Texto e fotos de: Francisco Rocha Osvaldo Alves
No exato momento em que recebíamos as primeiras informações sobre Miguel de Lira, curioso valente personagem de um difícil trabalho jornalístico da equipe de repórteres de “REGIÃO”, acudiu-nos à mente a possibilidade de termos de enfrentar alguns perigos para o cumprimento satisfatório dessa missão. Isso verão os senhores pela leitura da reportagem que, para muitos, poderia ter custado a própria vida de seus autores.
Não negamos o pavor em certos momentos se apoderou de todos nós, sempre que nos aproximávamos do bucólico casebre, onde, preso como uma fera no seu redil, acuado por circunstâncias que vamos narrar, Miguel de Lira recebeu os repórteres desta revista. Não consideramos empreendida aventura que nos possa encher de heroísmo ou de valentia diante do perigo. Para nós, dois fatos nos tornaram compensados pelo duro trabalho realizado: o cumprimento de uma missão jornalística e a oportunidade, esta sim, para nós humana e cheia de grandeza, de poder concorrer para a cessação das hostilidades entre um agricultor desesperado e muitos pais de família pertencentes a disciplinada política pernambucana, que no cumprimento do dever, são levados a participar dos sangrentos episódios que se veem desenrolando nos adustos sertões do oeste pernambucano. Drama terrível para uma comunidade inteira, dominada pela aflição e pelas tensões envolventes, é como se pode qualificar a atuação ali vigente.
A oportunidade a que desejamos aproveitar, como resultante principal deste trabalho jornalístico, é dirigir um apelo a eminente Governador de Pernambuco, Dr. Eraldo Gueiros, um dos grandes amigos de REGIÃO, pois, já o provou em duas memoráveis ocasiões. Sua palavra de autoridade e de amigo dos Sertões, pode fazer cessar as hostilidade poupando a vida, não somente a de Miguel de Lira, mas a de policiais que, nos choques que poderão ocorrer, como os anteriores, venham a ser vítimas da violência de episódios sangrentos fatais.
Admitimos, também, que o caso Miguel de Lira não teria assumido as proporções a que chegou se, na época da intimação, tivesse o mesmo atendido a sua injunção, não obstante reconhecermos, como adiante salientamos, que, na sua ingenuidade cabocla, ele se considerasse certo, nada tendo porque prestar contas ou ser preso.
O papel de REGIÃO não é fazer sensacionalismo. O seu objetivo é do apelo no bom estilo humano e racional para que se chegue a um estudo mais acurado do caso “MIGUEL DE LIRA” e se busque uma solução verdadeiramente honrosa. Por isso, é grande a nossa confiança no ilustre Secretário de Segurança de Pernambuco e na briosa oficialidade do vizinho Estado.
Cremos que, com o esforço dessas nossas autoridades, o caso “MIGUEL DE LIRA” possa encontrar uma solução honrosa e humana para as duas partes. É para isto, exatamente em favor disto que REGIÃO publica a reportagem seguinte.
Revista Região - Fevereiro de 1972
Blog do Paixão