Jordélia Pereira Barbosa
viajou de ônibus por mais de seis horas entre as cidades de Santa Inês e
Imperatriz. Suspeita de envenenar três pessoas de uma mesma família teve a
prisão preventiva decretada na sexta-feira (18).
Por Rafaelle Fróes, g1
MA — São Luís, MA
Jordélia Matos Araújo, de 36 anos, foi presa na cidade de Santa Inês, na região do Médio Mearim. — Foto: Divulgação/Redes sociais
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Jordélia Pereira Barbosa,
35 anos, presa
suspeita de envenenar um ovo de Páscoa e enviar a uma família no Maranhão, viajou
384 km entre duas cidades e fez falsa degustação de trufas de chocolate horas
antes do crime. Ela saiu de Santa
Inês, no Vale do Pindaré, para Imperatriz,
cidade no sudoeste do estado, onde se hospedou
usando crachá falso.
A viagem foi feita em um
ônibus interestadual que liga os dois municípios. Ela saiu de Santa Inês,
por volta de 0h30 da madrugada de quarta-feira (16) e chegou em Imperatriz no
mesmo dia, pela manhã.
Segundo a Polícia Civil, após
pedir para um motoboy entregar o ovo de Páscoa para a vítima, ainda na
noite de quarta-feira, Jordélia retornou para Santa Inês por volta das 2h30 de
quinta-feira (17).
Três pessoas de uma mesma
família comeram o ovo de Páscoa. Um
menino de 7 anos morreu, na quinta-feira (17), a
mãe e a irmã dele estão internadas em estado grave. A polícia realiza
perícias para saber se havia veneno no chocolate e determinar qual a causa da
morte da criança.
Jordélia é ex-companheira do
atual namorado de Mirian Lira, uma das vítimas. Ela
foi presa em Santa Inês por suspeita de envenenar a família e, em
depoimento, confessou ter comprado o chocolate mas negou ter colocado veneno no
produto. Ela teve a prisão preventiva decretada nesta sexta-feira (18) e
deve ser transferida para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís.
De acordo com as
investigações, o
crime teria sido motivado por ciúmes e vingança, já que uma das vítimas
é a atual namorada do ex-namorado de Jordélia. O g1 não
conseguiu localizar a defesa da suspeita até a publicação desta reportagem.
Nome falso em hotel
Jordélia Pereira se passou por
uma mulher trans e fez a reserva em um hotel de Imperatriz. Com o nome
falso de Gabrielle Barcelli, ela apresentou crachás falsos e um
deles era de uma suposta empresa de gastronomia na qual ela supostamente
trabalhava.
Para não apresentar um documento
de identificação, ela alegou para à direção do hotel que estava passando
por um processo de regularização dos documentos como mulher trans e, por
isso, não poderia apresentar eles.
Jordélia Pereira usou identidade falsa para tentar fazer reserva em hotel de Imperatriz (MA) — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Degustação
Após chegar em Imperatriz, a
suspeita chegou a fazer um serviço falso de degustação de trufas de chocolate
em uma área próxima onde trabalhava Mirian Lira, uma das vítimas.
Segundo a Polícia Civil, ela
ainda apresentou alguns bilhetes supostamente falsos que seriam de pessoas que
haviam comido os chocolates. Em um deles, havia escrito a mensagem "uma
sensação incrível, uma explosão de sabor".
Jordélia também forjou supostos bilhetes que seriam de pessoas que haviam comprado suas trufas — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Suspeita foi flagrada
comprando chocolate
Por volta das 15h, de
quarta-feira (16), Jordélia Pereira foi disfarçada em uma loja de chocolates de
Imperatriz onde comprou um ovo de Páscoa. Imagens
de câmeras de segurança do estabelecimento mostram ela disfarçada, usando
óculos e uma peruca preta, comprando o produto. Durante a noite, o ovo
de Páscoa foi enviado para a casa da vítima.
