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iferentemente
do que muitos podem pensar, o transtorno mental infantil é mais comum do que se
imagina. Isso porque, de acordo com a UNIFEC, metade dos transtornos mentais
são desenvolvidos antes dos 15 anos. Sintomas como tristeza, ansiedade,
mudanças no humor, na alimentação e baixa autoestima podem ser indicativos de
que algo não vai bem. Por isso, o mês do Setembro Amarelo, campanha que volta
as atenções para a prevenção ao suicídio, também deve servir como um alerta
para a saúde mental de crianças e jovens.
“Casos de
tentativa de suicídio a partir dos 10 anos de idade cresceram bastante. São
vários os fatores, inclusive genéticos, mas muitos acontecem por motivos como o
bullying, porque crianças e adolescentes tentam se adequar aos padrões sociais
ou por questões de adoecimentos psíquico, como ansiedade e depressão. Nesses
últimos casos, se ignorados pela família, o jovem acaba não tendo acesso a
ajuda de um especialista e pode vir a cometer alguma tentativa em momento
extremo”, afirma o psicólogo da Clínica SESI Saúde, Ítalo Porto, complementando
que cerca de 90% de tentativas de suicídio poderiam ser evitadas.
Além dos fatores
genéticos, o psicólogo elenca alguns outros fatores que podem desenvolver
transtornos mentais em crianças e adolescentes, como o acesso cada vez mais
cedo ao consumo de álcool e às telas. “Os jovens acessam redes sociais e sites
e acabam se relacionando com pessoas que estão na mesma situação e que,
porventura, podem acabar ensinando como cometer suicídio, por exemplo. Além
disso, é preciso estar atento a desenhos animados que se caracterizam como algo
infantil, mas podem ser inapropriados”, aconselha.
Entre os sintomas
que podem ser identificados, o psicólogo destaca mudança de humor, mudança na
alimentação - seja para comer mais ou menos -, isolamento social, agressividade
ou passividade ao extremo, perda de interesse por atividades que sempre foram
prazerosas e afastamento emocional de pessoas próximas. “Mas o principal é o
que a criança ou adolescente vem comunicando diretamente, a começar por um
simples “estou triste porque meu colega não quis brincar comigo”. Nesses casos,
se um adulto diz “isso é besteira”, ele está deslegitimando o sentimento da
criança ou do adolescente, que se sente desamparado”, alerta.
Por isso, para
cuidar do quadro de transtorno mental, o especialista sugere que a primeira
coisa a ser feita seja se aproximar da criança ou do adolescente e não ignorar
os sentimentos deles. “A primeira coisa é não deslegitimar o que o jovem está
sentindo. E, identificando os sintomas, encaminhar para um profissional da
área, como psicólogo ou psiquiatra, sem tentar medicar a criança sozinho”,
adverte, complementando que exercícios físicos e atividades prazerosas que
envolvam pessoas com quem elas possam trocar experiências reais também podem
ajudar.
Blog do Paixão