
Momento de Mestre Antônio Alves em Família

Carteira de Trabalho de Mestre Antônio Alves. Ele trabalhou muito tempo nas obras iniciais do Hospital Santa Maria
Momento de Mestre Antônio Alves em Família

Momento de Mestre Antônio Alves em Família


Momento de Mestre Antônio Alves em Família.


Momento de Mestre Antônio Alves em Família
Momento de Mestre Antônio Alves em Família
Minha homenagem a Mestre Antônio Alves (meu pai).
Algumas profissões especializadas eram exercidas pelos conhecidos Mestres. Resquícios das corporações medievais. Com eles trabalhavam os aprendizes.
Mestre JÚLIO,
Pescador, cearense de Barbalha. Veio para são Gonçalo no tempo da guerra do
Juazeiro. Era pedreiro. Seus serviços não eram lá essas coisas, mas construiu
muitas casas. Alto, magro, desengonçado, barba sempre por fazer, era brincalhão
e gozador irreverente. Tinha sempre uma história para contar e o fazia com
graça e ironia. Um cigarro de palha apagado, no canto da boca ou detrás da
orelha. Suas cusparadas eram escandalosas, tanto quanto suas gargalhadas.
Mestre MIGUEL,
também pedreiro, menos famoso do que Mestre Júlio, mais caprichoso, porém.
Mestre CARLOS, piauiense
de Simões. Carpinteiro e marceneiro. Fez todos os caixões (grandes depósitos de
madeira, construídos dentro dos armazéns) de farinha de Araripina, os bancos da
Igreja e era quem fazia os caixões de defunto, na hora que precisasse. Cadeiras de missa, bancas de escola,
balcões de bodega, palmatórias, tudo era com Mestre Carlos.
Mestre HELVÍDIO,
ferreiro. Reservado, nunca saia à rua. Vivia para o seu fole e a sua bigorna. Deixou
a profissão para seu filho Alberto, o famoso Alberto de Mestre Helvídio, que
tinha um jumento chamado “José”, que fugiu com os boiadeiros e que comandava as
presepadas nas noites de festas.
Mestre ANANIAS, de
Santa Cruz, município de Ouricuri. Carpinteiro. Pe. Luiz lhe encomendava umas
varas de dois metros, para a cerca de seu quintal. Quando o Mestre lhe trouxe a
encomenda, o Padre reclamou que as varas estavam curtas – Mas Padre, todas têm
dois metros. – Estão curtas, compadre. Estão curtas, compadre. – Como assim,
Padre? – Curtas, assim.. e fez o gesto unindo a ponta do polegar à do
indicador. O Mestre entendeu que o Padre queria dizer que as varas eram finas.
Mestre CÍCERO,
natural de Veneza do Município de Parnamirim. Sapateiro. Bigodão, baixo, gordo
e brigão com os filhos e com os meninos da rua. Ensinou a profissão aos filhos,
Tesin, Honorato, Deoclides e João Preguinho, todos, hoje, prósperos
comerciantes do ramo de sapatos.
Mestre HORÁCIO,
também sapateiro. Não era de muita brincadeira. Pedro Veras tinha mania de
saudar as pessoas com um “êpa, ladrão”. Mestre Horácio não gostou da
brincadeira e discutiu com Pedro Veras. Surgiu a paródia, com a música de Asa
Branca: “Pedro Veras e Mestre Horácio / Tiveram uma discussão / só por causa do
ditado / de dizer “êpa ladrão/ Mestre Horácio puxou a faca / e Pedro Veras
queimou o chão”.
Mestre VITAL,
cearense, músico. Tomou conta da Banda de Música, quando Seu Álvaro se afastou
da regência.
Apesar de regente da Banda
de Música, por mais de 15 anos, Seu Álvaro Campos nunca foi chamado de Mestre. É
que ele não era profissional. Tinha a sua farmácia, a primeira instalada em São
Gonçalo, em 1930. Ensinava música a quem se interessava pela arte e não cobrava
um tostão. Fundou a Sociedade Musical 25 de Dezembro. Regia a Banda de Música
composta por Zé Bentinho, clarinete; Zé Silva, saxofone; Cícero Pacífico,
piston; Machado, bombardino; Lucas, bombo; Pedro
Bandeira, trombone; Geraldo Lacerda, trombone; Alcides de Leopoldo, caixa;
Xandu, requinta; Joaquim Mãozinha, trompete; Liberato, trombone; Silvestre,
tuba; Antônio Cearense, pratos; Eliomar, clarinete; Zezinho Barbeiro, trompa;
Zé Cordeiro, trombone e Zé Muniz, tubas. Todos aprenderam tocar seus
instrumentos com Seu Álvaro.
5 - AS PARTEIRAS. Quando
a pessoa tinha posse, chamava Dr. Araújo
ou Dr. Sebastião, ou então, levava a mulher para “descansar” no Crato. Mas
a quase totalidade das mulheres davam a luz em casa, com auxílio de respeitadas
parteiras, que recebiam como pagamento a alimentação durante os dias de
assistência e mais uns dez a vinte mil réis.
As parteiras eram chamadas de 5 a 10 dias antes do parto e ficavam outros tantos dias depois do parto. Preparavam as pacientes, com um purgante de óleo de rícino, para limpar o corpo e, durante os trabalhos, a parturiente ficava cheirando cebola ou tomando, de vez em quando, uma nargada de torrada. Um espirro sempre facilitava o trabalho. Não se perdia um menino. Só se tivesse atravessado. Aí, iam a mulher e o menino pro beleléu. A parteira enrolava um pedaço de algodão no pé do umbigo e cortava o cordão com uma tesoura. Colocava uma faixa de pano na barriga da criança e esperava oito dias para cair o umbigo e ser enterrado na porteira do curral. Durante 31 dias, a mulher ficava de resguardo, se alimentando de caldo de carne de galinha, de boi ou de bode, com arroz branco. Não comia comida reimosa.
Os pais ficavam compadre da parteira e os meninos ou meninas com a ajuda delas nascidos, chamavam-na de mãe. Mãe Maria de Horácio (do Barro Vermelho). Mãe Sá Doninha (da Rua do Padre); Mãe Venança (da Lagoinha); Mãe Leocádia (do Inácio – a minha); Mãe Ursulina (do Barro Vermelho); Mãe Aninha de Enoque (da Olaria); Mãe Cecília (do Sahuén).
Perpétuo nesse registro, como singela homenagem de um de seus filhos, o nome dessas venerandas mulheres
Do Livro – Araripina, História, Fatos & Reminiscências
Autor: Francisco Muniz Arraes
Blog do Paixão