É a 1ª participação do Brasil
no Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss, na sigla
em inglês). Entre jovens de 13 anos, 62% não conhecem formas geométricas
básicas.
Por Luiza Tenente, g1
Estudo internacional mostra que, entre as crianças brasileiras, há defasagem nos conhecimentos básicos de matemática — Foto: Reprodução/Pexels
No Brasil, 51% das
crianças do 4º ano do ensino fundamental não dominam habilidades básicas de
matemática, como fazer tabuada, interpretar gráficos simples ou somar
e subtrair números de três algarismos (200 - 150 ou 300 + 120, por exemplo).
Elas sequer alcançam o nível de conhecimento considerado "baixo".
➡️É o que mostram os resultados
do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss, em
inglês), divulgados nesta quarta-feira (4) pela Associação Internacional para a
Avaliação do Desempenho Educacional (IEA). As provas são aplicadas a cada 4
anos, desde 1995 — mas esta é a primeira participação brasileira no
exame.
📉Na escala do Timss,
a média do Brasil em matemática, entre os alunos de 9 anos, foi de 400 pontos,
à frente apenas de três dos 64 países participantes: Marrocos, Kuwait e África
do Sul. Em comparação ao resultado geral das demais nações nessa etapa (503 pontos), é
como se estivéssemos três anos escolares atrás delas.
“São crianças de 9 anos: é muito
cedo para estarmos tão atrasados. Nosso desempenho ficou próximo ao de países
africanos com PIB menor do que o nosso”, afirma Ernesto Martins Faria,
especialista em avaliação de políticas públicas educacionais e diretor-executivo
do Iede.
👎Entre os participantes
brasileiros do 4º ano, os 5% que tiveram pior rendimento atingiram, no máximo,
259 pontos. “Isso significa que eles basicamente não reagiram à prova.
Não sabiam responder, porque era muito difícil para eles”, explica Faria.
Ele ressalta que o nível de dificuldade do Timss é superior ao da principal prova brasileira para crianças dessa idade — o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), no qual nosso desempenho já é preocupante.
“Precisamos subir a régua. A nossa está muito baixa, e as redes de ensino costumam se guiar pelo que é cobrado nessas avaliações. O ideal seria ter uma mistura nacional entre o básico, que já é medido pelo Saeb, e o mais complexo, exigido pelo Timms.”
🟨No 8º ano, 62% não sabem
calcular o lado de um quadrado
O Timss também avalia o
conhecimento de alunos do 8º ano (idade média de 13 anos). A tendência é a
mesma já
revelada pelo Pisa, prova internacional que foca na faixa etária dos
15 anos: o Brasil está atrasadíssimo em relação ao que é esperado para
o ensino fundamental II.
Mais de 60% dos jovens daqui não
conseguiram chegar nem ao patamar considerado o mais baixo na escala geral.
Isso significa que eles:
- não sabem lidar com formas básicas (como
círculo e quadrado) e suas representações visuais;
- não entendem relações lineares de proporção;
- não conseguem determinar o lado de um
polígono;
- não são capazes de interpretar informações
em gráficos.
🌎Com média de 378
pontos, o Brasil ficou à frente apenas do Marrocos. Foi ultrapassado
por nações como Irã, Uzbequistão, Chile, Malásia, Arábia Saudita, África do Sul
e Jordânia.
Entre os 5% de brasileiros com
pior nota, o rendimento mais alto foi de 243 pontos. São casos em que os jovens
basicamente não souberam responder a nada.
👩🔬E em ciências?
O desempenho dos brasileiros em
ciências, apesar de insatisfatório, foi melhor do que em matemática.
- 4º ano: 39% não dominam conhecimentos
básicos, como saber informações simples sobre plantas, animais e meio
ambiente. O rendimento médio foi de 425 pontos, entre o patamar baixo
e o intermediário.
- 8º ano: 42% não conseguiram responder a
perguntas sobre células, tecidos e órgãos, e também não souberam
distinguir uma reação química de uma física. Afirmações como “o sol
provê luz e calor” ou “há sal no oceano” não são conhecidas por
eles. Na média geral, o Brasil alcançou 420 pontos, também entre os
níveis baixo e intermediário.
Blog do Paixão