O deputado do
PSB é acusado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado de ter pedido
propina no esquema do petrolão
A delação premiada do ex-presidente da Transpetro
Sérgio Machado esquentou a temporada de festas juninas políticas de Brasília. Na
fria noite deste sábado, o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), um dos acusados
de pedir propina por Machado, recebeu cerca de quatrocentas pessoas na casa da
filha no Lago Sul, em uma festa de proporções maiúsculas. O presidente da
República interino, Michel Temer (PMDB), esperado no arraial, desmarcou de
última hora e ficou em São Paulo com o filho Michelzinho. O centro das
atenções, então, virou o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello
(PTC-AL), alvo da Operação Lava Jato.
Vestido com uma camisa xadrez, ora escondida por um
pulover azul claro, jeans Levis e tênis preto, Collor papeou, trocou sorrisos e
cumprimentos com os convidados e ficou na festa até a madrugada com a atual
mulher, a arquiteta Caroline Medeiros, e as filhas gêmeas. Passou horas de pé
enfileirando charutos cubanos Montecristo e contou que, logo depois de sofrer o
impeachment, viajou para duas semanas na ilha caribenha do comunista Fidel
Castro, a convite do ditador.
Ao se despedir de
Heráclito, Collor voltou a ofender o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, com o mesmo palavrão que já havia disparado da tribuna do Senado e
afirmou que gostaria sair em defesa do parlamentar. "Deixe-me fazer sua
defesa, você tem minha absoluta solidariedade, toda solidariedade, contra esse
filho da p#%@ do Janot", disse abraçado ao anfitrião para surpresa de
jornalistas, deputados e convidados. "Filho da p#%@ porque a mãe dele é
uma p#%@. Falo isso aqui porque já falei no Senado", justificou.
Deputados debatiam
o cenário da política - os temas mais recorrentes da noite eram as ameaças da
Operação Lava Jato ao governo interino e o desempenho de Temer e os sinais da
economia e os próximos passos de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente afastado
da Câmara, que podem precipitar uma eleição. Estavam na festa os ministros das
Cidades, Bruno Araújo (PSDB), e o da
Defesa, Raul Jungmann (PPS), além
dos deputados Antonio Imbassahy (BA), líder do PSDB, Rogério Rosso (DF), líder
do PSD, Benito Gama (PTB-BA), Danilo Forte (PSB-CE), Nilson Leitão (PSDB-MT) e
Hugo Leal (PSB-RJ), entre outros. Do Palácio do Planalto, foram apenas
assessores diretos dos ministros peemedebitas da Casa Civil, Eliseu Padilha, e
da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. "Fiquei catorze anos sem
pisar lá, mas fui essa semana conversar com Michel depois da delação",
disse Heráclito. Ele defendeu o presidente interino, também acusado por Machado
de pedir 1,5 milhão de reais propina como doação eleitoral a um aliado, em
2012. "Essa conversa não faz o estilo dele."
Heráclito estava vestido
de camisa social e um colete verde xadrez, para entrar no clima da festa, mas
logo colocou um casaco bege por cima, para aplacar o frio. As rodas de conversa
eram regadas a goles do vinho português Confidencial, regional de Lisboa, chope
artesanal Colorado servido em um food truck, quentão e whisky Red Label. Três
grupos se revezaram num palco ao som de ritmos nordestinos, como forró e axé, e
do sertanejo, uma das preferências nas baladas da capital federal. Para comer,
não faltou opção: espetinhos de carne, frango, queijos coalho ou provolone e
salsichão, arroz de capote ou carreteiro, paçoca nordestina, cachorro quente,
pastel e batata frita, doces de milho, como pamonha e cural, churros de doce de
leite ou chocolate, canjica, diversos bolos de chocolate, bolo de rolo e
docinhos feitos com paçoca - parte deles encomendados do Piauí e de Pernambuco.
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