Ainda na quarta-feira (16), por
volta das 23h50, a suspeita foi flagrada por câmeras de segurança do hotel
onde estava hospedada. Nas imagens, ela aparece deitada em um sofá onde mexe no
celular por alguns minutos.
Imagens de câmera de segurança mostram Jordélia Pereira Barbosa em um hotel de Imperatriz — Foto: Reprodução
De acordo com a Polícia Civil,
por volta de 2h30 de quinta-feira (17), Jordélia pegou um outro ônibus
intermunicipal com destino para Santa Inês. Ela
foi interceptada e presa pelos policiais assim que desceu do ônibus ao chegar
no município.
Segundo o delegado Ederson
Martins, agente operacional da Polícia Civil, todos os indícios do caso levam a
crer que o crime foi premeditado com detalhes e com antecedência.
Investigações
Análises
de imagens de câmeras de segurança, comprovantes de compras e depoimentos de
familiares e pessoas ligadas às vítimas ajudaram a Polícia Civil
do Maranhão (PCMA) a resolver um quebra-cabeça e chegar até a suspeita.
Ao ser presa em Santa Inês, a
polícia encontrou com Jordélia Pereira com duas perucas, restos de chocolate em
bolsas térmicas e um bilhete de ônibus. As provas foram anexadas no inquérito e
são indícios da participação dela no caso.
Material apreendido com Jordélia Pereira Barbosa, 35 anos, suspeita de envenenar família com ovo de Páscoa no Maranhão. — Foto: Divulgação/Polícia Civil do Maranhão
De acordo com Manoel Almeida,
delegado-geral da Polícia Civil do Maranhão, todos os indícios e provas
reunidas pelos investigadores apontam Jordélia Pereira Barbosa como suspeita de
ter envenenado a família.
'"A gente pode dizer, com o que já colhemos até agora, que temos elementos suficientes para apontar essa autoria para essa pessoa que foi presa. Agora a gente vai esclarecer os detalhes. Que veneno foi esse, o tipo, isso a perícia vai apontar, para que possamos robustecer a nossa investigação e apresentá-la ao Judiciário'" afirmou o delegado-geral.
As amostras dos ovos de Páscoa
foram coletadas e encaminhadas para análise no Instituto de Criminalística. O
laudo deve ficar pronto em 10 dias. Além disso, já foi solicitada à perícia a
coleta de sangue das vítimas para identificar se há algum tipo de veneno, bem
como foi pedida a análise dos produtos encontrados com a suspeita.
Entenda o caso
Mãe e irmã de menino de 7 anos que morreu após comer ovo de Páscoa no MA estão entubadas — Foto: Reprodução/TV Mirante
A família recebeu o ovo de Páscoa
na noite desta quarta-feira (16), por meio de um motoboy, como se fosse um
presente. Com o ovo havia um bilhete com a mensagem: "Com amor, para
Mirian Lira. Feliz Páscoa". Três pessoas da mesma família comeram o
ovo de chocolate.
Após ter recebido o doce, Mirian
recebeu a ligação de uma mulher, não identificada, que questionou se ela havia
recebido o ovo de Páscoa. A vítima atendeu a ligação, chegou a
perguntar quem falava ao telefone, mas a mulher não respondeu.
Luís Fernando, de 7 anos,
filho de Mirian, foi o primeiro a começar a passar mal. O pai da criança e
ex-marido de Miriam, foi chamado e a família levou a criança para o Hospital
Municipal de Imperatriz (HMI). A criança chegou a ser entubada, mas não
resistiu e morreu horas após ter sido internada.
Já Mirian só começou a apresentar
sintomas de envenenamento quando estava no hospital, logo após o filho ter sido
entubado. As mãos da vítima começaram a ficar roxas e ela começou a sentir
dificuldade de respirar. Ela foi internada na UTI do Hospital Municipal de
Imperatriz.
Logo após Mirian começar a passar
mal, a filha dela, Evelyn Fernanda Rocha Silva, de 13 anos, também
deu entrada no hospital com os mesmos sintomas. A menina também havia comido o
ovo de Páscoa.
Blog do Paixão