Familiares reclamam da falta de estrutura para quem espera por informações sobre o estado de saúde dos pacientes.
Por Camila Torres, TV Globo
Parentes de pessoas internadas no Hospital da Restauração usam garrafa plástica cortada para tomar banho com água da descarga — Foto: Reprodução/TV Globo
Parentes de pessoas internadas no Hospital da Restauração (HR), na área central do Recife, se queixam frequentemente da dificuldade em conseguir informações sobre o estado de saúde do familiar (veja vídeo acima).
Dependendo da ala em que o paciente está internado, não é possível ter acompanhante dentro do prédio. Como muitas dessas famílias moram em outras cidades ou não têm dinheiro para pagar o transporte para ir e voltar, acabam dormindo na frente da entrada da maior emergência do estado.
Algumas pessoas têm colchão, outras deitam em cima de lençóis. O banheiro da recepção do Hospital da Restauração não tem torneira, nem papel higiênico, nem chuveiro.
A diarista Maria Aparecida da Conceição veio de Palmares, na Zona da Mata Sul. O filho dela está internado sem previsão de alta desde o dia 20 de abril.
Para tomar banho, a diarista conta com a "sorte" de o segurança deixar entrar para usar o banheiro que tem chuveiro. Quando o vigilante do plantão não deixa, ela usa uma garrafa plástica cortada ao meio e toma banho com água da descarga.
"Eu vou na descarga do banheiro, espremo, aí a água saí. A gente fica tomando banho de cuia", disse a diarista.
"Eu quero ir com meu filho, bom, para casa. Minha filha ligou 'mainha, venha para cá no Dia das Mães'. Eu disse não. Pode ter a festa melhor em Palmares, mas eu quero ficar aqui", disse Maria Aparecida.
Os acompanhantes também não têm acesso a tomadas para carregar a bateria do celular e precisam controlar o tempo de acesso ao aparelho para não descarregar. Ao lado do hospital, comerciantes cobram R$ 3 por hora pelo uso de uma tomada de energia elétrica.
Para quem não tem direito a acompanhante, as visitas acontecem duas vezes por dia, por 30 minutos. Durante o resto do dia e da noite, os parentes ficam na expectativa de que os funcionários possam trazer alguma notícia sobre o estado de saúde de quem está internado.
Quando a reportagem esteve no HR, a dona de casa Luzinere Rodrigues da Silva estava esperando notícias do marido. Ele passou por cirurgia na manhã da quarta-feira (10) e, até a última atualização desta reportagem, Luzinere não havia recebido informações.
"Passei a noite acordada, sentada. Não dormi, estou aqui com sono. Consegui essa cadeira com a vizinha, que me emprestou. Senão seria pior ainda", diz Luzinere.
Os parentes dos pacientes dizem que o serviço de assistência social do hospital não leva nenhuma orientação. A agricultora Lucineide Teles é de Belém de Maria, na Zona da Mata Sul, a 150 km do Recife. Estava do lado de fora do HR esperando informação do pai, internado há 17 dias.
"É o dia todinho aqui na porta. Eu vou para a casa de uma colega minha, durmo e quando é de manhãzinha, chego aqui. Qualquer notícia eu estou por perto", afirmou a agricultora.
O que diz o Hospital da Restauração
🏥 O Hospital da Restauração afirmou que o serviço social funciona 24 horas por dia, acolhendo os parentes dos pacientes que chegam à unidade e orientando sobre horários de visitas do setor onde o paciente está;
🏠 A unidade disse ainda que as casas de apoio são de responsabilidade dos municípios de origem dos pacientes;
🚿 Sobre o banheiro da recepção, o HR afirmou que "torneiras e as tampas dos vasos sanitários, assim como as tomadas elétricas externas, foram retiradas por causa do mau uso dos ambientes";
🩺 Sobre os atendimentos, informou que "todos os pacientes internados recebem assistência multiprofissional e os procedimentos adotados pelas equipes de assistência são definidos de acordo com o quadro de saúde da pessoa"
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Blog do Paixão