida em SP
Francisco Cuoco nasceu no bairro
do Brás, em São Paulo, em 29 de novembro de 1933.
Segundo o Memória Globo, o ator
sempre se recordava do terreno baldio em frente ao sobrado onde morava com os
pais, Antonieta e Leopoldo, e a irmã, Grácia. Era ali que, vez por outra, um
picadeiro surgia diante dos olhos do menino: “Era um universo que me
fascinava”.
E bastava o circo partir para Francisco atravessar a rua e fazer daquele quintal o seu palco. “Eu encenava uns diálogos engraçados para os vizinhos, tudo imaginação de criança”.
Cena de 'O outro', novela de 1987 com Francisco Cuoco — Foto: Acervo/Globo
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