Família de Claudia Silva disse que soldado não aceitava fim do relacionamento. Após matar esposa, Guilherme foi a batalhão, no Recife, e atirou em colegas.
Por Danilo Cesar e Priscilla Aguiar, TV Globo
e g1 PE
Imagem de arquivo de Claudia Gleice da Silva, de 33 anos, assassinada
por PM — Foto: Reprodução/WhatsApp
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rávida de três meses, Claudia Gleice da
Silva, de 33 anos, morta pelo soldado da Polícia
Militar Guilherme Barros, 27, dormia quando foi surpreendida
pelo companheiro, em um quarto da casa da mãe dela. Segundo parentes da vítima,
havia problemas no relacionamento. O crime aconteceu na terça (20), no Cabo de Santo Agostinho,
no Grande Recife.
"Claudia descrevia um relacionamento
abusivo com o militar, que era muito ciumento", afirmou uma prima da
vítima que estava na casa ao lado no momento do crime, mas preferiu não ser
identificada.
Após o feminicídio, no bairro Malaquias, Guilherme obrigou um motorista a levá-lo para a sede do 19º Batalhão, na Zona Sul da capital. No local, ele deu vários tiros em colegas. Dois morreram e dois ficaram feridos. Depois, o PM se matou.
Entrevistada pela TV Globo nesta quarta (21), a mulher disse que a mãe da vítima estava tentando entrar na casa quando o crime aconteceu, mas que o imóvel estava trancado.
"Aí a gente arrombou a porta e tentou socorrer ela. Ele colocou a arma na bolsa e saiu dizendo ao pessoal que mataram uma mulher", declarou.
Pessoas ligadas às investigações que estiveram no local do crime afirmaram que Cláudia foi atingida por sete tiros.
No entanto, a Polícia Civil e a Polícia Científica não deram
informações sobre as perícias realizadas no corpo da vítima e no local do
crime.
Os familiares levaram Cláudia ainda com vida
para a Unidade de Pronto Atendimento do Cabo de Santo Agostinho. Na unidade de
saúde, ela sofreu duas paradas cardíacas, não resistiu aos ferimentos e morreu
às 11h21.
"Era muito apegada à
família. Era tanto que ela ligou para mim e disse 'ele pode tirar a minha vida,
mas a vida da minha mãe e do meu irmão, não'. Uma menina muito boa",
afirmou a mulher.
Também nesta quarta, o governador de
Pernambuco, Paulo Câmara, decretou luto oficial de três dias em memória de
Cláudia Gleice da Silva e dos policiais militares Wagner Souza e Aline Maria
Lopes, vítimas de Guilherme Barros. "Minha solidariedade aos parentes e
amigos nesse momento de dor", disse, por nota.
Relacionamento abusivo e
agressões
A mulher afirmou que o relacionamento ia bem
até os dois irem morar juntos, há aproximadamente um mês, em uma casa perto do
local onde ocorreu o crime.
"Ela relatou para a gente que o namoro
estava normal. A partir do momento que ela inventou de morar com ele, começou o
inferno na vida dela. Ela ligou na segunda (19) em desespero e pedindo socorro,
dizendo que não aguentava mais, que ele estava espancando, colocando arma na
cabeça dela e que não iria voltar para casa de jeito nenhum", afirmou a
familiar de Claudia.
A parente também disse que Cláudia e
Guilherme se conheceram no local onde ela trabalhava, dando informações para
passageiros de ônibus.
"Uma amiga dela contou para a gente que,
quando ela estava dando informação para homens e ele via, pegava ela pelo braço
e saia arrastando", disse.
Investigações
A morte de Claudia Gleice da Silva, no Cabo
de Santo Agostinho, foi registrada como feminicídio pela Força Tarefa de
Homicídios. A Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) disse que as investigações
serão conduzidas pela 14ª Delegacia de Polícia de Homicídios.
Os crimes que ocorreram na sede do 19º BPM
serão apurados por meio de Inquérito Policial Militar, enquanto o assassinato
da esposa do soldado Guilherme será apurado pela Polícia Civil.
Blog do Paixão