Decisão paralisa
processos até que STF determine quem vai julgar ações.
Jornalistas são alvos de ações após divulgar remuneração de juízes.
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal,
suspendeu as ações movidas por juízes e promotores do Paraná contra o jornal
Gazeta do Povo e cinco funcionários.
A decisão
paralisa todos os processos até que o Supremo determine quem vai julgar as
ações: se o próprio STF ou a Justiça do Paraná. A ministra Rosa Weber já tinha
negado uma reclamação feita pela Gazeta do Povo, mas reconsiderou o caso depois
de uma sentença desfavorável ao jornal.
Os processos começaram
quando a Gazeta do Povo publicou uma série de reportagens, com base em dados
oficiais e públicos, que mostraram quanto os juízes e promotores do Paraná
receberam no ano passado.
Ao todo, são 42
ações de indenização, a maioria movida por juízes, que corriam em 19 cidades do
Paraná. Desde abril, cinco profissionais do jornal Gazeta do Povo tiveram que
viajar mais de 9 mil quilômetros, para responder a ações praticamente idênticas
em 26 audiências.
Sem saber que
estava sendo gravado, um juiz afirmou, numa dessas audiências, que os
jornalistas ainda teriam um longo caminho para responder às acusações. “E
depois dessa muitas outras virão, né. São 700 juízes preparando a ação. Vão
conhecer todas as comarcas, todos os juízes. Alguns juízes nos mobilizamos, montamos
um grupo e estamos chamando outros”, disse.
A ministra Rosa
Weber afirmou que considerando o grande número de demandas e o teor da
gravação, não se pode afastar o risco de dano do pleno exercício do direito de
defesa do jornal e dos profissionais. E acrescentou que "a liberdade de
expressão do pensamento compreende não apenas os direitos de informar e ser
informado, mas também os direitos de ter e emitir opiniões e fazer
críticas".
Na semana
passada, a ministra do STF Carmem Lúcia falou sobre o caso. Ela disse que os
magistrados são parte interessada e por isso não podem julgar as ações.
A Associação
Brasileira de Imprensa declarou que a mordaça através da toga é inaceitável em
um regime democrático. E que, como guardião da constituição, a decisão do
Supremo restabelece a liberdade de imprensa e o livre acesso à informação que,
para a ABI foram ofendidos pelos autores dos processos contra a Gazeta do Povo.
A Associação
Paranaense do Ministério Público voltou a afirmar que as ações não representam
em hipótese alguma tentativa de ferir o direito de informação nem buscam atacar
a liberdade de imprensa.
A Associação
dos Magistrados do Paraná declarou que todo o cidadão tem direito de acesso à
Justiça e que a parte insatisfeita pode apresentar inúmeros recursos previstos
em lei.
Com a decisão
do Supremo, os profissionais do jornal não precisam mais ir às audiências que
estavam marcadas e os prazos dos processos param de correr. A condenação
sofrida por eles também foi suspensa. Não existe prazo para que o plenário do
Supremo decida quem vai julgar as ações.
A Associação
Nacional dos Jornais, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo ressaltaram a importância
da decisão da ministra Rosa Weber para a liberdade de imprensa.
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