DEUTSCHE WELLE
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m torno
de 50 milhões de indivíduos estão submetidos a situações análogas à escravidão
por meio de trabalhos e casamentos forçados, segundo relatório promovido e
divulgado pela Organização das Nações Unidas e a Fundação Walk Free nesta
segunda-feira (12/09). Isso significa que, em média, praticamente um a cada 150
habitantes de todo o mundo sofre com esses crimes.
Até 2030,
a ONU pretende erradicar todos os tipos de escravidão moderna. Segundo o
estudo, no entanto, o número de atingidos aumentou significativamente nos
últimos anos: entre 2016 e 2021, o número de casos cresceu quase 10 milhões.
“É
chocante que a situação da escravidão moderna não esteja melhorando. Nada pode
justificar a continuidade desse abuso de direitos humanos fundamentais”, diz
Guy Ryder, chefe da Organização Internacional para o Trabalho (ILO), uma das
agências da ONU que atuou no estudo, em conjunto com a Organização
Internacional para as Migrações (IOM).
De acordo
com o levantamento, a pandemia de covid-19 e a resultante crise sanitária
global é uma das razões que impulsionaram o crescimento da escravidão moderna,
ao pioraras condições de trabalho e elevar as dívidas de muitos trabalhadores.
Outros
motivos são as mudanças climáticas e os conflitos armados, que igualmente
provocaram “uma disrupção sem precedentes para o emprego e a educação, aumentando
a pobreza extrema e a migração arriscada e forçada”, cita o relatório.
Os dados
apontam que trabalhadores migrantes têm três vezes mais chances de se
envolverem com trabalhos forçados do que os que não precisam migrar. “Este
relatório destaca a urgência de garantir que toda migração seja segura,
ordenada e regulamentada”, afirmou António Vitorino, que comanda a OIM.
O estudo
também indica que 14% dos escravos modernos estariam realizando trabalhos
forçados impostos por autoridades. Dois exemplos são o trabalho prisional
obrigatório em países como os Estados Unidos e os campos para os quais o regime
chinês teria deslocado minorias, como na região de Xinjiang.
Mulheres
e crianças, Copa do Mundo
A ONU
destaca que a escravidão moderna está presente em todos os países, com mais da
metade dos casos de trabalhos forçados e um quarto dos casamentos forçados
registrados em países de renda média alta ou muito alta.
As
estatísticas mostram que as mulheres e as crianças estão ainda mais
vulneráveis: a ONU estima que o número de adultas ou meninas forçadas a se
casarem cresceu 6,6 milhões desde 2016. De um total de 3,3 milhões de crianças,
pelo menos a metade estaria sofrendo exploração sexual.
O
relatório também menciona o Catar, sede da Copa do Mundo 2022, marcada para
novembro e dezembro. O país tem sido acusado de violar de direitos
trabalhistas, principalmente de migrantes que atuaram nas construções de
estádios e outras áreas destinadas ao evento.
A ONU
enfatiza, por outro lado, que houve um “significativo progresso” nas condições
de vida e de trabalho para centenas de milhares de migrantes no país,
principalmente depois que a ILO abriu um escritório na capital Doha. Ainda
assim, a implementação de novas leis trabalhistas está sendo problemática.
Na última
quinta-feira, o diretor executivo da Copa do Mundo 2022, Nasser Al Khater,
afirmou que, em relação ao evento, o Catar estaria sofrendo numerosas críticas
não baseadas em fatos, e que teria respondido a toda e qualquer crítica justa.
gb (AFP, Reuters, DPA)
Blog do Paixão