Marcos Antonio de Souza25 de fevereiro de 2014 18:49
Desde que começou o projeto político para presidência da República, do Sr. Eduardo Campos, uma lembrança me veio à cabeça: Fernando Collor de Mello – “homem” que arrancava suspiros das mulheres. Era conhecido como “o caçador de marajás”. Governava o estado de Alagoas com mãos-de-ferro. Recusava pagar altos salários ao funcionalismo público. Demitia, cortava salários, extinguia cargos públicos.
A mídia, na época, inclusive jornais e revistas de grande circulação nacional, além de rádios e TV (entenda-se Rede Globo – maior propagandista de Collor) fazia-nos crer que este era o salvador da pátria, o homem, se eleito, acabaria com todas as mazelas, o homem que levaria o país ao topo da economia mundial. Com tanta propaganda e puxação de saco este era “o cara” para presidente do Brasil. Saia eu contando e cantando aos quatro ventos: votem no homem. Até então, conhecia o sujeito apenas pela imprensa. Quando este, pela primeira vez que apareceu na TV, cabelo engomado, olhos claros (se fosse mulher jogava umas asinhas para ele), vestido em um terno importado e com sapatos tão brilhantes que era preciso usar óculos de sol, me veio um calafrio, uma má impressão. Pensei: este “engomadinho” com ar de bom moço, dirigido pelo marketing como se fosse um ator, o personagem principal de uma novela, não está com boas intenções. Pregador da moralidade, do “dá para fazer melhor” (como diz Eduardo Campos) e com apenas 5% das intenções de voto não se dava por vencido. Estratégia de marketing bem feita e o fulano, infelizmente, é eleito presidente.
Eduardo Campos, o Collor do século 21, o “dá para fazer melhor”, filho político de Lula, que estava sendo preparado pelo PT para ser presidente do Brasil num futuro não muito distante, age como aqueles adolescentes que estão com os hormônios à flor da pele – tenta se segurar para não engravidar uma garota, mas a natureza aliada com a imaturidade não sabe o que fazer com um recém-nascido. Não teve paciência para esperar o momento certo. Os bilhões de reais deixados pelos governos de Lula e Dilma já o fez o melhor governador do Brasil. Penso que nenhum estado recebeu tantos investimentos do governo federal como o estado de Pernambuco. O tanto de dinheiro (investimento) que lhe deu tanto prestígio o transformou em um coronel. Destituição do prefeito de Araripina, uma cidade ainda pouco conhecida no Brasil, por causa de um rombo de 5 milhões de reais. O atual, seu primo, só recebe elogios do Tribunal de Contas do Estado (parabéns) e da Câmara de Vereadores (parabéns novamente), também da mídia local (mil vezes parabéns). Petrolina, uma cidade já bem mais conhecida, também deve o dedo do coronel Eduardo. Quem não reza na sua cartilha está fadado a queimar no inferno.
O marketing de Eduardo é o mesmo de Collor – fala mansa e pausada e foco nos olhos. Até o estilo “engomadinho” é parecido. Imaginemos Eduardo na presidência. Não, não posso imaginar. Tenho pesadelos quando lembro que Ana Arraes, sua mãe, praticamente nomeada pelo filho para o Tribunal de Contas da União, aprova as contas de Marcos Valério (o operador do mensalão) – contrato de R$ 153 milhões de reais (Revista Veja), hoje condenado a mais de 40 anos de prisão. Não fosse a intervenção do Ministério Público Federal, Marcos Valério estaria livre e dando risadas pelas nossas costas. Se a dona Ana foi tão generosa com o Sr. Marcos, também não poderia ter dado uma palavrinha com o TCE e livrado o Sr. Lula Sampaio de uma dívida de R$ 5 milhões de reais? Troco de pinga se comparado com aqueles milhões.
O Sr. Eduardo não tem projetos a apresentar. O tal “dá para fazer melhor” não diz nada. Ele peitaria o Congresso para exigir uma Reforma Tributária urgente? Não. Corte dos salários dos congressistas? Não. Corte nos gastos do governo? Não.
O problema é que estamos órfãos de representantes e uma possível ascensão do Sr. Collor do século 21 não é improvável. Deste mal, livrai-nos Senhor.