sexta-feira, outubro 17, 2025

“Família metanol” está por trás de três casos de contaminação em SP

Em dois dos casos, as vítimas morreram. No terceiro, um homem está cego e continua internado. Família mantinha fábrica clandestina no ABC

Enzo Marcus / Metrópoles


Reprodução

A Polícia Civil concluiu, nesta sexta-feira (17/10), a segunda fase da operação que investiga os casos de contaminação por metanol em São Paulo e chegou ao núcleo familiar de Vanessa Maria da Silva. Ela foi presa na última sexta-feira (10/10), ocasião em que a fábrica clandestina de bebidas de sua família foi fechada.

Segundo as autoridades, o grupo criminoso composto pela mulher, o marido, o pai e o cunhado dela, entre outros colaboradores, foi diretamente responsável pela contaminação de pelo menos três pessoas em São Paulo.

Duas delas são Ricardo Mira e Marcos Antônio Jorge Junior, os dois primeiros óbitos confirmados por contaminação de metanol no Brasil, que ingeriram bebida contaminada no Torres Bar, na Mooca, zona leste da capital.

O terceiro caso de contaminação em que a polícia vê conexão com a família de Vanessa é de um rapaz que está cego e segue internado na UTI. Ele bebeu o conteúdo de uma garrafa adulterada num bar chamado Nova Europa, no Planalto Paulista, na zona sul da cidade.




De acordo com a polícia, Vanessa e seus familiares compravam etanol em dois postos de combustíveis para adulterar as bebidas alcoólicas que vendiam. O marido dela, inclusive, é apontado como uma “pessoa conhecida” no ramo de falsificação de bebidas.

Os postos estão localizados em Santo André e São Bernardo do Campo. Segundo as investigações, eles não pertencem à mesma rede e não foram alvo da Carbono Oculto, operação da Polícia Federal que revelou um esquema de adulteração de combustíveis com metanol. Para a polícia de São Paulo, não há evidências de participação do crime organizado nos casos de intoxicação no estado.




O marido e o pai de Vanessa já têm antecedentes criminais relacionados à falsificação de bebidas. Apesar disso, a mulher é a única presa na operação que começou no dia 10 de outubro e terminou nesta sexta-feira. A família contava com a ajuda de um garrafeiro no processo – transferências bancárias obtidas pela polícia comprovam que o suspeito comprou etanol em um dos postos investigados na operação.

Três endereços do garrafeiro foram alvo de mandados de busca e apreensão, assim como dois locais ligados ao seu irmão. Além disso, pontos comerciais foram vistoriados pela polícia. Nesses lugares, houve apreensão “muitos materiais e insumos”, segundo a polícia.

A principal hipótese é de que a fábrica de Vanessa distribuiu bebida adulterada para os demais lugares que continham garrafas contaminadas. A polícia ainda busca descobrir se há relação da “família do metanol” com os outros casos confirmados em São Paulo.

A família nega que sabia que estava comprando etanol batizado com metanol. No entanto, segundo o delegado-geral, Artur Dian, ao comprar etanol para adulterar bebidas alcoólicas, o grupo assumiu o risco de matar alguém.





Número de intoxicações por metanol
  • Foram registrados 90 casos de intoxicação no total, sendo 33 confirmados e 57 em investigação. Foram descartados 339 casos.
  • Há seis mortes confirmadas (três homens de 54, 46 e 45 anos), residentes na cidade de São Paulo, uma mulher de 30 anos de São Bernardo do Campo, um homem de Osasco de 23 anos, e um de Jundiaí de 37 anos.
  • Os dados foram divulgados na quarta-feira (15/10) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-SP).
  • De acordo com o Ministério da Saúde, no país, até o momento, há 148 notificações.
  • São 41 casos confirmados e 107 em apuração.
  • Outras 469 notificações foram eliminadas.
Polícia acha postos suspeitos de vender etanol “batizado” com metanol

O produto batizado era adquirido por falsificadores, que alegam não ter conhecimento sobre a adulteração com metanol. Família é investigada

Guilherme BianchiEnzo Marcus // Por Metrópoles


Divulgação/Governo de SP

A Polícia Civil de São Paulo encontrou, na manhã desta sexta-feira (17/10), dois postos de combustível suspeitos de vender etanol adulterado com metanol, no ABC paulista. O produto batizado era adquirido por falsificadores de bebidas, que alegam não ter conhecimento sobre a adulteração do etanol.

Segundo a polícia, os endereços estão localizados em Santo André e em São Bernardo do Campo. Os estabelecimentos foram identificados após a investigação reconhecer transações financeiras de falsificadores com os postos de combustível.

Os postos passaram por fiscalização, em uma ação conjunta da Polícia Civil com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), que trabalha para identificar a presença de metanol nas bombonas de combustível (etanol). A vistoria faz parte de uma operação contra um grupo suspeito de fabricar e vender bebidas alcoólicas batizadas.

Na semana passada, a polícia descobriu uma fábrica clandestina de onde teriam saído as garrafas falsificadas em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Uma mulher, identificada como Vanessa Maria da Silva, foi presa suspeita de ser a responsável pela falsificação.

Família Metanol

Com a identificação dos postos e da família criminosa, a Polícia Civil concluiu a segunda fase da operação que investiga os casos de contaminação por metanol em São Paulo. O próximo passo da investigação é apurar se o grupo tinha conhecimento sobre a adulteração.

 

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