Quando
meu pai (in memorian) apresentou um grave
problema de saúde (que o levaria nove meses a óbito), tivemos que às pressas
levá-lo para a capital pernambucana (como sempre).
Lá, ele
foi internado num Hospital do IPSEP, mantido pelo convênio dos servidores do
estado, (hoje o cambaleante SASSEPE). Não foi difícil conseguir uma vaga para
ele, mesmo sendo um dependente do titular, o que atualmente para se conseguir
você enfrenta uma via-crúcis.
O leito
onde ele ficou acomodado apresentava em suas condições físicas uma situação um
tanto degradante e desanimadora, para quem saiu do interior a 680 quilômetros,
e esperava encontrar um mínimo de conforto.
Não tinha.
As paredes do quarto que ficava a mais de um andar do prédio, podia se avistar
dali o pátio onde ficavam os doentes ao sol, estavam todas deterioradas, e a
pintura descascada mostrava um aspecto
de sujeira, que de forma impactante demonstrava desprezo com quem viajara de
tão longe, para fazer um tratamento doloroso e se via num cenário desolador.
Saira de
Araripina já desiludido e desenganado, mas aqui o leito do quarto que estava internado
parecia uma suíte de hotel de luxo. Ar-condicionado, televisão com sinal de
parabólica, paredes e pisos que pareciam espelhos, comida boa, visita a toda
hora, tudo que um paciente debilitado precisa para se recuperar. Ledo engano.
- Seu
Antonio, a Assistente Social vai conversar com o senhor. – Seu Antonio, o senhor
vai passar agora pelo pneumologista. – Seu Antonio, o Clínico Geral vai
encaminhá-lo para o especialista – Seu Antonio, a enfermeira vai conduzir o
senhor ao laboratório do hospital para realizar alguns exames.
Não
posso descrever em detalhes todo o tempo que meu pai ficara no Hospital do
IPSEP, até porque o estado dele estava avançando para uma gravidade, por motivo
de o problema ter sido diagnosticado tarde demais. Mas a rotina era a descrita
acima. A Assistente Social pedira desculpas pelas acomodações dizendo que no
interior do Estado, os pacientes eram
internados em quartos amplos e aconchegantes, mas faltavam-lhe o principal: a
assistência médica.
Mesmo
passando por triagem, contratempos, filas intermináveis, o cansaço da distancia
percorrida, os mesmos dilemas que são enfrentados pelos usuários do Sistema Único
de Saúde – SUS, a mesma história eu ouvira atualmente para então contar que,
não precisamos somente de aparência, precisamos ser tratados como gente.
O nosso
sertão do Araripe, além da insegurança e outros problemas que há décadas vem
sendo empurrados com a barriga, a saúde é um dos principais gargalos que
precisa ser resolvido com urgência. Não são mais admitidos fatos recorrentes
como o de crianças que nascem mortas, gestantes que fazem o pré-natal e na hora
de parir falta o profissional médico para assisti-la, pessoas traumatizadas que
precisam ser removidas para outras cidades, muitas vezes passam horas em cima
de uma maca se corroendo em dores, enfim.
Esse tem
sido o nosso dilema e não é de agora. Defender instituição A ou B, é até uma
questão de bom senso e de valorizar a quem sempre nos prestaram serviços
importantes, agora precisamos de uma entidade, uma associação, uma união, para
saber com que racionalidade os recursos públicos injetados no município estão
sendo gastos. Já que seria uma atividade do Conselho Municipal de Saúde (se
este funciona), da Câmara de Vereadores, e não tem sido cumprido o papel com
mais transparência e mais lisura, as pessoas precisam saber com mais profundidade
a questão, para também não serem injustas com quem não devem.
Esse papel
agora também cabe a nossa representante estadual – a Deputada Socorro Pimentel
(PSL), que além de ser médica, tem o compromisso de ser a voz tanto do povo Araripinense
como do povo Araripeano, para que a mesma história não seja sempre repetida.
A SAÚDE
tem estado doente aqui e no Araripe, e quem precisa não pode esperar tanto. 10
dias, 20 dias, 30 dias, só mesmo os insanos e insensíveis, que tem sempre a
disposição todo um aparato caso precise, pode dizer uma asneira dessas. Agora mesmo
enquanto escrevo, necessitamos dessa urgência no atendimento, mas os velhos
entraves sempre são os mesmos para quem precisa do PLANO SUS.
Ô POVINHO SOFREDOR.
Blog do Paixão